Capítulo III

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  Hoje não precisei que ninguém me acordasse, a cerimônia começaria às  dez horas então acordei mais cedo para me preparar.
  Termino meu banho e ouço o som de notificação no meu celular.

- Oi amiga,como você está? Desculpa não ter ido te visitar.

  Diana não foi me ver, nem ao menos me telefonou após o que aconteceu. Todos da cidade ja sabiam o que havia acontecido, minha avó recebeu várias ligações, nenhuma dela.

  Não perco meu tempo para reponde-la , coloco o celular sobre a mesa e escolho um vestido preto, de manga raglã, longo até  a altura da canela e peguei um salto algo que eu normalmente não uso. Reparti o cabelo como de costume e desci.

  Minha mãe estava com uma roupa super extravagante feito a mão por algum amigo estilista dela e minha avó totalmente simples.
Loren bebia algo, mas eu não dei importância. Vovó estava apenas olhando para o nada.

- Como você está?- acaricio  seu  braço  macio e ela sai do transe.

- Ah minha flor, ele era minha vida e agora não tenho mais nada,afinal você vai embora e não pense em ficar.- Seus olhos enchem d'água e escorrem rapidamente.- Eu o amava tanto.

- Eu também, vovó. Vamos viver e ser feliz por ele, era o que ele iria querer.- Digo e percebo que minha mãe está atrás de mim.

- Temos q-que ir para o fune...- Ela parece morgada ou...

- Você está bêbada??? Isso é sério? Hoje?- Falo meio alto e minha avó se assusta.

- Foi só um golinho.- Ela mal consegue se manter em pé.

- Você é muito sem noção, Loren. Nossa, eu te odeio demais. Eu e minha avó vamos agora, você vai depois ou em outro carro, só não se aproxima do meu pai, não se aproxima da cerimônia.- Ela parecia não se abalar muito e estar em outro mundo.

- Eu to bem, Katherine. Vamos lá.- Ela tropeça e cai no chão.

Seguro o braço da minha avó para  ela ter um apoio, pego a bolsa e a guio em direção a porta.

- Você não mereceu meu pai na vida e não merece na morte, porque você é podre.- Abro a porta e saio com a minha avó que não diz uma palavra. O carro já esperava a gente.

- Onde está a senhora Carter?- O motorista  dela abre a porta para entramos, e observa a porta esperando a sua patroa sair.

- Ela pediu para irmos na frente,  não deve estar bem. Tentando se recompor ainda. Depois que nos deixar lá, o senhor poderia voltar para buscá-la?

  Ele assente, eu e minha avó entramos no carro e o caminho todo ela não fala comigo, já esperava na verdade.

   Chegamos e vejo vários rostos conhecidos, pessoas da cidade que amavam meu pai, e quem não amava? Ele era bom com todos , tratava todo mundo bem. Totalmente diferente da minha progenitora.

   Somos recebidos com abraços e beijos, e vovó chora muito, ao contrário de mim que não derramou uma lágrima. Não sei explicar, é como se eu soubesse que é um sonho, e que vou acordar. Já se passaram três ou quatro dias que ele se foi, eu perdi a noção de tempo lá no hospital. Tudo é muito confuso e não, não melhora com o tempo.

- Rezemos.- o padre está ao lado da cova e eu não tenho coragem de olhar o caixão naquele buraco.

-Você vai conseguir jogar as flores?.Não precisa se não quiser. -Minha avó pergunta sussurando enquanto o reverendo continua sua prece.

- Eu consigo vó. -Ela entrega me entrega  três lírios numa mistura de rosa e branco.

  E chega a hora de jogar as flores em seu túmulo e quando eu me aproximo e o vejo, ele sempre ficou perfeito de terno.
  A última vez que o vi de terno foi na minha formatura do ensino fundamental, o que já faz dois anos.  
Agora ele estava bem mais pálido, sem seu bronzeado natural que era devido ao seu trabalho no campo.
  Talvez agora eu tenha percebido que ele se foi, pois eu chorei, estava quase que soluçando, mas tentava me conter.

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