Capítulo 19

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Prender a respiração era algo fácil de se fazer naquele momento. Como um leve piscar. Automático. O medo criando raízes profundas na espinha deixando um rastro gélido de adrenalina no sangue. O coração, por um segundo, parou de bater em um ritmo contínuo. Tudo quando Adam disse que estava com o anel.

Os olhos de Lance se direcionaram para Adam.

-Eu te entrego se você nos deixar ir em paz.

Lance sorriu. Um sorriso diabólico que colocaria medo até no próprio capeta.

-Vai me entregar o anel?

-Sim.

Adam tirou o anel de seu bolso. Sabia qual era o valor e provavelmente poderia pagar por toda a dívida. Não importa que um dia tenha sido de seu pai. Memórias boas sempre ficam. O que queria no momento era ajudar Tommy e sair vivo daquela situação.

-É todo seu.

Lance deu alguns passos para trás ainda sorrindo. Abaixou a arma por alguns minutos. Pensou. O suor começava a brotar e escorrer da testa de Tommy.

-Vem aqui e me entregue.

Adam saiu das costas de Tommy que segurou fortemente seu braço.

-Não faz isso. Me dê e eu mesmo entrego.

-Não, não. Quero que o seu amiguinho entregue o anel para mim.

O capanga de Lance apontou a arma para Tommy. Podia sentir o cano mirado em sua cabeça. Relutante, soltou devagar o braço de Adam. Seus olhos se encheram de lágrimas por ter envolvido naquela situação. Estavam correndo perigo e o único inocente era Adam.

-Vai ficar tudo bem - Adam tentou acalmá-lo.

Adam se afastou do loiro. Mesmo sabendo que correria perigo, mesmo sentindo cada músculo de seu corpo em alerta para escapar, queria poder fazer algo por Tommy. Sua mão segurou a pedra do anel que estava em seu bolso. Ainda com muito medo, deu um passo à frente e engoliu em seco.

Adam retirou a mão e a estendeu com o anel em sua palma. A pedra azul refletia a iluminação da rua. Os olhos de Lance brilharam ao ver o anel e ainda mais ao imaginar o quanto falia aquela pedra preciosa. Se aproximou do rapaz e encarou a pedra mais de perto.

Uma derrapada. Um sirene. A polícia estava chegando.

Um capanga atirou. Alguém deve ter revisado. Adam se jogou no chão. Uma viatura parou e os tiros começaram. Não viu Tommy. Ted estava caído na rua. Sangrava.

Adam se escondeu atrás de um carro que teve a janela acertada por uma bala. Só pensava em Tommy.

Os instantes se tornaram apenas um borrão em sua cabeça. Tudo parecia chegar abafados em seus ouvidos. Se sentia quente, entorpecido. Assim como estava sempre o efeito da droga, se sentia flutuando em uma onda interminável de paz. Ouvia sons de tiros, assim como aquela primeira explosão que pareceu acontecer dentro de sua cabeça.

Lance gritou para a polícia. Sua arma apontada para Adam. Um estouro. Caiu no chão depois de empurrar Adam para longe. Suas costas estavam sobre o asfalto duro. Uma sensação de quentura. Conforto, ao que parece. Sua respiração estava pesada, como se os pulmões estivessem com preguiça de trabalhar.

E como uma cobra que se rasteja na relva silenciosa e perigosa, ela estava ali. Mansa. Acolhedora. Como uma velha amiga. A Morte.

-Tommy! Tommy, por favor, aguente firme!

O som havia voltado com força. dessa vez, não conseguia puxar o ar para os pulmões. A fraqueza não o deixa sentir os músculos. E o sangue ensopava sua camiseta.

-A-Adam...

-Vai ficar tudo bem, você vai ficar bem.

O sangue escorria a machava em vermelho tudo em seu caminho. Em poucos segundos, uma poça estava no chão. As mãos de Adam estavam quentes do líquido vermelhos. A vida escapa dos olhos de Tommy. Seu desespero não deixava raciocinar. Precisa de ajuda, mas não queria deixá-lo. Uma equipe médica havia sido acionada. Tommy precisava resistir.

Suas mãos tentaram estancar o sangue. Suas lágrimas molhavam seu rosto.

Tommy tossiu. Seus dentes já estavam vermelhos. Um filete de sangue escorreu de sua boca.

-Eu... Eu amo você - disse entre um engasgo e outro - Por fa-favor, A-Adam...

-Não, por favor, fique comigo - Adam acariciou o rosto do namorado e o manchou de vermelho - Por favor...

-Adam...

Whataya Want From Me?Onde histórias criam vida. Descubra agora