Day 42 - Fill My Heart

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Diário de Elise Harrington

Leeds, Bridgetown – January 03, 1895

Eu não sei o que aconteceu. De uma hora a outra ele simplesmente saiu correndo de perto de nós, Ryan tentou segui-lo comigo logo atrás, lutando contra o vestido para correr melhor. Quando vi, meu irmão já estava longe e o Ian, desaparecido. Parei, pensando em como aquele garoto era interessante e estranho ao mesmo tempo. Meu irmão deu meia volta e seguiu até mim, fiquei sem saber o que fazer ou dizer na hora, algo que, como uma irmã mais velha exemplar que tentava ser, falhei. Via no seu rosto uma expressão de tristeza.

- Vamos embora minha irmã, já está ficando tarde.

- Você não vai procurá-lo?

- Acho que é algo que ele queria fazer sozinho.

Seguimos para casa naquela noite, ambos silenciosos. Eu ainda tentava descobrir o que aconteceu comigo, de onde vinha aquele interesse estranho por aquele garoto. No dia que bati os olhos nele creio que, como dizem, foi amor à primeira vista. Não que eu seja uma garota que vive a acreditar nesse tipo de ilusão, entretanto, foi a melhor maneira para descrever o que senti. Aquele menino ruivo de cabelos cacheados se mostrava mais misterioso e complexo a cada dia, fazendo com que me interessasse mais nele. Estava ficando louca.

A paixão continuava acesa mesmo nos tempos que passamos sem nos ver. Coisa de duas semanas ou um pouco mais. Tanto eu quanto Ryan procurávamos ele por toda a Leeds, beco por beco, avenida por avenida, até mesmo o senhor Bradley que conheci no mesmo dia que ele, não sabia onde ele estava. Todos nós estávamos preocupamos.

O circo já havia ido há muito, com eles é que ele não seguiu, procurei informantes para me certificar. Tínhamos pouco tempo até a partida para Chipre. 

Aquele dia foi um dos mais triste.



 Mamãe estava descendo as escadas com passos pesados, batendo a botina com salto de madeira por todo o assoalho. Eu, Ryan e papai estávamos à beira da lareira, que, naquela semana em especial, nos aquecia com a volta do nosso típico inverno. O natal tinha sido mais gelado que a própria neve lá fora, nos forçando a sorrir apenas para engraçar com os convidados. Papai continuava em seu estado de preocupação.

- Mamãe tá parecendo uma bruxa descendo a escada dessa maneira – sussurrou Ryan ao pé do meu ouvido, dei um peteleco nele.

- Elise! – Gritou mamãe quando alcançou o pé da escada – Elise minha filha, se arrume!

- Mamãe? – saltei de sobressalto da poltrona – O que houve senhora minha mãe?

- Vamos embora.

- O que? – Gritou tanto eu quanto Ryan e o papai.

- Mais querida, achei que tínhamos conversado ontem, vamos partir para Chipre até o final do mês!

- Elise vai comigo.

- O quê? – Gritei novamente – Mamãe! Você não pode fazer isso conosco!

- Eu faço o que bem entender. Ryan, você pode escolher entre vir comigo ou ficar com seu pai, mais você minha filha, vou lhe ensinar a se tornar uma dama de verdade e arranjar um marido decente para você.

- Você não pode fazer isso com as crianças Margery – Nosso pai se levantou da poltrona – Por que não vamos todos juntos?

- Não vou ficar com um homem falido igual a você – ela puxou a cauda do vestido – Partimos em duas horas!

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