Troca de favores

Que comecem as chantagens.

Convocados no espaço colaborativo AMC (All Might Colab), parte da equipe se reuniu para esclarecerem os acontecimentos do caso do dia anterior logo cedo, antes de suas rotinas pessoais de rondas e chamados. O lugar era um prédio que administrava as missões mistas ocorridas entre heróis de diferentes companhias, onde os depoimentos e as provas eram recolhidos em conjunto. Ochako chegou logo depois de Deku e Shouto, que a esperavam no saguão. Juntos, logo foram encaminhados para a sala de reuniões.

— Amigos, trago notícias de Kouujin-chan. — Iida rompe pela porta da sala, em sua típica postura polposa e carregando diferentes pastas para colher as informações a assinaturas dos colegas. — Ela irá ficar internada na área psiquiátrica do hospital para avaliar os danos emocionais e depois receberá orientação familiar e será encaminhada para adoção.

— Adoção? Mas, ela não tem nenhuma família? — Ochako traz as mãos frente ao peito, mordendo os lábios em aflição.

— Infelizmente não, Uraraka. Parece que o vilão, o pai dela, a criava sozinho. Ele era conhecido como Kouunji, o sabotador. Contratado por empresas para sabotar negócios alheios. O shopping que estava sendo construído seria um grande concorrente de uma rede de mercados local e ele foi contratado para esse maldoso fim. Ele usava a filha para conseguir sorte nos negócios.

— A Kou-chan deve estar muito assustada. — Todoroki cruza as pernas, apoiando uma mão sob o queixo, contemplativo. — É muito difícil lidar com a traição de um pai, alguém que deveria ter dado confiança e proteção à ela.

— Shouto... — Deku e os demais observavam com tristeza o comentário do colega. Não era mais segredo para ninguém ali os ocorridos sobre a infância dele. — Crianças com traumas podem seguir por tantos caminhos obscuros. Isso simplesmente não deveria existir!

— Será que podemos fazer algo por ela?

— Acho que ela gostou bastante de você, Uraraka. Talvez uma visita a animasse — argumenta Shouto.

— Humm, isso me dá uma ideia. Onde está Bakugou?

Todos olham espantados para ela, com interrogações crescentes em suas expressões. Mas é Iida o primeiro a questioná-la:

— Uraraka, não acho que ele seja alguém adequado para...

— O Kacchan não é muito delicado com crianças, sabe?! — Interrompe Deku.

— Mas ele deve desculpas à ela!

Repentinamente, Shouto se levanta da cadeira, andando alguns passos a esmos e gesticulando para interromper Deku e Iida.

— Talvez Uraraka tenha razão. — ele olha o rosto de Ochako acender-se com o argumento. — Seria bom Kou-chan ver que alguém explosivo possa fazer algo de bom com isso.

— Exatamente! Bakugou é perfeito para a missão de mimos e presentes. — gesticulando animadamente, Deku a interrompe sinalizando para ela se acalmar.

— Uraraka, você tem sido um pouquinho abusada com o Kacchan, não? Tem certeza de que vocês não vão discutir ou sei lá? Ele é vingativo e tudo mais, talvez possa pegar pesado com você e...

— Haha! Eu tenho a chantagem perfeita, Deku. Bakugou não pode recusar nenhum pedido meu. — A garota pula da cadeira, digitando freneticamente em seu celular e, antes de enviar sua mensagem, ela conclui: — Você sabe que ele está na malha fina do público, né? Ele precisa de pontos, não vai recusar!

— Bom, isso vai ser, no mínimo, engraçado. — Todoroki, já recolhendo sua parte de documentos, encaminha-se para a porta, seguido de Iida. — E vocês podem se surpreender em ver Bakugou divertindo crianças. Ele leva jeito.

— Hahaha, eu gostaria de ter participado do exame de licença de vocês naquela época, Shouto! Deve ter sido incrível conhecer tantas individualidades de crianças e inspirá-las. O treinamento que vocês receberam foi único e...