c h a p t e r 4

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A gravadora ficava na Near West Side, num prédio todo espelhado por fora. Estacionei meu carro numa rua vizinha e busquei pela anotação que fiz no meu celular para conferir o andar que deveria ir. Ao entrar no prédio, me deparei com o contrário do que imaginava: um prédio quase vazio, se não fosse pela secretária (que por sinal estava tão entretida demais no próprio celular que nem percebeu minha presença). Acho que assisti muito Alvin e os Esquilos na infância.

- Oi? Com licença...

A mulher me olhou de cima abaixo, mascando o chiclete de forma não muito adequada. Mas quem sou eu para julgar o jeito que ela masca chiclete, certo?

- Tenho uma reunião com o Andrew Collins, pode avisá-lo que estou aqui?

- Décimo nono andar, última porta do corredor. - Ela pegou o telefone comercial e colocou no ouvido. Agradeci e chamei o elevador.

Tive a impressão de ter ficado séculos naquele cubículo. Não sei se era ansiedade para minha (talvez) futura carreira ou se era apenas pelo prédio ser enorme. Talvez pelos dois motivos. E, para melhorar a situação, Chloe mandou mais uma mensagem. Ela tem tentado arrumar planos comigo, mas desde o e-mail que recebi em sua casa decidi a evitar. Pelo menos até que tivesse a confirmação de que ia funcionar. Estava planejando fazer uma surpresa a ela depois, mas naquele momento precisava me concentrar para passar uma boa imagem.

Ao chegar no andar, andei até o final do corredor e me deparei com outra secretária. A diferença era que essa era muito mais educada que a outra.

- Bom dia! Ethan Myers, certo?

- Eu mesmo... - Passei a mão na nuca. Eu realmente não sabia lidar com profissionalismo. Consegui ver um sorriso se disfarçando no canto da boca dela.

- Sr. Collins já está te esperando. Venha, vou abrir para você. - Ela se levantou e me guiou até a porta. Antes de abrir, ela se virou. - Uma dica: tente não mostrar nervosismo. Responda o mais direto que puder, mas sem deixar mostrar suas intenções.

- Sem querer ser mal educado, mas como sabe de tudo isso?

- Bem, digamos que lido com isso diariamente. Agora, vamos?

Ela piscou para mim e sorriu. Não sabia exatamente a intenção dela, mas suas dicas foram realmente muito úteis. Precisava de um toque desses para me trazer de volta para a realidade.

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Depois de uma reunião não muito longa, entrei no carro e fiquei parado por alguns instantes, tentando assimilar tudo que acabara de acontecer. Se ainda me restavam dúvidas de que aquilo era algum tipo de golpe, acho que se desfizeram depois dessa reunião. Me lembrei das exatas palavras de Andrew Collins para mim, o que parecia insano:

"Fiz questão de entrar em contato com você diretamente, o que raramente acontece. Mas mais raro ainda é encontrar talentos como você de uma hora para outra, certo?"

O Sr. Collins me contou um pouco sobre a gravadora e como funcionava as coisas, e depois me disse uma proposta para ele ser meu empresário pela gravadora e gravarmos a última música que tinha escrito. Ele me pediu para enviar outras letras minhas para ele também, para que ele analise melhor. E, se depois de gravarmos eu quisesse continuar, ele estaria disposto a fechar um contrato a longa data comigo.

Como aquilo tinha acontecido tão de repente? Como meus sonhos se desenvolveram diante dos meus olhos em tão pouco tempo? Eu ainda não estava conseguindo processar tudo isso.

Olhei para o prédio novamente e fiquei me perguntando por que tantas salas. Seriam tantos empregados a ponto de terem quase 20 andares de prédio?

Estrela MomentâneaOnde histórias criam vida. Descubra agora