☆CAPÍTULO 5☆

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CAP 5

Chego à noite em meu dormitório acompanhada de meus irmãos, e assim que entramos, já me fazem mil perguntas:
- As-50, você já tinha feito outro teste antes?
- Bem... não exatamente, mas já fiz algo desse tipo.
SVD sempre começa com perguntas simples quando sabemos que ele fará um interrogatório, isso me preocupa, pois não consigo mentir pra ele.
- Você já conhecia o Doutor T?
- Você fará um interrogatório se eu disser?
- Não - eu sei que isso é mentira, mas ele é meu irmão, não preciso esconder nada dele - apenas responda a pergunta.
Me sento na cama e respiro fundo na tentativa de achar uma repsosta que não gere perguntas.
- ele já veio aqui à noite, enquanto estavam dormindo, e me levou à um outro teste.
E eu falho miseravelmente em tentar não gerar perguntas.
- por que essas caras de surpresa? Ele foi bem gentil comigo.
Meus irmãos ficam desconfiados, e realmente começam um interrogatório.
- Mas o que foi esse teste?
- Quando ele veio aqui?
- Por que apenas levou você?
Ter três irmãos, mais velhos ainda por cima, gera bastantes perguntas.
- Meu Deus, se acalmem! - ajeito meus cabelos enquanto me mexo na cama - primeiramente, esse teste foi pra medir minhas habilidades eu acho.
- Por que você "acha"?
- uma pergunta de cada vez! - começo a ficar irritada com tanta agitação - e ele veio aqui anteontem, enquanto vocês ainda não haviam acordado.
- Vai! Continua a história!
É uma raridade ver o M4A1 interessado em alguma coisa, então a oportunidade de contar alguma coisa é agora.
- Bem, eu não sei exatamente o por quê de o Doutor T apenas me levar, mas o teste foi muito cansativo - digo revirando os olhos enquanto lembro do quão exaustivo foi o processo - eu não gostaria de repeti-lo, o que vocês fizeram foi muito mais simples!
Eles me olham desconfiados, e pegam as roupas no armário para irmos jantar sem dizer uma palavra, o que eu realmente acho estranho.
- Apenas se troque As-50, depois falamos sobre isso.
Eu prefiro assim, pois esse assunto me causa algo estranho, não sei bem o quê. Ele só me incomoda.
Os horários daqui são muito rígidos, se você se atrasar para o treinamento, bem, eu não gostaria de saber o que aconteceria, pois modéstia à parte, eu nunca me atrasei, muito menos meus irmãos (graças a mim, claro).
Chegamos na sala de jantar, e passamos pelos guardas, os grandes rifles que carregam junto à si ainda fazem meus olhos brilharem, honestamente, acho armas de fogo super interessantes.
Me sento em uma cadeira meio desconfortável, que balança junto com meus pensamentos avoados, e começo meu jantar. Olho para a comida, não parece muito apetitosa, mas preciso me alimentar, então ingeri-la é o que posso fazer agora.
Os guardas sempre vigiam o que fazemos, com olhares frios e rostos sem expressão. Me lembro de quando era menor, em minhas tentativas de conversar com eles, recebia apenas leves sorrisos, hoje, nem sequer algum resquício de alegria eles demonstram. Tive que aprender a lidar com a decepção por não receber muita atenção, pelo menos não o quanto uma criança poderia receber.
Na volta para o quarto, passamos por uma corredor diferente, não sei bem o motivo, e nem posso discutir.
Nesse corredor, há várias salas con vidros meio escurecidos, por trás de cada um, uma experiência nova.
Na sala X, consigo perceber um ser humano ingerindo várias cápsulas, uma atrás da outra, com um conteúdo indecifrável. No momento em que uma delas entram em contato com seu corpo, suas orelhas crescem, sua pele muda, e eu só consigo manter meu olhar horrorizado. Não faço ideia do que seja. Só não quero servir de experiência também.
Continuamos o caminho, na próxima sala, vejo um robô sendo comandado por um cientista com um capacete estranho, cheio de fios expostos, e seus olhos, estavam sem vida, como se sua mente estivesse dentro do corpo daquele ser de ferro, que corre e pula rápido, se desviando de balas de armas, e fazendo coisas impossíveis. Me pareceu interessante. Até o capacete explodir, e o robô cair no chão, se quebrando em pedaços.
Desvio o olhar assim que escuto a explosão, meu irmão mais velho percebe minha aflição, pois coloca seus braços morenos em volta de minha pele pálida, passando um pouco de seu calor e consolo, o que me relaxa, e me faz afastar temporariamente a imagem do capacete explodindo, e levando junto a cabeça e os olhos sem vida do cientista.

~

Chegamos ao fim do corredor, e entramos, seguidos dos militares, para ver o Doutor T. Ele está atrás de uma mesa, coberta com um pano preto, e lança um olhar significativo até demais para um guarda, que sorri, e puxa M4A1 sem um pingo de delicadeza, o arrastando para fora da sala. O olhar assustado do meu irmão, faz eu me soltar dos braços quentes do SVD, e dar alguns passos em direção da saída do cômodo, logo impedida por braços fortes, que me seguram com firmeza, até que cravo meus dentes com força na pele morena do militar, e ele me solta.
-M4A1! Espera! O que eles vão fazer com você? - minha voz sai meio chorosa, só não me preocupo com isso - Não me deixa agora! Por favor!
Doutor T lança outro olhar, como que para me deixar ir atrás do garoto, e os guardas fingem que não conseguem me segurar. Ignoro a falsa atuação, e saio correndo. Vejo meu irmão ainda assustado e se debatendo nos braços do homem de terno que o segura, até que entram em uma das salas anteriores.
Não consigo entrar, ao chegar na porta, ela não reconhece minha pupila, e fico apenas observando. Enquanto bato forte no vidro reforçado, M4A1 é preso à uma cadeira, e lágrimas escorrem pelo meu rosto já imaginando o pior.
- Não! Não! - encosto meu rosto no vidro para ter uma visão melhor - O que vão fazer!? Esperem!
M4A1 olha pra mim, e sorri enquanto uma lágrima escorre pelo seu rosto, e o homem de terno sai para um canto da sala, sem demonstrar nenhuma reação.
-M4A1!! O que eles estão fazendo?! Soltem-o!!
O homem sorri de uma forma muito aterrorizante, e aperta um botão em um controle.
Não é uma cadeira normal, é uma cadeira elétrica.
Meu irmão recebe uma carga elétrica que não consigo nem imaginar, sua pele escurece, sua trança se arrepia, seus tímpanos estouram, e ele grita. Um grito estridente, enquanto seus olhos perdem a vida, e o brilho que tinham, seu corpo vai para frente, se contorcendo, e a única coisa que consigo fazer é sentir as lágrimas descendo pelo meu rosto, enquanto tremo de agonia e pavor, me encolho abraçando meus joelhos.
E por alguns minutos, sou só eu e meu mais novo trauma.

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