Capítulo 2

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Ted estaciona o carro. Tommy olha o movimento da rua, alguns homens fumavam cigarros e mulheres com roupas curtas demais para o frio conversava, outra acabara de encontrar um cliente e entra no carro.

Tommy suspira, sabia o que viria pela frente.

-Eu vou parar com isso e você nunca mais vai colocar os pés nesse lugar.

-Eu estou cansado das promessas que você não cumpre – Tommy não olha para o irmão.

Seu rosto não doía mais, mas seu coração sangrava por dentro como todas as noites que teria que estar ali.

-Quanto você deve?

-Cinco mil dólares.

Tommy encara o irmão abismado.

-Cinco mil dólares?

-Tenho duas semanas para conseguir o dinheiro...

-Duas semanas?! – Tommy grita – Nunca vamos conseguir esse dinheiro, muito menos em duas semanas!

Ted segura o queixo de Tommy com força.

-Não grita comigo – Tommy encarava de perto o rosto de seu irmão – Agora vai lá e faça o seu trabalho.

Ted solta o menor. Tommy passa a mão no lugar onde foi apertado, ele desce do carro. O loiro caminha pela calçada, ele passa pelo grupo de rapazes.

-Que vadiazinha linda – um deles fala e todos ri.

Tommy olha em direção à rua, o carro de seu irmão já havia desaparecido. Ele abaixa a cabeça e para na esquina, o local não possuía dono como outros pontos. O lugar era livre e todos sabiam o que encontrar, era uma rua escura, mas bem movimentada, quem passava por ali sabia o que encontrar. Uma noite de prazer ou uma viagem em um bagulho.

Um carro branco para em sua frente. O vidro fume e a pouca iluminação impedia de ver quem era o motorista. O vidro logo é abaixado revelando um homem com o rosto bonito. Tommy joga a franja de lado fazendo charme, odiava o que tinha que fazer, mas precisava de dinheiro.

-Você sai com homens?

-Posso ser todinho seu – já havia pegado o jeito de falar como uma vadia barata. Tommy sorri de lado.

-Quanto?

-Me deixa te surpreender, depois você dá o seu valor.

Tommy ouve o som das portas sendo destravadas, o homem sorri sem mostrar os dentes. Tommy entra.

Adam se vira na cama. Não conseguia dormir. Estava intrigado pelo fato de Tommy não ter atendido sua ligação. Ele sempre atendia e dizia boa noite. Mas dessa vez não e a imagem do sorriso sarcástico de Ted passando o braço sobre os ombros de Tommy e o medo mal escondido em seus olhos, o fazia perder o sono. Nunca fora com a cara de Ted e agora muito menos.

Tommy deita na cama ao lado do desconhecido. Ambos arfavam e suas respirações eram audíveis. O loiro relaxa o corpo na cama, ainda podia sentir o homem em seu interior o estocando com violência. Mas ele poderia pagar uma boa grana pelo hotel que havia escolhido.

-Você é demais, loirinho – o homem fala recuperando a respiração.

Tommy senti os olhos se encherem. Não, não era demais. Usar seu corpo como fonte de renda para o seu irmão drogado. Ter as mãos sujas de sangue mesmo que por defesa. Ter a culpa como parasita em sua mente. Ter que mentir para o namorado, ter que o trair todas as noites para ter dinheiro... Ter que viver aquela vida vergonhosa. Passar por aquilo com várias pessoas todas as noites e levar uma surra sempre quando não recebe o suficiente. Mas nunca é o suficiente, muito menos agora que precisa de cinco mil dólares para salvar-se e salvar a vida do irmão.

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