II

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*Não revisado*

Não existia lugar mais belo e que transmitisse tamanha paz como aquele, para mim era um paraíso íntimo.
As flores em puro ouro harmonizavam com o verde da grama à baixo do meu corpo, o pequeno riacho quase translúcido parecia que carregava vários filetes de raios solares, cada aspecto daquele lugar pincelava a incrível aquarela secreta.
Me sentia submersa em tamanha perfeição, a natureza sempre me despertou encanto e amor, não sabia se era pela minha origem e propósito, mas não havia nada no mundo que me desse mais felicidade como aquilo.
Adorava fazer minhas caminhadas pela relva, e observar os animais se movendo, era uma distração. Eu sabia que não podia passar o dia todo escondida no meu jardim particular, tinha que cumprir obrigações.
Desde pequena aprendi sobre o valor do meu propósito, zelar e proteger todo ser vivo. Os humanos chamavam meu povo de muitos nomes; Ninfas, fadas, monstros da floresta e etc.
Carregavam um certo medo de nós, por manusearem o Jinn. Essa animosidade entre os Guardiões e os humanos durava séculos e por conta disso, nosso povo decidiu se isolar nas profundezas das florestas para evitar qualquer confronto.
Para viver em harmonia longe das perversidades dos humanos, e eu sabia muito bem quais eram, experimentei na pele.

Levantei da grama e limpei meu vestido rosa, adorava aquela cor e como harmonizava com o dourado dps meus cabelos. Caminhei para meu posto, em uma visita matinal por toda a extensão que era responsável, deveria vigiar e assegurar que cada animal e planta estivessem bem.
Meus olhos vasculhavam qualquer mínima imperfeição, o poder que exalava do Meu interior era exclusivo para curar a natureza e protege-la.
De longe avistei um cervo correndo assustado, talvez estivesse correndo de algum predador porém eu precisava averiguar, vez ou outra algum humano vinha procurar animais para caçar. Não havia problema em matar para sobreviver, era o equilíbrio da vida, contudo os caçadores que se aventuravam por aquelas florestas procuravam os animais raros que lá viviam para lucrar ou matar por puro prazer.

Me aproximou com leveza por entre as árvores para observar o local de onde o animal havia surgido, não havia notado nenhum vestígio humano. De repente, ouvi um grunhido bem alto vindo da direção em que o cervo havia corrido, segui ele pela floresta até encontrar o animal caído no chão, ferido.
Uma grande úlcera enegrecida se depositava nos lombos do animal, uma mancha se espalhava por toda a extensão do machucado.
Fiz o possível para acalmar o animal, estendendo minhas  mãos para curar aquela ferida incomum, a carne começou a cicatrizar até que todo o tecido estivesse revitalizado.

Mas a marca negra ainda estava ali.

O animal levantou-se em um pulo e partiu em disparada, o que era péssimo porque eu precisaria ir atrás dele depois, não antes de compartilhar aquela situação com
Jasper, apenas ele poderia dar respostas sobre aquilo, eu sabia que ele possuía grande sabedoria, um grande Mestre que havia me educado desde a infância. Era a única figura paterna que eu conhecia, ao contrário dos humanos, os Guardiões nasciam da Grande Árvore da Vida, semelhantes a brotos. Não havia pai, mãe, irmão e irmã, apenas uma comunidade que estava conectada, interdependentes. No Vale das Rosas Brancas, onde a aura sempre era harmoniosa, tudo era dividido e todos eram amáveis uns com os outros. Sem conflitos.

Muito diferente do reino dos humanos.

Ao chegar na aldeia, me detive para contemplar as casas ovais, construídas nos topos das árvores similares aos ninhos das aves, me dirigi para o lar de Jasper. Ele estava sentado admirando um pequeno livro em suas mãos.

- Olá meu querido! Não queria lhe atrapalhar, mas preciso contar algo a você. - Depositei um beijo na bochecha envelhecida de Jasper. 

- Você nunca atrapalha, minha florzinha, estava apenas alimentando a mente com boas palavras, diga-me o que você viu em sua vigília. - Jasper fechou o livro para se atentar para as minhas palavras, o movimento fez um farfalhar em suas vestes de marfim dando um ar gracioso para sua figura. Lhe contei o que havia presenciado, cada detalhe, e o velho Guardião ouviu atentamente com o semblante compenetrado. - Isso não parece bom. - Disse após o meu relato.
- Acha que os humanos tem alguma coisa haver com isso ? - Sabia o quanto os humanos poderiam ser engenhosos, não poderia mais ficar surpresa com a capacidade que eles tinham de destruir tudo em que tocavam.
- Não me parece obra dos humanos, essa ferida tem vestígios de magia, os humanos não possuem Jinn. - A expressão de Jasper se tornou nublada, parecia que aquilo era algo muito ruim, seu olhar estava nos seus livros. - Devo investigar em meus materiais alguma descrição que possa nos ajudar a descobrir o que aconteceu. Volte para a floresta e vá atrás do cervo, traga-o para mim, preciso examina-lo. - Eu entendia a urgência daquele pedido mas também compreendia que se houvesse algo de obscuro no que havia acontecido Jasper iria desvendar.

Ao voltar a floresta a procura do cervo, refleti sobre as palavras de Jasper, se nenhum humano era capaz de ter feito aquilo pela ausência do Jinn, então apenas um Guardião conseguiria, afinal, eramos os únicos que detinham aquele poder. Mas nenhum Guardião seria capaz de ferir um animal. Tinha algo de muito errado.
Fui tirada de meus pensamentos com um estardalhaço sonoro, corri para verificar e me deparei com três Guardiões tentando se defender de uma fera monstruosa, nunca tinha visto aquela espécie, existia algo tenebroso nela, uma deformidade com chifres longos e afiados.
Os Guardiões com muito esforço desviavam-se dos golpes mortais da besta, não eram treinados para luta, estavam em apuros. Movi os troncos das árvores próximas que se estenderam e se direcionaram para o monstro, meu golpe surpresa acertou a cabeça do bicho, que caiu estrondosamente no chão.
- Vão chamar Jasper e Dália, depressa! - Gritei para os três rapazes a minha frente, como se estivessem em transe me olharam espantados. - Não fiquem aí parados, ele pode acordar a qualquer momento! - Finalmente despertos partiram em disparada.
Ao meu comando as grandes raízes se envolveram em volta da fera para contê-la se caso acordasse. Meus olhos examinaram a criatura desmaiada e notei uma marca negra familiar.

Aquela aberração de alguma forma era o cervo que eu havia salvado mais cedo.

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NÃO esqueçam dos seus votinhos, beijiiiinhos!

KAI

JASPER

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JASPER

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Pandora - A Ruína Da Meia Noite.Onde histórias criam vida. Descubra agora