CAPÍTULO 03

76 20 63
                                    

- Sim, eu já sai de casa Sr. Ricardo, sim, eu também já cheguei aqui... – respondia impaciente enquanto meu adorável patrão me fazia mil perguntas sem parar – Não, ele não chegou ainda... Tudo bem, já entendi tudo, pode deixar que vai dar tudo certo. – Desliguei assim que ele disse “tchau”, para não dá-lo a chance de ficar por mais 30 minutos falando.

E aqui estou eu, numa loja de decoração natalina esperando o homem que tem meu futuro em mãos mesmo sem saber. Minha fala pode soar um tanto quanto irrealista, mas, conhecendo meu chefe como eu conheço a demissão era garantida caso o investimento não desse certo...

- ahm... oi? – me chamou – desculpa... é Crystal, né? – ele coçou a cabeça.

- Oi, sim!! – falei, sorridente. – sou eu mesma, é um prazer te conhecer, Sr. Michael.

- Onde você viu um senhor? – ele se virou, fingindo procurar em sua volta e nós rimos. – Desculpa ter marcado aqui, é que eu precisava comprar uma decoração pra arvore lá de casa, minha mãe decidiu chamar a família toda pra vir pra cá, uma maravilha, não? – ele riu.

- Ah, o caos natalino, uma maravilha. – falei ironicamente e ele riu.

Passei o resto da tarde tentando o fazer entender tudo sobre a empresa, enquanto o mesmo escolhia decoração pra sua árvore de natal; eu até dava palpites hora ou outra, entendendo um total de ZERO coisas sobre decorações natalinas... Ele parecia ser bem legal e realmente deu a impressão de que estava escutando o que eu falava, e não apenas focado em fazer perguntas desnecessárias ou em escolher qual enfeite colocar em sua árvore...

[...]

- Obrigada por me ouvir falar, espero que tenha gostado e que se junte a equipe. – falei, enquanto me levantava da mesa. Depois que ele escolheu sua decoração, nós paramos pra tomar um café.

- Ah, sim. Vai ser um prazer – ele disse, se levantando também.

[...]

Quando entrei no meu carro, a única coisa que sentia era um incrível sentimento de realização. Tudo bem, ele pode não ter gostado do que eu falei, mas eu tenho certeza que fui objetiva e que tinha confiança em minha fala. Era a primeira vez que eu viajava a trabalho e já me sentia ansiosa pras próximas, e, quem sabe no futuro, pela minha própria empresa...

Durante o caminho, meu maior pensamento era sobre como eu adoro o clima dessa cidade, era a perfeita junção entre o frio e o calor. Não era nem muito quente e nem muito frio. Por mais que aqui fosse uma cidade pequena, as pessoas andavam na rua tão estilosas que, as vezes, eu me sentia em um desfile de moda, mas eu era claramente a pessoa da plateia, que olhava para as modelos com os olhos brilhando e com o pensamento de “como elas conseguem?”.

[...]

- Como foi lá? – minha irmã disse, assim que passei pela porta.

- Se ele não investir, ele é doido. Não é por nada não, mas eu nem gaguejei pra falar, ele deveria considerar isso – nós rimos.

Nós duas decidimos assistir um filme e vê-lo enquanto comíamos um brigadeiro dos deuses, preparado por ninguém mais, ninguém menos que eu mesma – ok, talvez eu seja bem convencida, mas as vezes isso era bom.

Eu senti tanta falta dessa cidade, desse sentimento de felicidade. A cidade grande era ótima, mas eu tinha esquecido como era bom ter uma companhia para ver filme depois de um dia de trabalho. Eu tinha me fechado tanto depois que tudo aconteceu que eu mal tinha amigas por lá, então meu dia era resumido em uma única palavra: trabalho.

Certo, eu ainda não vejo sentido no natal, mas eu só conseguia sentir gratidão por ainda ter minha irmã aqui...

O NATAL DOS SONHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora