cê aceite como você é

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A primeira pessoa para quem eu contei da minha então recentíssima descoberta de "gostar de meninas" foi uma amiga, há 12 anos, quando eu tinha 16 anos, e foi bem tranquilo. Poucos meses depois, meu pai descobriu por conta de um "vacilo" meu. O momento da revelação foi um pouco tenso, pois na época nem eu sabia exatamente como me posicionar sobre o assunto. Meu pai me disse que se preocupava com o que eu poderia sofrer, mas afirmou que quem estivesse contra mim, estaria contra ele. Em seguida, com a minha autorização, contou para minha mãe, que ficou péssima e por anos não tocou no assunto comigo. Um dia, quando eu já tinha uns 19 anos, me deu uma revista cuja matéria de capa falava sobre lésbicas. Foi a forma de dizer que me aceitava.

Hoje meus pais tratam naturalmente o assunto e não fazem qualquer diferença entre minha namorada e a do meu irmão: tratam ambas muito bem e com muito carinho. Nunca sofri qualquer discriminação em casa. No entanto, sei que o posicionamento da minha família não é a regra. Tive problemas com os pais de diversas namoradas. De uma delas, a mãe tomou celular, dinheiro, carro, tudo. Proibiu de me ver, mandou para a terapia, nada adiantou. Isso foi no primeiro ano de relacionamento. Depois disso namoramos mais cinco anos (dois dos quais moramos juntas no exterior).

Quanto aos meus amigos, nunca tive nenhum problema em me assumir gay. Todos, até mesmo os mais machistas, religiosos ou tradicionais, me aceitaram muito bem. Resumindo tudo isso, na prática vejo que o preconceito existe, mas a discriminação por orientação sexual é mais velada se o gay tiver boa condição social e nível profissional/educacional mais elevado. E que a postura de cada um perante o mundo contribui, em muito, para a quebra dos paradigmas

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