Estranhos Hábitos

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Park Soon

Eu estranhava tudo ao meu redor, a sociedade era totalmente diferente não somente na questão dos sentimentos, mas também do tratamento diário, onde eu vivia era comum você se comunicar com alguém em uma fila fazendo uma pergunta ou tirando uma duvida, porém aqui você era olhado torto se elogiasse até uma estrutura interessante, com o passar dos dias naquele local eu realmente estava chegando a conclusão que terráqueos não se dariam bem de nenhuma maneira em TXV.

Naquele dia em especial eu resolvi sair sozinha, Namjoon era extremamente atencioso, por mais que eu soubesse que aquilo era sua obrigação já que eu era uma mera visitante em seu planeta, porém naquele dia eu não queria o atrapalhar, queria o deixar fazer as coisas que tinha vontade e talvez ver o mundo a minha maneira sem ter alguém contando o que eu poderia e queria sentir.

Ao andar pelas ruas e não ouvir os pássaros que eu estava acostumada a ouvir na Terra me senti levemente melancólica, tudo aqui era tão mecânico, tão frio e tão sem cor. Tons escuros predominavam ali, apesar de o céu querer quebrar aquilo com seu azul profundo, poucos pareciam notar a dadiva que tinham e eu cheguei a quase ser atropelada pelo fluxo de pessoas que iam e viam quando parei no meio do caminho para admirar a única coisa ali colorida.

Eu já havia entendido que conversar ali não era bem uma opção e me sentia sozinha por não ter ninguém que entendesse o que eu sentia, sim haviam arvores, haviam flores, havia uma fauna diferente e interessante, porém tudo parecia muito artificial, montado apenas para ajudar no oxigênio, e nas outras funções que deviam haver para ocorrer uma vida sustentável no planeta.

Sentada em um banquinho resolvi parar para pensar quando tudo havia se tornado daquele jeito, por que os criadores acharam que não ter sentimentos seria a saída correta, o porquê de as pessoas se afastarem tanta uma das outras. Sim tudo era extremamente correto, tudo era extremamente certo, tudo era impecável, mas faltava algo e sem aquela essência tudo era como maquinas trabalhando e vivendo sem um real sentido e sem admirar como a vida era curta e bela para se perder tempo sendo receptáculos vazios.

Soltei o ar fechando meus olhos, eu queria ir para casa, mas ainda restavam duas semanas, tentar me prender, não sorrir quando alguém passava, ignorar se alguém tropeçava, cumprimentar quando alguém passava era cansativo e parecia sugar minhas energias.

Em meio aos meus tristes pensamentos o telefone começou a tocar em meu bolso e o nome de Namjoon no visor me fez dar um leve sobressalto:

- Sim? – respirei fundo quando o ouvi que o mesmo andava apressado

- Onde esta? Eu vim a sua casa e não te encontrei, você está bem?

- Sim, eu só quis sair sozinha e olhar as modas, não se incomode tire o dia de folga.

- Mesmo sendo uma sociedade diferente ainda é perigosa principalmente para alguém como você!

Como eu? Não entendi o que ele falou.

- Eu estou na Rua Banks – olhei a placa – está tudo tranquilo, venha com calma.

O mesmo concordou e desligou a ligação e eu sabia que em instantes ele estaria ali e não demorou muito para isso acontecer, ele falava sem parar e passava diversas vezes a mão no cabelo por conta de seu nervosismo e eu ri por notar fios de sentimentos em Namjoon.

- Qual a graça? – ele me olhou sério

- Você... esta – respirei fundo – está nervoso!

- Claro! Você sai sem companhia e ficar por ai correndo risco e podendo se perder, vai que eles te perguntam e acham que eu te abandonei...

- Namjoon! – o chamei para realidade intrigada – por que eu correria risco e por que está tão nervoso?

- Mesmo sendo um novo mundo Soon-ah, as coisas aqui não são perfeitas!

Fiquei assustada com o que ele disse e apenas o segui quando o mesmo pediu para eu o acompanhar, afinal se ele estava demonstrando aquilo claramente sem nenhum medo e sendo duro e taxativo algo realmente não era bom e o preocupava de coração, porem em meio aquilo uma duvida me surgiu: Será que o mundo perfeito tinha rachaduras? E se tinha quais eram?

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