𝟎𝟎𝟏

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Molly Dixon

Eu literalmente, completamente, realmente e absolutamente odeio meu chefe.

De todas as pessoas para quem já trabalhei, Christopher Mclain é o pior. E vendo isso do ponto de vista de alguém como eu, que já teve exatos vinte e três trabalhos, não é qualquer coisa quando digo que sim, ele está no topo da lista. O que deixa todo o fato de finalmente ter achado o emprego dos meus sonhos, 50% menos ideal.

— Eu já disse umas quinze vezes, Dixon! Eu gosto de descafeinado! Por Deus, será que é tão difícil de entender? — O homem moreno diz nervoso a minha frente e disfarçadamente eu belisco minha coxa esquerda, me lembrando que não, eu não posso gritar com ele de volta.

Gritar seria honrar minha dignidade e perder meu emprego. Mas exigir respeito desse cara insuportável não pagaria minhas contas. Então no final eu apenas dou um sorriso falso de desculpas, que ele ignora, me mandando buscar outro café; com o sabor certo, dessa vez.

E como sua estagiária pessoal, eu faço.

Observo a máquina de café encher o copo com o líquido escuro, tentando relembrar o porquê me permitia a isso. Até que Heather, minha colega de trabalho, se aproxima com inúmeros papéis em mão, falando sobre a última coisa que eu gostaria de ouvir agora.

— Eu dei uma revisada em alguns locais da cidade e acho que já temos o lugar perfeito para seu aniversário. —  Eu bufo, querendo odiar o tempo e a tudo que me levou a envelhecer mais um ano.

— Foi mal, Heather. Acho que não farei nada esse ano.

O sorriso da garota desmancha e no segundo seguinte ela está incrédula.

— O que?! É seu vigésimo primeiro aniversário, Molly. Só fazemos essa idade uma vez na vida. É sua obrigação aproveitá-lo.

A máquina a minha frente apita e eu aproveito como uma deixa para encerrar esta conversa o mais rápido possível.

— Nos falamos depois, tenho que entregar isso pro Mclain. — Digo, me apressando para sair de lá, deixando Heather para trás com um olhar furioso, me indicando que não terminamos esse assunto.

Comemorar vinte e um anos e ter esse lembrete de todos meus planos que desceram pelo ralo, é a última coisa que eu preciso agora.

Era um soco no estômago para a pequena Molly de doze anos, que jurava que aos vinte estaria com uma vida estável. Morando sozinha, em uma faculdade ou talvez num emprego feliz, namorando com o cara com quem eu provávelmente iria me casar.

Odeio admitir mas, me encontro prestes a fazer aniversário, dividindo um apê com minha amiga, presa a um chefe com complexo de superioridade e chutando qualquer relacionamento que dure mais de uma semana.

Então a vida não foi exatamente um filme clichê na universidade. Acho que eu deveria ter uma noção que nada iria para esse caminho, no momento em que me recusei a fazer faculdade. Parecia uma boa idéia na época, apenas ganhar dinheiro o quanto antes, e não esperar até quatro anos para conseguir ser independente. Descobri pouco tempo depois, que não há muitas maneiras de ficar rica apenas com o ensino médio no currículo.

Mas digamos que eu fiz minhas chances e as tornei reais. Pelo visto, ter contatos é mais útil do que o esperado. E fico feliz em informar que Christopher não é o suficiente para me fazer largar tudo, mesmo que eu já tenha desistido de serviços por muito menos. A única coisa que ainda me dá esperança, é a sala quatro ao fim do corredor.

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