Capítulo 1

91 8 0
                                    

"Ela era tão realista na atuação que eu tive vontade de..."

(Na peça da escola)

Ela estava voltando para o quarto depois de ter ido ao banheiro. Estava abrindo a porta de seu quarto quando...

- Psssiu...

Ela estagnou. Já reconhecia esse chamado. Seus pés encravaram no chão. Sua respiração começou a travar, bem como seu coração. Ela congelou.

- Quem é essa garotinha acordada a essa hora?

Ela se tornou muda. Ele segurou o cabelo dela com a mão direita o que a fez tremer de medo. Ele passou os olhos por seu corpo... Ela usava uma camisa grande e um short. Ele passou a mão esquerda por baixo da camisa dela. Foi para a frente dela enquanto passava a mão direita pelo pescoço dela que continuava de cabeça baixa.

- Tava com saudade do seu pai? - ele pergunta enquanto acarencia o cabelo dela. Ela acena lentamente em um sim. - Eu também tava, minha branquinha linda... - ele dá dois tapinhas em sua costa para que ela entre no quarto. Ele a faz sentar na cama e as lágrimas no rosto da menina ameaçam descer como de costume. - Olha pra mim. -ele pede, passando a mão em seu rosto.

Ela obedece e as lágrimas brilham em seus olhos. Seu rosto demonstrava, perceptívelmente, o medo, a dor, a vergonha.

(Carlos se impressiona com o modo de Ana fazer parecer tão real. Isso quase o faz perder o foco da encenação.)

Ele leva a mão até o zíper de sua calça e tudo o que ela queria é que isso fosse um pesadelo ao invés da realidade.

(Após a peça)

- Eu devo dizer que você é uma ótima atriz. -Carlos diz à Ana.
- Obrigada. -ela responde educadamente.
- Sério. - ele continua olhando fixamente para ela. - Estou fascinado.

Ana percebe o interesse a mais dele e indaga com um sorrisinho desconfiado:

- Mas é comigo ou com a atuação mesmo?

Ele se encanta ainda mais pela atitude dela e responde com um olhar e sorriso peculiares.
- Com ambas.

Do Teatro Para a RealidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora