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Lucas

Passado uns dias depois do incidente eu já me sentia totalmente recuperado. Precisava urgentemente ir para o escritório, as pessoas começavam a dar pela minha falta e não podia mais ficar longe dos negócios que tinha para tratar. Acordei mais cedo do que o costume e levanto devagar para não acordar a Manu. Tomo um banho demorado, visto qualquer roupa e desço para tomar um café rápido. Deixo a mesa posta para elas quando acordarem e pego uma rosa do quintal e coloco em cima da mesa. Pego as minhas chaves e vou em direção ao escritório. Cumprimento os conhecidos com um aceno de mão e entro. Abro o escritório e JP estava sentado analisando uns papéis.

Lucas: Tá dando uma de chefe, viado? - digo e ele me olha surpreso. Logo um sorriso se abre em seu rosto e ele vem até mim e me abraça.

JP: Você não devia estar repousando?

Lucas: Mais ainda? Estou pronto para voltar, estou me sentindo bem melhor. Que papéis são esses aí? - pergunto e sento na minha cadeira atrás da secretária.

JP: Cartell que mandou. São a escritura garantindo proteção, a oferta de 25% de todas as trocas que forem feitas para as nossas compras, E a oferta do posto a sub-chefe de toda a Gangue dele, com direito a 35% dos lucros diretamente para você.

Lucas: Puta... que... pariu.

JP: Você sabe que se aceitar vai passar metade do seu tempo viajando em negócios para outros países, certo? E será o dobro do perigo.

Lucas: Eu sei, eu tinha noção disso quando eu propus isto. E eu vou aceitar. Cara, sub-chefe. Quem sabe até vire chefe caso algo aconteça ou ele decida simplesmente abdicar de tudo. Você sabe o quanto que eu queria isso, o quanto o meu pai queria isso.

JP: Eu sei disso.

Lucas: Vou chamar o Menor - digo e ligo para ele pelo rádio dizendo para ele vir no escritório. 5 minutos ele aparece. - Eu vou aceitar. Mas vocês precisam me garantir que vão ficar de olho nas coisas aqui. Esse lugar não é meu, eu não sou dono disso tudo, NÓS somos.

Menor: Você sabe que pode sempre contar com a gente.

JP: Assina logo essa bosta!

Pego os papéis e assino. Agora não tinha volta a dar (nem eu queria). Eu era oficialmente sub-chefe da maior gangue do país.
Pouco depois ouço a porta abrir e vejo que era Bruna. Ela fecha a porta e vem até a minha secretária e senta em cima dela.

Lucas: Que merda tu tá fazendo aqui? Quem te deixou entrar?

Bruna: Me fala a verdade Lucas... você tá realmente com aquela garota?

Lucas: Aquela garota se chama Manuela e sim, ela é a minha mulher. Dá para sair agora que eu tenho mais o que fazer?

Bruna: É verdade que você tomou um tiro?

Lucas: É, e daí?

Bruna: Ficou marca? Eu posso ver?

Lucas: Quê? Não Bruna, sai logo daqui - digo já perdendo a paciência.

Bruna: Se mostrar eu prometo que vou embora. Minha irmã mais nova morreu com um tiro no peito... a bala ficou dentro dela e ela não sobreviveu. Lembro do buraco que ficou no seu peito - diz com uma voz triste e suspiro. Tiro a camisa revelando o meu ombro que ainda tinha um curativo.

Lucas: Tá aqui. - digo e ela se aproxima para ver. Retiro o curativo e mostro a marca que havia ficado em meu ombro. Ela se debruça para a frente e se joga no meu colo e me beija. Imediatamente levanto da cadeira e a empurro. - Você é louca, caralho? Era pra isso que contou essa historinha? Sai daqui e não ousa sequer se aproximar Bruna, eu vou dar ordens para te expulsarem à força se você tentar. Sai! -grito e ela sai com um sorrisinho de canto. Dou um soco com força na mesa e logo me arrependo pela dor que senti ao fazer isso.
Resolvo não sair para almoçar e fico ali mesmo. Peço algo pelo iFood e me foco na papelada que tinha na mesa. Enquanto faço uns telefonemas Manu entra na sala seguida de um segurança. Faço sinal para ela esperar e vejo ela sentar no sofá do canto da sala.

Lucas: Tá, às 8h terá o pagamento completo. Com certeza, até lá então... sim, 12 caixas... tá certo, brigadão aí irmão - desligo o celular e vou até Manu dando um selinho nela que me olha com cara de brava. - O que?

Manuela: Por isso que saiu sem avisar né... poderia ter ficado mais uns dias repousando Lucas, não teria problema nenhum.

Lucas: Já fiquei mais tempo do que era suposto eu ficar. Eu preciso conversar com você. Lembra que eu te falei sobre o lance do seu pai, que eu fiz um acordo com ele...

Manuela: Lembro sim.

Lucas: Então... ele me mandou uns papéis para assinar e eu assinei. Eu virei sub-chefe da Gangue.

Manuela: Espera... sub-chefe? Não era isso que você tinha pedido.

Lucas: Eu também fiquei surpreso, mas é isso aí. Farei todas as viagens agora com ele para as trocas e etc.

Manuela: Você vai em todas as viagens? Lucas... você sabe o motivo pelo qual eu e meu pai nos afastamos, certo? Você acha que ser amigo dele é fácil? A partir do momento em que você está com ele, você vira um alvo para muita gente.

Lucas: Eu sei disso, eu conheço os riscos, mas eu vou ter cuidado...

Manuela: E eu, Lucas? Você pensou em mim e na Kate? Eu me afastei dele para o bem dela, porque carregar esse nome é como andar na rua com um grande alvo pintado na testa. Você tá lembrado que Kate foi sequestrada, e que era para ser eu também?

Lucas: Manuela, eu não vou deixar nada acontecer com você, e nem com Kate...

Manuela: É, você já tinha dito isso e no entanto ela foi levada com a maior das facilidades e debaixo dos nossos narizes.

Lucas: Tá insinuando que a culpa foi minha? Não fui eu que deixei uma criança ir sozinha com um segurança que você nunca viu na vida que disse que EU o contratei ir "comprar sorvete".

Manuela: Ah claro, porque eu ia adivinhar não é Lucas? Quer saber? Vai se ferrar, vai em todas as viagens sim, é o seu funeral não o meu - ela diz e se levanta batendo a porta com força ao sair. Passei as mãos no rosto procurando me acalmar e respiro fundo. Não tinha como aquele dia piorar.

***

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