Inexplicável

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Ainda não consigo explicar como tudo aconteceu, tivemos uma festa linda, com poucos convidados, muita bebida e os melhores sons Dark e Rock que encontramos. Eu fui ansiosa para vê-lo, pra estar com ele independente de quem mais estivesse à nossa volta. Ele me encontrou na estação do metrô, que fica à uma quadra de sua morada, grande o bastante para promover eventos e festas particulares.

O ambiente tem uma energia nebulosa, sombria, intensa! Dá porta pra dentro as forças da liberdade eram quase palpáveis, os perfumes dos poucos convidados se misturavam à vontade de beber e esquecer o mundo do lado de fora. Entrei, me soltei no som após a recepção amigável de desconhecidos e o abraço aconchegante do meu anfitrião. Algumas bebidas começaram a ser feitas enquanto subimos o morro em busca de mais cervejas. A noite prometia muitas emoções!

Durante a música, ele conversava comigo sobre trivialidades do cotidiano e sobre nós, sobre nossas vidas desde o dia que nos conhecemos e nos vimos pela primeira vez. Jamais vou esquecer todas as vezes que estivemos juntos! Algumas curiosidades foram saciadas e meu coração batia frenético em meu peito em todos os momentos que ele falava ao meu ouvido por causa do som alto. Independente do que dissesse, era motivo para eu ter meu equilíbrio comprometido. Toda aquela atenção me deixava excitada, eu precisei me distrair ou iria beijá-lo a qualquer momento.

Me ocupei em ter movimentos desordenados com o som que sacudia-me por dentro, degustava da minha batida só olhando para ele enquanto tentava me fazer sentir a música me mostrando os caminhos incertos da coreografia. “É só fechar os olhos e deixar a música te levar", ele dizia e nesses momentos eu fingia que não estava louca pra agarrá-lo. Se eu não o fiz, logo uma outra convidada tomou a vez e pulou em cima dele, colocando uma perna de cada lado em sua cintura, desafiando-o a beijá-la pra terem uma noite inesquecível.

Enciumada eu disfarcei os olhares e continuei a dançar, agora com outra pessoa que queria me agarrar. Consegui reagir rapidamente a todas as investidas e dancei boa parte da noite e uma parte da madrugada, invejando aqueles lábios que recebiam os beijos que eu tanto ansiei por receber... meus olhos brilhavam e eu me excitava olhando os dois, como só ficamos nós três no salão, preferi me recolher e deixar os dois a sós, com mais privacidade. Ele me guiou ao quarto dele e me deixou dormir em sua cama, onde repousei meus sonhos sobre o seu cheiro, ali onde seus cabelos deitavam todos os dias...

Os pensamentos não me deixavam dormir, ouvi diálogos desconexos e senti a moça da noite vir se deitar ao meu lado na cama. Pensei que fossem aproveitar a privacidade, acho que as intenções eram diferentes para ambos. Eu queria ter descido as escadas pra estar com ele naquela mesma hora, mas me contive e vi a claridade do dia começar a declarar que a madrugada já tinha ido embora. Escutei quando ele desligou o som e percebi que limpava o salão. Ouvi seus passos cansados subindo e foi evidente que ele se jogou em algum colchão no seu estúdio, bem ali do outro lado da porta daquele quarto!

Esperei os primeiros raios de sol penetraram pelas fendas das paredes e então me levantei com cuidado, zelando pelo sossego da colega que desmaiara ao meu lado horas antes. Atravessei a porta e vi ele ali, jogado em cima de um colchão que usa para os treinos diários. Uma imagem linda! Por alguns segundos observei-o dormir, mordi meus lábios tentada a tocá-lo e ignorei as minhas vontades. Passei por ele olhando-o com a fome nos olhos e só então desci as escadas.

Lá em baixo, na cozinha organizei o que restou da bagunça, procurei meus calçados, minha mochila e deixei tudo em ordem para sair dali em alguns minutos. Esperei o sol subir um pouco mais. Por volta de 7h daquela manhã eu subi os degraus determinada a ir embora. Subi, porque não encontrei a chave no lugar que costumava sempre ficar. Subi, porque o cheiro dos cabelos dele estava em minha mente! Subi, porque ele dormia pesadamente e eu poderia acariciar seu sono com minha mente perversa e misturar sua imagem aos perfumes que senti enquanto estive em sua cama. A chave era o segundo plano.

