Reencontros.

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Todo mundo sempre diz que eu reclamo demais da vida. Talvez eles estejam certos. Ou talvez não. Eu reclamo porque tenho motivos, você sabe. Ah, desculpe você não sabe, ainda não te contei muito sobre minha vida, ok vamos lá:

1. Minha avó morreu esse ano e ela era muito importante pra mim.

2. Sou apaixonada por um garoto chamado Luan que me odeia porque eu o entreguei pra diretoria quando ele estava passando cola na prova de recuperação o que fez ele perder de ano (obviamente você sabe que eu não era apaixonada por ele nessa época)

3. Sofri um acidente quando eu tinha 9 anos junto com meu irmão Pedro, eu sobrevivi, ele não, e meus pais me culpam muito por isso.

4. Meus pais são super protetores comigo por causa do motivo acima, mas de um jeito rigoroso, eles as vezes parecem fazer isso por obrigação, não é como se fizessem isso por amor.

Ah, por último e não menos importante, estou nesse exato momento dentro do carro que está me mandando para um colégio interno onde vou ficar longe de todos os meus amigos. Tenho motivos para reclamar da vida? Claro que sim.

Enquanto o carro vai andando e as coisas vão passando me sinto mais longe ainda da minha vida, do meu lar, da minha cidade, do meu bairro, do meu mundo, será se vou aguentar?

Quem veio dirigindo foi um amigo do meu pai que eu esqueci o nome (e passei a viagem o chamando de "senhor" fingindo que era só por respeito)o filho dele também veio, ele estuda aqui, não disse antes porque não achei importante.

Saio do carro e ando até o porta-malas e espero o "senhor" vir abrir pra eu poder pegar minha mala. Mas, quem vem abrir é o filho dele, que se eu não me engano o nome é André pois ouvi o pai dele chama-lo assim na viagem, mas não tenho certeza.

Sinto que mais problemas estão por vir na minha vida quando ele vai me entregar minha mala e olha nos meus olhos. Só então percebo. Olhos verdes. Reconheço ele, não sei como, mas reconheço. É o garoto que eu vomitei em cima no dia mais louco da minha vida. Fudeu, penso inevitavelmente (desculpe pelo palavrão). Será se ele lembra de mim? Provavelmente não, já que não disse nada até agora. Talvez ele esteja fingindo por vergonha, ou por achar que eu vou ficar com vergonha. Estou muito confusa.

Pego minha mala e vou andando em direção ao portão do colégio, mas antes dou uma observada rápida na frente, os muros são bem altos e o portão bem fechado, não há brechas, e tudo parece tão limpo, me traz uma sensação de casa recém faxinada.

Vejo o portão abrir e logo o porteiro aparece, ele parece ser bem jovem, é másculo e bem alto. Pra falar a verdade imaginava um velho com barriga de cerveja. Ele pede minha identidade olha alguma coisa numa lista e libera minha entrada. Meu primeiro passo dentro do colégio faz meu corpo todo estremecer, sinto esperança. Quem sabe aqui eu não possa esquecer dos meus problemas e focar completamente em estudar? Acho que estudar num colegio interno talvez também tenha seu lado bom.

Como fazer alguém não se apaixonar por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora