Capítulo VI

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- Smith, o que você pensa que estava fazendo? Responde!- Ele segura meu braço com seu rosto vermelho talvez por ter chorado mas também por estar com raiva.

Ele continua me fitando, provavelmente, percebendo que não vou responder ele me puxa para o seu quarto e fecha a porta quase que agressivamente. Eu chego para trás apenas e dessa vez não revido sua grosseria, pois sei que estou errada.
Desde que não me encoste, aceitaria sua repreensão muito bem. Sou uma pessoa bem orgulhosa e cabeça quente, mas sei admitir quando estou realmente errada e daquela vez não havia discussão. Invadi seu espaço, e sua privacidade.

- Katherine, o que você ouviu?- Ele pergunta trincando o maxilar e com braços cruzados, bem mais intimidador do que no jantar.

- Nada demais, eu juro...- Assegurei olhando para baixo, começo a roer a unha (mania péssima, eu sei, mas quando estou desconfortável ou nervosa não dá para evitar).

- Você tem noção que eu nunca mais vou te tratar da mesma forma que te tratei hoje né? Estou falando do nosso momento de fraternidade.- Assinto com a cabeça e ele esfrega a nuca jogando o pescoço  para trás.

- Gabriel, desculpa. Eu só fiquei preocupada, você parecia estar mal.- Me aproximo e ele chega para trás.

- Pode apostar que nada nesse mundo justifica o que você fez.- Ele abre a porta do quarto esperando que eu saia.

Olho nos seus olhos e sussurro um "desculpa" mas ele respira fundo e vira a cara aguardando minha retirada.
Ando lentamente olhando para ele algumas vezes mas em vão. Assim que coloco meus pés para fora do quarto ele fecha a porta com todo seu ódio, me assustou, porém eu ando até o meu dormitório antes que alguém saia e queira me interrogar.
Agora que sei que é algo sério, fiquei mais curiosa, entretanto não vou vacilar mais uma vez com ele. O que eu fiz não pode ser desfeito, mas posso me redimir e solto um sorriso ao pensar sobre isso. Seria legal da minha parte fazer isso.
Entro para o banheiro e ligo a água da banheira enquanto procuro um pijama.
Me dispo e entro para me banhar e tentar relaxar. A água morna entra em contato com meu corpo frio e sinto uma enorme satisfação, inclino a cabeça para trás a encostando onde havia colocado uma toalha para ser mais confortável. Eu precisava desse momento.

Após algum tempo (o suficiente para me fazer não saber o quanto passei ali dentro d'água) eu me levanto enrolada na toalha e me visto pronta para deitar.
Encaro meu reflexo no espelho e vejo apenas uma garota, uma garota de dar pena. Vestindo seu pijama de elefante e com um semblante triste.

"E se eu pedisse ajuda...ajuda profissional"

Não acredito que estou tão debilitada, quando era menor, frequentei um psicólogo por conta do abandono que sofri da minha mãe. Eu era rotulada como louca.
Pessoas de mente fechadas, temem o que não entendem. Sei que é verdade mas é bem deprimente quando você é chacota e bem difícil de acreditar nisso.
Queria gritar, perder alguém já é difícil, agora perder o amor da sua vida por culpa sua é pior ainda...
Mas que droga, estou novamente chorando, agora é quase como se eu nem conseguisse mais controlar isso. Não quero ser a pobre coitada da história, muito menos que sintam pena de mim, preciso me conter e rápido.

Deito na cama e observo o teto mesmo com a escuridão da noite tomando conta do meu quarto, dando apenas umas frestas de luz ao balançar da cortina da janela. Sinto meus olhos cada vez mais pesado, fechando contra minha vontade. Ainda tenho tanto medo, não quero ter que viver com esse terror para sempre. E se tivesse um jeito de fazer tudo parar.

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Abro meus olhos lentamente e olho para o criado mudo ao meu lado, 11:38. Sento na cama, ainda me espreguiçando, junto minhas mãos e esticando o braço.
Ando sonolenta até o banheiro para suprir minhas necessidades matutinas. Lavo meu rosto e escovo os dentes.
Depois do café, tomo um banho e troco de roupa. Penso comigo mesma e abro a porta após fazer um coque mal feito.

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