Ele estava lá, de braços abertos com as pernas esticadas, todo vestido ainda, a camisa um pouco acima do umbigo me presenteando com seu abdômen sarado. Sua calça com zíper aberto me instigava os pensamentos enquanto eu tentava não vacilar os passos vagarosos. Um felino da vizinhança deitado ao seu lado me olhava curioso, talvez pela minha expressão ou pela minha falta de jeito ao me aproximar.

Continuei olhando-o, eu fechava os olhos e comprimia meus músculos entre as coxas, faltava não me aguentar em pé. Me sentei devagar em das pontas do colchão, com seus cabelos ao alcance de minhas mãos. Segurei-me pra não tocá-los, seu rosto estava empinado pra cima, respirava calmo e leve. Pronunciei seu nome devagar, como se fosse uma música que de repente eu aprendi a cantar. Ele suspirou profundamente e abriu os olhos, virou o rosto pro meu, sorriu, se mexeu ajeitando seu corpo e deixou os braços próximos ao felino.

Chamei-o mais uma vez, agora com um pouco mais de força na voz, disse que eu precisava ir embora e não tinha encontrado a chave. Ele se mexeu mais uma vez, abriu e fechou os olhos, seus cabelos caíam de lado mostrando o delineado do novo corte nas laterais, era muita tentação! Em silêncio, curtindo a preguiça matinal que ele exalava, comecei a fazer carinho no felino e sorri pensando em muitas coisas que evito comentar. De repente me flagrei acariciando aqueles cabelos cheirosos. Toquei sutilmente, tentando não acordá-lo, era pra ser um cafuné de 'Bom dia', talvez eu também acabasse dormindo ali.

Ouvi mais um suspiro profundo e uma de suas mãos já fazia carinhos no felino ao nosso lado. Nossas mãos se tocaram e nesse momento ele olhou para mim, tinha chamas em seus olhos, eu pude sentir a vibração daquele olhar. Sem conseguir me conter, intensifiquei os carinhos em seus cabelos e ele sorria preguiçoso, senti seu outro braço em volta da minha cintura começar a retribuir o carinho. Eu repeti mais uma vez que não tinha encontrado a chave, ele disse que iria pegar. Senti o calor da sua pulsação e sua respiração se tornou mais rápida, a minha também. E quando ele apertou-me com a mão em minha cintura, eu gemi sem perceber. Dentro de minha mente eu repetia “game over", e realmente foi.

Em segundos ele me puxou pra cima de seu corpo quente e eu tremi com os olhos fechados deixando minhas pernas se encaixarem em sua lateral, entre minhas coxas meu tesão vibrava enlouquecido pelo gesto, quando voltei a abrir os olhos vi uma boca sedutora se aproximar... se aproximar e nosso beijo aconteceu. Nesse momento um felino pulou do colchão resmungando miados e desapareceu. Eu nem me lembrava mais que ali do lado atrás da porta tinha uma garota dormindo. Nos beijamos intensamente, era uma boca tão gostosa quanto eu tinha imaginado e ia além. Todos aqueles piercings gelados pela noite tocavam meus lábios me provocando mais e mais!

Eu ainda tentei uma última vez não prosseguir com as tentações que já me consumiam, consegui me erguer acima dele com as mãos apoiadas em seu peito sentindo seu coração bater e eu repeti que tinha de ir embora ou faríamos besteiras, ele sorriu e se agarrou em mim, me abraçou beijando mais uma vez a minha vontade de estar com ele, de tê-lo para mim. Assim, seu corpo acima do meu já arrancava a minha calcinha e eu gemia tentando acreditar se era mesmo real. Sua língua me tocou a excitação que tinha começado desde o momento que recebi o convite para o evento. Meu vestido se perdeu em algum canto daquele lugar, eu estava nua e entregue.

