CAP 4
Acordo meio desnorteada devido ao estranho sonho repetitivo que há semanas estou tendo, mas ignoro qualquer sensação estranha e me levanto da cama aos pulos, inspirada pela minha maravilhosa (e talvez destemida até demais) ideia de ser realmente a soldada perfeita. Desespero e ansiedade, esses são os únicos sentimentos que me consomem por completo, já no início desta manhã fria.
-ACORDEM SEUS PREGUIÇOSOS! - sim, eu sou meio exagerada, mas até uma garota supostamente fraca como eu tem horários- JÁ SÃO QUASE MEIO DIA!!
Eu adoro acordá-los assim, devido as incríveis reações que expressam. Como por exemplo, a do M4A1, ele normalmente bate a cabeça na beliche de cima, mas hoje foi diferente, ele teve a incrível habilidade de cair da cama enrolado na coberta!
- mas pra quê tudo isso As-50? - ele falou com uma cara extremamente lesada, de tanto dormir
- não está óbvio? -puxo as cobertas dele enquanto falo em um tom sarcástico para irritá-lo- Já está na hora de treinar!
Ar 57 surpreendentemente não se assustou, o que também acabou sendo decepcionante, já que adoro vê-lo abrir os olhos assustado ou bater a cabeça na parede, às vezes até puxando sua trança de cabelos pretos incrivelmente lavados, o que me dá uma incrível sensação de satisfação e vingança, já que quando pequenos, ele costumava puxar meus ainda curtos cabelos cor de mel.
- As-50, você está animada hoje, deve ter dormido bem, certo senhorita insônia?
Esse comentário sarcástico, e por algumas perspectivas, até com ar de desgosto, pertence ao mais velho e mais experiente de nós, o SVD.
-Ha Ha Ha, muito engraçado. Foram apenas algumas noites ok?
Isso não é totalmente verdade. Ele está se referindo à quando eu tive meus supostos ataques de ansiedade, onde eu ficava passando seguidas noites em claro, com a insônia me atormentando.
- Sei... se você está dizendo...
Após algumas risadas e abraços apertados com brincadeiras entre "irmãos", todos nos despimos, e trocamos os pijamas pelas roupas de treinamento, que automaticamente medem nossos batimentos, peso, altura, temperatura e massa muscular, logo, saimos do cômodo que chamamos de quarto, e seguimos ao campo de treinamento. Porém, ao chegar lá, há uma suposta "supresa", anunciada pelo já conhecido por mim, Doutor T:
- Crianças, hoje iremos começar um treinamento novo, com algumas mudanças, por exemplo, uma nova técnica de medição. Iremos demonstrar
Assim que diz essa frase e aponta para uma cabine, ao lado da sala do dia anterior, um soldado ainda não identificado entra nela, e após alguns lasers vermelhos circularem sobre seu corpo lentamente, aparece o número 42.
- esse aparelho ajudará a medirmos seus níveis de habilidades, avaliando-os de zero a cem. - ele diz calmamente direcionando sua fala à um dos meus irmãos- vamos iniciar com o SVD, que tal?
- por mim tudo bem.
Estou bem assustada com esse novo teste, porém parece bem mais simples do que eu fiz ontem, e foi tão fácil para o soldado, que acho que não tenho motivos para preocupações.
Após alguns segundos, os mesmos lasers circulam o corpo do meu irmão mais velho, e o número 23 aparece na pequena tela ao lado da cabine, ele sai orgulhoso, dando passos firmes e diz:
- este é um bom resultado não é?
Doutor T checa alguns papéis e anota alguns números que não entendo, logo, responde:
- sim sim, para apenas 12 anos, 23 é um número bem alto! O próximo... M4A1 por favor.
Meu irmão de consideração entra na máquina sem se preocupar muito com o resultado, após o mesmo procedimento se repetir, aparece o número 16 no mesmo local.
- bem... um pouco abaixo do esperado M4A1, mas considerável, resolveremos depois...
Consigo identifcar um grande "X" feito pelo Doutor T em uma folha, mas não consigo pensar em muita coisa ruim que possa acontecer.
-Ar-57, sua vez.
Meu irmão e melhor amigo entra meio preocupado, passando a mão pela sua trança demonstrando ansiedade, algo que já o vi fazendo outras vezes.
Após os lasers, a tela apresenta o número 19.
-muito bem, Ar-57, resultado esperado para você, agora... As-50, sua vez novamente!
Percebo expressões surpresas pela palavra "novamente" usada pelo Doutor T, mas não me preocupo em explicar, à noite converso sobre isso, me concentro em respirar fundo e entrar na máquina.
Alguns minutos depois dos lasers, saio da máquina e não vejo nenhum número na tela
- mas o que aconteceu? Por que não há nenhum número?
Toco na tela como se algo estivesse errado, e eu pudesse consertar, o que claro, não adianta. Porém um dos cientistas ajudantes da área, chegam perto do chefe, e sussurram algo que não consigo escutar.
-bem... ok, deve ter algo errado... mas não acho que a radiação tenha a ver com isso...
Após uma confirmação do ajudante do Doutor T, ele respira fundo e se direciona à mim:
- As-50, seu nível é mais alto que o esperado, número 29
Ele sorri, como se a nota de uma prova esperada à muito tempo tivesse acabado de sair, eu não entendo como meu nível pode ser maior do que o de meu irmão, mas a palavra "radiação" que saiu da boca do cientista chefe, me deixou cheia de dúvidas. Embora eu saiba que minha "casa" fica ao lado uma usina radioativa, isso nunca me preocupou, porém, isso parece se relacionar ao fato de que meu nível ultrapassou o do SVD.
O lado bom, é que agora eu realmente superei as expectativas.
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▪︎Radioativa▪︎
Ciencia FicciónAs-50 foi levada, assim que nasceu, paro um campo de treinamento e testes científicos, afim de criarem o "soldado perfeito", mas, insatisfeita com o modo em que vive, decide tomar as rédeas do seu destino. Durante os anos em que se dedica à superar...