Único

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No dia seguinte, ela acordou tarde, olhou para o lado e se viu em sua casa, cheia de pó no chão e nos móveis e o antigo cheiro de Prim. Talvez fosse só sua mente alucinógena criando este cheiro, mas ela o sentia tão vivo que chegava e lhe dar dor de cabeça.

Acordou e foi dar leite ao gato, ainda não acreditava que ele havia aparecido no 12 novamente, era quase alucinação. Talvez ele tivesse aquela esperança de que encontrasse Prim por lá, no fim eram exatamente iguais.

– Somos iguais não é? – perguntou ao felino enquanto tentava enfiar alguma coisa em sua própria boca. Tentando não ficar doente por simplesmente não conseguir comer.

Voltou para o sofá que estava e resolveu dormir, assim esquecia tudo por um momento.

No segundo dia seguinte, acordou aos berros, assustada e cheia de suor pelas imagens horríveis que rondavam sua mente, talvez reais, talvez pioradas em pesadelos que não acabavam mais.

– Onde ele está? – perguntou a si mesma olhando em volta.

Talvez esperasse Peeta lhe abraçar e lhe acalmar? Afinal o que estava pensando? Peeta havia morrido, não literalmente, mas era como se fosse, ela havia perdido seu Peeta aquele dia que deixou que se separassem na arena do relógio e nunca mais o reencontrou.

Não sabia o que fazer, era melhor dormir e ter pesadelos? Ou ficar acordada e presenciar esses pesadelos?

Nós faremos tudo isto sozinhos
Nós não precisamos de nada ou de ninguém

– Oi – ouviu batidas na porta e a voz de Peeta do outro lado – Katniss, lhe trouxe uns pães, está acordada?

Ela abriu a porta e viu seu antigo companheiro de arena, aquele que jurou salvar a vida, que preferia vivo, mesmo que tivesse sua própria vida a custo, na sua frente.

Ainda estava tão magro por causa da tortura a qual foi posto e seus olhos não eram dele.

– Fiz agora e estão quentinhos – ele lhe entregava os pães embrulhados em toalha para permanecerem quentes e evitava olha-la. Katniss reparou que ele tremia muito.

– Obrigada, quer entrar? – pegou os pães para si.

– Não, é melhor eu voltar – virou suas costas para ela e já ia partindo quando Katniss se pronunciou.

– Vamos dar uma volta amanhã?

Peeta parou ainda tremendo, virou seu rosto pra ela e apenas sacudiu a cabeça afirmativamente.

Se eu deitasse aqui, se eu apenas deitasse aqui
Você deitaria comigo
E esqueceria do mundo?

No terceiro dia seguinte, eles foram juntos para o centro da cidade, estavam reconstruindo tudo aos poucos, mas ainda havia uma pracinha e incrivelmente uma grama fresca para se sentarem no chão.

Peeta havia levado pãezinhos recheados de abóbora e ambos deliciaram-se em silêncio. Não conversavam, mas ficar perto um do outro era reconfortante. Katniss sentia que com ele do lado estava protegida, mesmo vendo suas mãos tremerem muito toda vez que estava perto demais dela e seus olhos serem escuros e opacos, sem vida.

No dia seguinte Onde histórias criam vida. Descubra agora