Sua língua se demorava beijando deliciosamente meus lábios molhados de desejo, senti seu piercing central atingir meu clitóris e a felicidade começava a se tornar cada vez mais evidente! Ele já estava sem camisa quando gozei em sua boca, me ergui e avancei sobre ele. Retirei a calça e a sunga jogando em qualquer direção, meu foco era só ele, só o corpo dele, minha maior cobiça era tê-lo em minhas mãos e eu tive!

Fizemos sexo oral por algumas horas em várias posições, eu admirei e lambi cada milímetro daquele corpo tatuado e marcado pela arte! Em uma das vezes ele me mordia faminto enquanto me prendia a respiração com as mãos, por cima de mim encostando sua ereção febril em minhas costas, com dois dedos dentro de mim e eu só podia me masturbar e delirar sob seu domínio.

Passado algum tempo, fomos ao andar extra em um dos cantos do estúdio, ali ninguém nos interromperia caso acordassem. Um outro colchão nos fez continuar nossas orgias a dois. Eu estava perdida e embriagada de prazer seguia as linhas tênues do seu corpo, guiada a vários orgasmos que aconteciam minuto a minuto de ambos! Provava do seu corpo, do seu beijo, do seu gozo, misturava meus pensamentos aos seus cabelos que cobriam meu rosto cada vez que eu estivesse ao alcance de suas mordidas.

De costas, eu sentia seus cabelos molhados roçarem em minha pele, eu me arrepiava, tremia, gemia, sentindo sua provocação em me penetrar sem realmente fazê-lo, sussurrando palavras safadas em meu ouvido. Era uma tortura que eu ansiava cada vez mais profunda. Seus lábios mordiam os meus, suas mãos abraçavam meu corpo e as minhas alcançavam sua densidade convidativa. Tudo era bom, tudo estava perfeito! Até mesmo quando a garota acordou e pediu a chave, foi bom. Ele se levantou, protegido pela grade da estrutura, indicou para ela onde estava a chave. Eu fiquei sentada o admirando, sua nudez me fascinava! Olhando-o de costas, todo suado e sabendo que nós dois estávamos transpirando na mesma temperatura, era uma loucura que só acontecia nos meus sonhos e era tão real agora.

Logo ele se jogou sobre mim mais uma vez me provocando com a quase penetração, passeando a língua em meu corpo, tocando minha alma com a sua, depois me sugando a vida prazerosa entre as minhas pernas, onde eu podia sentir seus cabelos entre os meus dedos e gemer no som mais despudorado e sem vergonha do mundo! Eu me contorcia ao sentir aquele piercing atrevido atiçar minha libido ao clímax! Sua língua dançava ali me fazendo ter urgência de sua ereção, louca, alucinada eu perdia o controle!

Foi quando ele me puxou pra crescermos pro quarto, me tirando da dimensão de estrelas que pairavam sobre a minha existência. E no quarto se passaram vários minutos até que sua ereção por fim me penetrou desenhando o céu dezenas e dezenas de vezes em minha mente! Cansados, descemos pra comer qualquer coisa que encontramos na geladeira e voltamos pra cama. Me conectei tão perfeitamente ao seu corpo que pensei que nada mais existia além de nós dois. Adormeci envolvida em seus braços e acordei com seus beijos salientes aquecendo a temperatura de nossos corpos para mais algumas horas de prazer!

Transamos até nos cansar e dormimos grudados. No meu íntimo eu desejava que aquele dia fosse eterno! Que continuássemos até que o amanhã fosse só mais um dia de prazer! Acordei com seu toque e de novo fizemos inúmeras formas de gozar. Marcamos aquela cama toda com nosso prazer, plantamos ali uma semente que me atiça os hormônios sempre que o vejo nas redes sociais. Várias vezes adormecemos cansados e acordamos pra reviver tudo mais uma vez! A noite logo chegou e já estava tarde, eu precisei ir embora, meu corpo pedia pra ficar, meu coração exigia-me uma explicação que nunca darei.

Aquele dia quando cheguei em meu quarto, senti uma vontade incontrolável de retornar àqueles braços! Sentir de novo aquela boca, aquele cheiro, aqueles cabelos... fazer tudo acontecer uma vez mais! Construir um ‘para sempre’ que não aconteceu. Mas eu ainda me lembro... ah como eu me lembro!...

Em Chamas - Contos EróticosOnde histórias criam vida. Descubra agora