Capítulo 9

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  -Sua boca está com um gosto horrível de cigarro.

Adam reclamou enquanto matavam um pouco da saudade que sentiam atrás do muro da escola.

-Mas agora ela vai estar com o seu gosto – Tommy o puxa para mais perto e beija novamente os lábios de Adam.

O maior estava com as costas apoiadas na parede e segurava a cintura do loiro. Tommy tinha os cabelos enroscados nos fios negros de Adam.

-Eu sei que você não ficou a noite toda na minha cama.

-Eu tive que voltar. Não avisei meu irmão que passaria a noite fora.

-É perigoso andar por aí a noite sozinho – Adam não tinha o mesmo brilho nos olhos.

-Eu sei, amor. Como você está?

-Bem – Adam força um sorriso.

-E a sua mãe?

-Ela foi para o trabalho. Estamos bem, gatinho – Adam afasta a franja loira do olho de Tommy – O que foi isso? Sua boca está cortada. Foi o seu irmão?

-Não.

-Tommy...

-Não foi ele, Adam. Deixa isso para lá.

Tommy se afasta um pouco do corpo de Adam que segura seu punho e o puxa de volta. Adam segura delicadamente e beija docemente os lábios do namorado.

-Eu te amo, Tommy. Por favor, se for o seu irmão ou qualquer pessoa que seja, por favor, me diga. Eu não gosto de te ver machucado e não gosto quando esconde coisas de mim. Seja o que for que esteja acontecendo com você, você pode me contar. Eu quero ajudar você. Eu te amo.

Tommy assente. Sentiu uma enorme vontade de chorar. De abraçar Adam e dizer que seu irmão viciado estava devendo para um traficante que o ameaçou na noite anterior. Queria poder dizer que, durante a larica, seu irmão havia comido os únicos ovos que tinha na casa. Dizer que seu estômago roncou de fome a noite inteira que não havia comido nada daquela manhã antes de ir para escola. Dizer que era culpado por Adam ter sido assaltado e dizer que havia roubado o anel que fazia Adam se lembrar do pai porque era a única coisa que tinha do mesmo. Dizer o quanto sentia falta da mãe que o abandonou. Dizer de todo o inferno que se passava pela sua cabeça quando se lembrava do que fez. Dizer que traía Adam todas as noites para ter o que comer. Dizer que estava cansado das noites mal dormidas, das surras do irmão, do cheiro da maconha. Dizer que muitas vezes desejou morrer. E dizer que, acima de tudo, amava Adam. Que aquele rapaz foi o único que lhe trazia segurança e um pouco de paz. Era o único a não o fazer desistir de tudo.

Mas começou a achar que não era o suficiente para Adam.

Então, com tudo ainda entalado na garganta e o coração sangrando de dor, beijou os lábios de Adam e assentiu. Adam segurou sua mão e juntos entraram para a aula.

Tommy não prestou muita atenção durante as aulas. Seu estômago roncava de fome. Além disso, pensou se Ted teria se esquecido da sua promessa e ter fumado um baseado. Ou se já teria vendido o anel. Precisava pensar em algo. Em uma forma de como conseguir tirar o anel do dedo de Ted e devolver a Adam. Precisava pensar.

O sinal do intervalo tocou e Tommy finalmente teve o que comer.

-Você estava com fome – diz Adam sentando-se ao seu lado – Não tomou café da manhã?

Tommy nega.

-Sai atrasado de casa – mentiu.

-Tudo bem, amor.

Depois da refeição, Tommy escapou de Adam para fumar um cigarro. Já estava viciado daquilo. Mal terminava um e pensava quando teria um tempo para fumar outro. Por isso foi até os fundos da escola e se sentou entre as latas de lixo. Colocou um cigarro na boca e o acendeu.

Whataya Want From Me?Onde histórias criam vida. Descubra agora