Independência financeira, direito de amar, e, por fim, aceitação

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Eu, desde sempre, tinha me relacionado com homens. Tinha terminado um relacionamento abusivo há cerca de dois anos, e, nesse meio tempo, tinha saído do armário pra mim mesma. Pra mim, a saída do armário veio no mesmo momento da independência financeira. Quando eu terminei a faculdade e, com 23 anos, consegui me bancar, e não precisei mais dos meus pais.

Contei para minha mãe primeiro, quando eu comecei a namorar uma mulher. Minha mãe reagiu me dizendo que preferia que eu estivesse com um homem casado e com filhos, e me proibiu de contar para o resto da família, porque ela não queria ter essa vergonha. Eu pedi que ela esperasse eu mesma contar paro meu pai e ela não esperou.

Aí, foi uma sucessão de coisas horríveis. Eles são da igreja e não aceitavam, não falavam com a minha namorada, não olhavam, não perguntavam: nada. Depois dessa relação, eu firmei o pé, dizendo que gostava mesmo de mulheres e que isso não iria mudar.

Tive que bloquear os meus pais de todas as redes sociais e do Whatsapp, porque eles falavam sobre como eles ficavam mal, perguntavam qual era a necessidade de eu postar fotos com a minha namorada, ficavam perguntando aonde eles tinham errado, por que eu tinha terminado a relação com um cara, só que eles não sabiam que, nos bastidores, a relação era ruim.

Ficamos meses sem nos falarmos, e, depois de um tempo, eles aceitaram receber a minha namorada, que agora é esposa, na casa deles. A gente avisou que ia casar. Foi difícil, mas eles vieram ao nosso casamento, em novembro do ano passado e, depois, meu pai esteve na nossa casa, ficou uns dois dias, minha mãe também esteve lá recentemente. Agora eles já perguntam por ela, chamam pelo nome, querem saber, já a abraçam. Mas, até hoje, eles nunca pediram desculpa", conta Mariana Sampaio, 26 anos, servidora pública, que está casada e muito feliz.

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