No decorrer do dia, a jovem morena não conseguiu conter a ansiedade, tentou imaginar todos os detalhes do passeio, mas não sabia o que esperar. Quando pensava em Alessia, não podia deixar de lembrar-se da noite em Paris, era inevitável. Por muito tempo, Elisa sonhou com os lábios femininos, rosados e macios que tocaram os seus pela primeira vez, e por muito tempo, se perguntou se algum dia encontraria a dona deles novamente.
Estava impaciente, andava de um lado a outro da grande casa. Talvez a loira não quisesse mais encontrá-la, ou tivesse esquecido. Com certeza tinha muitas coisas a fazer. Encarou o relógio pela milésima vez naquele dia, eram mais de 15 horas e Alessia ainda não havia chegado. Tudo bem que não estipularam um horário, mas, em sua mente, a cada minuto que passava as probabilidades do passeio diminuíam. Quando ouviu o barulho da campainha, correu em direção à porta.
- Boa tarde, milady! Por acaso estava ansiosa para a minha chegada? Atendeu tão rápido - perguntou Alessia com aquele sorriso de lado.
- Eu a estava esperando sim. A senhorita demorou demais. Não é muito cortês de sua parte.
- Perdoe-me. Surgiram alguns imprevistos. Mas se me lembro bem, não combinamos horário, portanto não estou atrasada.
- Não vou discutir com a senhorita, não temos tempo. Se ainda quiser ir ao parque devemos sair imediatamente, está tarde.
- Sem problemas.
As duas conversaram sobre assuntos diversos enquanto caminhavam pelas ruas da grande Londres, o parque era relativamente próximo à casa de Elisa, então optaram pelo primeiro meio de locomoção humano: os pés.
O parque era lindo, estava repleto de folhas amarelas, laranjas e marrons, evidenciando a beleza do outono em sua mais sublime perfeição.
O lago refletia a luz do entardecer, e dali, podiam contemplar a natureza.
Sentaram-se em um local mais afastado, sob a enorme copa de uma árvore, o equilíbrio e harmonia da vista eram surpreendentes, tinham o primoroso contraste bucólico com a arquitetura requintada do palácio de Buckingham.
- Por que parece que sempre nos encontramos ao pôr do sol?
- Talvez eu tenha planejado - respondeu Alessia com aquele sorriso pretensioso encarando-a com os olhos azuis, agora tão claros e tão lúcidos como a água refletindo a luz do sol poente - Brincadeira.
As duas riram, mas Elisa sabia que havia uma grande chance de ser verdade.
- Ainda não me disse o que fazia em Paris.
- Não me sinto a vontade com esse assunto, desculpe.
- Ah, tudo bem. Não continuarei pressionando a senhorita. Respeito seu tempo - a morena sorriu com a compreensão.
- Posso lhe dizer que foi muito importante para mim. Na verdade, não fui somente à Paris, conheci vários lugares, cidades e países. E tive experiências muito boas
- Isso inclui o beijo? - perguntou arqueando as sobrancelhas. Ela havia sido tão direta que fez Elisa engasgar-se e querer correr dali.
- De certa forma, sim. Foi a primeira vez que fui beijada.
- Me sinto honrada. Mas... você gostou?
Ah, Elisa odiava aquele sorriso pretensioso e atrevido que a fazia enrubescer todas as vezes.
- Digamos que foi uma experiência marcante.
- E se eu fizesse novamente?
Suas respirações quentes fundiam-se de uma forma que sequer era possível distingui-las.
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Dois Corações
RomanceA última década do século XIX acaba sendo um tanto conturbada para a jovem Elisa, que ao retornar à Londres após 6 anos, se vê apaixonada por não apenas uma, mas duas pessoas completamente diferentes, uma mulher e um homem escocês com um passado atr...