(Parte 2)
EM SUA FASE LARVAR probas procuravam disputas a todo custo e isso significava submeter-se a joguinhos de aprendizes que já contavam com três ou quatro emblemas sob os mantos ou capas ou becas ou ponchos ou mesmo capotes (mas isso vocês já sabem). O nome não importava, até porque havia quem se arriscasse usando sob os ombros corajosamente, aquilo que em algum momento tinha sido também peça inventiva de festas temáticas nas quais encarnavam magos ou vampiros.
Quando pensei a primeira vez que talvez aquilo fosse uma solução para a questão, alguém foi lá e fez o probas desfiá-la com os dentes. Eu ainda não sabia como funcionava, não fazia a menor ideia e tudo o que me mostraram até ali envolvia círculos concêntricos de uma mesma coisa que ninguém chamava pelo mesmo nome. Raios! Mas que raios é um Raio, afinal? E eles riam. Probacionistas deviam conquistar as próprias capas aceitando ou indo em busca de oponentes que se vencidos teriam de rasgar parte da sua e entregar a tal parte ao vencedor. "Não se preocupe, elas crescem de novo" disse uma menina com cabelos cacheados cor de estopa percebendo meu espanto quando vi His aparar com a cara vermelha a tira de pano desbotado que um duelista aprendiz rasgou em duas e atirou em sua direção. His apesar do nariz destroçado, exalava satisfação. Seria o primeiro probas que eu veria vencer um duelista usando até o último resquício de consciência concreta.As testagens as quais probacionistas se submetiam ou eram submetides por prováveis desafiantes eram niveladas por área de intenção do próprio probas. Você podia meio que escolher entre cinco padrões. "Corpóreo ou de carnadura..." O desafiante disse sem nenhum humor na voz despindo a capa. Sob ela num flash foi possível distinguir pequenas miniaturas debruadas no forro, uma coleção de partes menores de aparentemente qualquer coisa. "Intelectivo ou sabedor..." ele continuou "Hombridade ou jaez" estendeu a capa sobre o degrau que fazíamos de banco na fonte desativada no pátio dos fundos "Olhe bem, Devotado... Cerimonioso e por fim, alegórico".
"Eu não sei qual é pior..." a menina com cabelo de estopa disse. "Mas se eu fosse ele escolheria um padrão que não exigisse muito..."
"Qual você escolheria?" perguntei inocentemente.
"Corpóreo" ela arriscou, polida, "manter as coisas num Raio que ele conheça é estratégico..." E usar a consciência concreta é o que um aspirante pode fazer sem controle de um totem que tenha sido capturado por ele mesmo".
"Bem, eu não sei o que...", comecei e então ela ergue a mãozinha gorda. "Ele tem um mote?"
"Hã...", falei, tentando pensar rápido.
"Um codinome", ela disse impaciente. "Você recebeu um lá no começo, não recebeu?"
Eu sentia o coração nas pontas dos dedos. É claro que sabia o que era um mote, todo mundo ali tinha recebido o seu, era para isso que serviam as iniciações, você ganhava uma palavra-chave, um codinome, o tal mote e na agremiação você o usava para acessar a biblioteca a partir de qualquer volume encadernado, um quarto de hora por vez, há quem diga ser o suficiente. Seu primeiro mote seria seu até que você elevasse a sua consciência à uma câmara superior, probacionistas estavam na antecâmera, quer dizer, não era nem mesmo uma câmara... Um Raio acima deste aqui, era o equivalente ao vestíbulo, a antessala na qual deixamos as galochas e os guarda-chuvas. Enquanto isso, o fato de um aprendiz ou zelador ou qualquer outro que estivesse acima de um probas ser a principal fonte de acesso, considerando as dificuldades iniciais para perceber totens e manifestações atípicas sem ferramentas apropriadas, era motivo para desafiantes, aprendizes ou não, pesarem a mão nas escolhas dos padrões.
"Hoc... ou Abóqui" fui dizendo, hesitante, "mas prefiro Abóqui"
"Isti" ela, com uma voz baixa, soturna, "mas prefiro Felicitas... Lici" disse na sequência piscando.
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QUEIME DEPOIS DE LER
General FictionQuando Laila e eu nos conhecemos o limbo de incertezas no qual a escola tinha se transformado, ficou para trás. As tardes não eram mais de conformismo letárgico, de olhar fixo no ponto na parede de tijolos na outra extremidade do pátio onde alguém t...