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Manuela

Cheguei em casa explodindo de tanta raiva. Não admitia que Lucas me falasse assim, muito menos para me acusar de ter sido a culpada pelo sequestro de Kate. Resolvo não pensar muito no assunto e assistir um pouco de tv. Ligo para Suzan que aparece depois de uns minutos com Kate. Elas se jogam do meu lado e ficamos assistindo desenho. Conto a Suzan o que aconteceu e ela fica surpresa.

Suzan: Que babaca, sério que ele falou isso?

Manuela: Com todas as letras. Só sei que ele não venha discutir comigo na frente de Kate que eu boto ele para correr. Como você tá com o João?

Suzan: Estamos bem, meus pais já se familiarizaram com ele e em breve vou conhecer os dele pessoalmente.

Manuela: Ele tem aquela pose mas é um amor. Precisamos sair, eu você, Vivi e Kate. Uma saída de meninas apenas.

Suzan: S-I-M. Mas olha, tenho que ir tá? João vai jantar lá em casa, quer ir?

Manuela: Não, já tenho comida pronta. Vai lá, bom jantar.

Ela se levanta, se despede de Kate com um beijo no rostinho dela e sai mas logo ela volta com um envelope nas mãos.

Suzan: Chegou correio, tava na porta. Beijo.

Coloco o envelope na mesa e vou até a cozinha aquecer a comida. Como não sabia se Lucas viria jantar deixei a comida dele na panela para não esfriar e comi junto com Kate. Depois de um tempo ela fica com sono e coloco ela para dormir, e volto para a sala para assistir. Depois de um tempo Lucas chega em casa e vai direto para a cozinha resmungando um "boa noite" seco. Só reviro os olhos e continuo assistindo. Ele pega comida e vem sentar na sala mas no outro sofá e se concentra na tv.

Lucas: Para a semana já faço a primeira viagem com o seu pai.

Manuela: Legal.

Lucas: Vamos mesmo ficar assim? Olha, me desculpa tá bom? Eu não quis dizer aquilo, eu estava irritado e não queria ter descontado em você. Me perdoa?

Manuela: Tudo bem Lucas.

Lucas: Me dá um beijo? - diz vindo sentar do meu lado e fazendo biquinho. Acabo rindo da cara que ele faz e dou um selinho nele - que envelope é esse? - pergunta levando o prato para a pia. Pego no envelope e olho para ver se dizia de onde era.

Manuela: Não sei, não deve ser as contas porque tá tudo em dia - digo e abro. Quando vejo o que tinha dentro o meu estômago embrulha. Lucas me chama mas fico demasiado paralisada para responder.

Lucas: Amor? Ei - ele diz tocando no meu ombro. Logo ele vê o que estou vendo e arranca aquilo das minhas mãos - mas que caralho?

Manuela: Que porra é essa, Lucas?

Lucas: Isso não é absolutamente NADA do que parece.

Manuela: Namoral Lucas, eu não quero ouvir nem discutir com você. Quero que você vá embora daqui.

Lucas: É o quê?? Tu só pode tá de brincadeira comigo.

Manuela: Arruma a porcaria das suas coisas e some da minha casa e da minha vida. Acabou Lucas, de verdade. Eu fiquei pensativa hoje logo quando você me disse que tinha aceitado trabalhar com o meu pai. É um perigo eu ter o pai e o namorado trabalhando com criminosos que querem vos matar e estar 24 horas com medo que algo aconteça. Isso não é vida, andar na rua sentindo como se estivessem me perseguindo, constantemente preocupada com a minha filha, e agora com você indo viajar durante semanas para outros locais. E estas fotos aqui? Só ajudaram para eu tomar essa decisão. Eu quero a porcaria de uma vida normal, com alguém que escolha a família ao invés do trabalho, poder estar em casa sem ficar rezando para o meu namorado não morrer cada vez que sai. Ficar pensando que você pode sair por aquela porta e não voltar mais. Então agora olha Lucas... não precisa se preocupar mais comigo, tem o caminho livre para ir para onde você quiser, ficar com quem quiser, não vou ser mais um peso que você tem que carregar. Acha que eu ia gritar e trocar xingamentos por isso? Não foi a primeira vez que tive um desgosto por causa de homem, e eu tenho uma filha que sempre será prioridade na minha vida - digo e retiro a aliança que ele me deu, colocando em cima do móvel e subo para o meu quarto, trancando a porta. Antes de deitar na cama tiro as minhas roupas e vou para baixo do chuveiro. Enquanto a água escorria pelo meu rosto e se misturava com as minhas lágrimas só pensava em sair daqui e ir para um lugar diferente onde o meu sobrenome não fosse um problema para mim e muito menos para Kate. Abriria mão de tudo para ter uma vida normal com ela. E se isso fosse o melhor para ela eu fá-lo-ia sem pensar duas vezes.

***

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