O belo dia em Seul não consegue ser brilhante o suficiente para impedir minha irritação, essa que emerge das profundezas de meu ser. Eu me sinto mais do que irritado, estou com raiva, com ódio, e todos os outros sentimentos ruins dos quais tenho direito. E o pior de tudo, é que tudo que eu sinto de ruim deve ser direcionado ao responsável por toda a minha confusão interna: meu pai.
Sim, meu pai. O homem por quem eu tenho tanta admiração, aquele que deveria prezar por minha felicidade e realização pessoal, que simplesmente jogou para cima de mim tão cedo pela manhã a maior — e mais clichê — bomba pela qual eu poderia esperar.
Eu deveria imaginar que ser chamado para uma reunião com ele oito horas da manhã não me traria nada lucrativo ou positivo, mas, por ser obrigado a ir, simplesmente ignorei meus instintos e fui. Mas eu quero me atirar do vigésimo andar assim que ele propõe:
— Quero que se case com ela, isso unirá a empresa do Sr. Lee com a nossa. Entenda que é em prol de algo muito maior.
Meu pai acha que isso é uma boa justificativa para um casamento?
Porque ele se encontra plenamente errado. E eu estou frustrado.
— Eu não vou me casar com ela! — Contesto. Faço de tudo para acabar com essa frescura sem sentido.
Aos vinte e dois anos eu já trabalho há dois anos com a empresa de meu pai. É uma revista conceituada em Seul, e como sempre gostei muito de fotografia acabei me tornando não apenas fotógrafo, como um dos editores chefe da empresa. E eu ainda estou na faculdade de Fotografia, estou no quarto semestre recém, ainda tenho dois longos anos pela frente.
— Me diga um bom motivo! Você é solteiro, é jovem, um menino de família, nunca se envolveu com coisas erradas, nunca me causou um sequer problema. Me dê uma boa razão para não fazer por mim algo que eu certamente faria por você. — Eu odeio o quão certo meu pai está em seus argumentos.
Eu o amo muito, óbvio, mas pedir que eu me case por conta de uma aliança entre empresas é simplesmente ridículo. Claro que também faria qualquer coisa pelo mais velho, assim como também faria por minha mãe, mas tudo tem limites.
E casar com alguém por obrigação atinge muito além dos limites que eu me vejo capaz de cumprir. Vejamos só, é natural que eu queria agradar meus progenitores, visto que sempre fizeram de tudo por mim durante meu crescimento, minha adolescência e começo de vida adulta — visto que continuam me ajudando sempre que é preciso. Só que... dessa vez não vai rolar.
Então, assustado, nervoso e com certas partes quase na minha mão, eu digo:
— Eu amo outra pessoa. — É a primeira coisa que me vem em mente.
Pela forma que meu pai arregala os olhos, eu percebo a enrascada em que estou me enfiando nesse exato momento. Porra, eu estou muito ferrado, não deveria ter contado uma mentira tão deslavada apenas para ir contra seu pedido — quase ordem. Ele nunca me pediu nada, sempre fez tudo por mim, me deu tudo do bom e do melhor — até um intercâmbio para que eu pudesse me tornar fluente em Inglês. E como eu retribuo? Inventando que amo outra pessoa.
— Ótimo! Chame essa pessoa para almoçar em nossa casa. Quero conhecer. — Sorri da forma radiante que normalmente faz, me levando a engolir em seco.
Fácil assim? Deus, se isso é uma emboscada, me leva agora.
— Não está irritado? — Acabo por arquear a sobrancelha, ouvindo uma risada sua ecoar pela sala.
— Se você ama alguém, não cabe a mim mudar o rumo da sua vida, não é? Porém, Nayeon também estará nesse almoço. Veremos se não irá mudar de ideia.
Eu não estou mais apenas ferrado.
Estou também perdido.
Nunca passei um dia tão pesado dentro dessa empresa, onde o ar parece ser tão intenso que eu já não consigo nem ao menos respirar direito. Havia pedido que Taehyung, meu melhor amigo, me encontrasse em meu apartamento mais tarde para batermos um papo como fazíamos ao menos três vezes na semana e torci mentalmente para que pelo menos isso me acalmasse um pouco.
Eu tenho apenas cinco dias para encontrar alguém com quem namorar, preciso mostrar para meus pais quem é a pessoa que eu amo. E eu só tenho um pequeno problema: essa pessoa não existe!
Quando digo que só me meto em encrenca, não estou brincando.
Taehyung já está dentro do meu apartamento assim que adentro o mesmo. Nível de amizade: eu tenho a chave da casa dele (que mora com seu irmão, Kihyun), e ele tem da minha. Anos e anos de convivência acabam gerando esse tipo de coisa.
— Para você me convidar em uma segunda-feira para vir aqui é porque algo muito grave aconteceu. — Solta um suspiro cansado. Taehyung faz faculdade de Medicina e ainda tem um estágio que toma todo seu tempo e o deixa bem cansado. Aquilo rouba as energias de qualquer um. — O que precisa, meu bebê?
Taehyung pode parecer durão, mas ele me trata com tanto carinho que eu o considero um irmão mais velho — ele me considera seu irmão mais novo também, como sempre gosta de dizer.
Se eu não fosse hétero, eu namoraria alguém como o Tae.
Será que existe uma versão feminina dele? Até mesmo seu irmão é homem, além de que algo em mim não bate com o santo de Kim Kihyun.
— Inventei para meu pai que eu amo alguém e agora tenho até domingo para encontrar esse alguém.
Eu pensei que ele começaria a rir, mas na verdade me olha espantado, talvez pensando se eu estou ou não falando sério. E infelizmente eu estou.
— Está falando sério?
— Pareço estar brincando? — O olho ainda mais seriamente.
E como eu tinha pensado antes que ele faria, Taehyung começa a gargalhar exageradamente, me fazendo revirar os olhos e bufar. Eu o amo, mas algumas vezes também o odeio. Não que eu fique irritado por muito tempo, apenas alguns minutos já são o bastante para que eu volte a ficar bem tranquilo e já volte a amá-lo.
— Tenho uma solução, mas não sei se você gostaria dela. — Sorri maliciosamente.
— Eu aceito qualquer coisa. — Sim, eu estou desesperado.
— Bom, tem esse site... você pode escolher o perfil que melhor te agrada e o site marca um encontro com a pessoa que mais combina com aquilo que você pediu. Só tem um problema. — Morde seu lábio inferior.
— Desembucha, Tae! — Peço exasperado, ouvindo sua risada mais uma vez.
— Nem sempre o preço a se pagar é dinheiro. E você não pode escolher se quer um homem ou uma mulher.
É, eu só me meto em encrenca mesmo.
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E aí está o primeiro capítulo já arrumadinho. As mudanças ainda são poucas, serão maiores com o tempo. Vou tentar atualizar uma ou duas vezes por semana, nos sábados e domingos, mas não garanto que conseguirei sempre (tenho 6 matérias da faculdade para lidar esse ano, haha, rindo de nervoso). Mas prometo trazer capítulo novo e arrumadinho sempre que possível.
A quem é novo por aqui, saibam que são 27 capítulos de muito Jikook por aqui ♥
Beijinhos e até o próximo ♥
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Namorado Por Encomenda | jjk + pjm
Fanfic[CONCLUÍDA] Jungkook se encontrava em uma situação de pleno desespero e só tinha duas opções: casar-se com alguém escolhido por seu pai ou aceitar a sugestão de seu melhor amigo e contratar um namorado por encomenda em um site na internet. Sabendo n...