capítulo 36

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Pov Alisson

- vão desligar os aparelhos amanhã? -

Allanis apareceu atrás de nós. Interrompendo nossa discussão. Passei a mão no rosto e me virei para ela.

- entra, vamos conversar lá dentro. - disse

Entramos na casa, Allanis e Christian se sentaram no sofá e eu fiquei em pé andando de um lado para o outro.

...

Infelizmente o dia de desligar os aparelhos havia chegado. E depois de uma discurssão calorosa sobre desligar ou não os aparelhos, o Christian decidiu sozinho desligar os aparelhos. Acreditem ou não, ele quem decide isso, pelo o que parece o Ian decidiu isso quando eu sumi.

Estávamos indo para o hospital todos em silêncio. Não queria ver mas tinha que me despedir. A cada semáforo, a cada esquina, estávamos mais perto da morte do Ian. Não queria sentir, mas a dor e a angústia me fazia sentir também o medo.

Infelizmente chegamos no hospital, e em um segundo estávamos no quarto do Ian, e para o meu azar ele não teve nenhum resultado.

- ontem uma enfermeira viu ele mover um dedo - o médico disse.

- ainda há esperanças? - perguntei angustiada

- talvez sim talvez não, não posso afirmar nada. Teve um pequeno movimento cerebral, mas não um que vá fazer ele acordar, vocês podem levá-lo para casa e uma enfermeira poderá ficar de olho nele - meus olhos brilharam de emoção.

- vamos desligar os aparelhos - o Christian cortou o médico

- Christian - o chamei

- Alisson, eu não quero desligar, mas não podemos continuar com isso, ele não vai acordar. - ele disse aquilo entre dentes mas com lágrimas nos olhos, todos estavam com lágrimas nos olhos.

- vou deixar vocês sozinhos para se despedirem, me chamem quando - ele fez uma pausa - quando chegar a hora.

Todos estavam emotivos, Allana foi a primeira a se despedir, abraçou o filho e sussurrou algo. Disse que não podia ficar e ver aquilo e foi embora, o Christian se aproximou dele e chorando disse:

- eu odeio você por me forçar a fazer isso, sabe que se dependesse de mim eu deixaria você assim até se recuperar. - ele disse algumas coisas a mais.

Mas logo se levantou sussurrou um eu te amo e se afastou da maca parando do meu lado. A Allanis demorou na despedida, ela me pareceu muito apegada a ele. Ela também parou ao meu lado e perguntou se eu queria ficar sozinha com ele, eu disse que não era necessário e andei até ele.

- esse não era o "felizes para sempre" que imaginamos para nós. Mas infelizmente tem que ser assim - disse segurando o choro - se você estiver me ouvindo, eu quero que saiba que eu ainda te amo. Sei que lutou por nós e eu agradeço por isso. Não queria mas vou deixar você partir.

Com lágrimas nos olhos eu me levantei e depositei um beijo em seus lábios. Fiquei segurando sua mão enquanto foram chamar o médico, ele chegou e informou que ele poderia ficar por um tempo vivo até o coração parar totalmente.

Imersa na minha dor eu não ouvia nada, a enfermeira desligou os aparelhos e saiu, a única coisa que ouvi foi os batimentos dele diminuir e cair até ficar em uma única linha reta. Acabou, ele não vai voltar.

Por um minuto eu observei aquela linha reta, mas por um milagre ela se levantou, e ele voltou a ter batimentos, escutei um suspiro vindo dele, estava respirando sem os aparelhos, médicos e enfermeiros entraram correndo pela porta do quarto, e o Ian com dificuldade conseguiu abrir os olhos.

Ele parecia desnorteado, mas eu estava alegre. Alguns enfermeiros nos tiraram do quarto e pediu que esperassemos. Foram longos minutos até um médico aparecer e dizer que podíamos entrar, mas duas pessoas por vez.

- Alisson - Allana disse chamando a atenção de todos - ela vai primeiro, depois nós vamos.

- ok - eles responderam

- me acompanhe por favor. - o médico gentilmente pediu - ele pode estar confuso, então tenha, paciência.

- tá bom - afirmei com a cabeça.

Caminhei lentamente por aquele corredor com o coração quase na boca. Parei na porta do quarto mas não conseguia entrar, o médico me deu privacidade e eu finalmente consegui entrar. Quando abri a porta ele estava deitado na maca, que estava levemente erguida, deixando ele sentado. Parei perto dele mas ele me olhava confuso.

- quem é você? - ele perguntou.

Eu fiquei em choque, ele não se lembra quem eu sou.

De tantas por quê logo eu? (LIVRO 2 DA DUOLOGIA MAFIOSOS)Onde histórias criam vida. Descubra agora