* Não revisado *
A minha cabeça estava em uma eminente explosão e a reunião de diretoria contribuía para o meu estado de irritação. Meu amado pai deixara a cargo da empresa depois de sua morte, assim como muitos bens materiais, que me classificavam como um bem afortunado. Porém, não era como eu enxergava, era apenas uma vida, abençoado por um lado e maldito por outro, e eu sabia muito bem disso.
Minha infância foi impecavelmente regida pela melhor educação que minha mãe poderia escolher, aquela havia sido a única ligação que tinha com ela. Meu pai era tão distante quanto ela, apenas em eventos grandiosos da empresa, eles demonstravam certa afeição, uma imagem de família perfeita devia ser passada, um grande teatro para mim, em que eu deveria ser um excelente ator.
Esfreguei as têmporas agradecido por aquela reunião infindável ter chegado ao seu fim, me desloquei para minha sala em busca de um momento de paz mas fui interrompido.
- Essa cara não está das melhores, já sei o que você precisa.
- Hoje não Isaac, ainda preciso assinar alguns papéis. - Nas minhas diversões noturnas Isaac sempre me acompanha, havia se tornado um grande amigo desde a faculdade, e hoje meu funcionário. - O que é uma pena, já que é por causa da minha presença ilustre que você consegue atenção de alguma mulher.
- Deixa de ser convencido Eli, minha inteligência é meu grande atrativo. - Isaac bufou cruzando os braços.
- Mas ninguém vê inteligência, não é? As pessoas vêem a aparência. Não precisa chorar, amanhã eu te acompanho. - Dei dois tapinhas na costa de Isaac e me senti na cadeira com um sorriso convencido no rosto.Todos os funcionários já estão se preparando para ir embora, mas eu permanecia plantado na minha cadeira, lendo os papéis tediosos, minha concentração era totalmente direcionada para os contratos em minhas mãos, ninguém poderia negar que eu era ótimo nos negócios, após a morte do meu pai os lucros aumentaram significativamente, periodicamente lia nas revistas os elogios a minha habilidade com pouca idade.
Como não poderia ser bom?
Em meus estudos exaustivos, ao menor erro sofria uma punição, tudo graças ao laço que meu pai construiu, embasado na agressividade e castigos, o renomado senhor Augustos, acreditava que somente uma criação rigorosa poderia ajudar a me preparar para os desafios que eu enfrentaria em minha vida e profissão.
Não houve espaços para rebeldia, não antes de eu ter coragem o suficiente para enfrenta-lo quando necessário, porém sem exageros, não poderia duvidar das suas ameaças nos momentos da cólera.
Minha mãe, sempre omissa frente às agressões e crueldades do marido, até mesmo quando as palavras não eram suficientes e ele se excedia, não somente com ela mas comigo. Eu nunca entendi quais as razões de se manter casada se era claramente infeliz, até certa idade cheguei achar que ela ainda permanecia firme por mim, contudo logo percebi que isso era uma ilusão, quando sem o menor aviso ela viajou definitivamente para uma de suas diversas mansões na Europa, me deixando sozinho com meu pai. A última vez que eu a vi foi no funeral do me pai, após este dia prossegui com a minha vida sem inclui-la, não a procurei porque que não poderia estragar sua tão apreciada liberdade com minha presença.
O que eu mais odiava era que a cada dia eu me tornava mais parecido com ele, e essa idéia me assombrava por ter a possibilidade de ter o mesmo destino, fadado a uma existência presa ao trabalho sem me importar com mais nada.
Repentinamente um vento forte soprou fazendo com que todos os papéis voassem, mesmo que as janelas estivessem fechadas.Meu olhar vasculhou o ambiente tentando encontrar uma explicação para aquilo, ponderando se valia a pena ficar assustado, mas antes de tomar uma decisão a porta se escancarou estrondosamente.
- Certo, agora as coisas ficaram estranhas. Seja lá quem for, foi brilhante, mas já pode aparecer. - Andei lentamente para o corredor a procura de alguém. Nenhuma alma viva.Além de todo aspecto do lugar, antes iluminado e convidativo ter inexplicávelmente se tornado escuro e assustador, eu estava me convencendo de que Isaac devia ter armado algo para pregar uma peça, todavia meu amigo não teria a coragem de ir tão longe.
Quem quer que tivesse planejado aquela pegadinha era muito habilidoso, eu daria os parabéns logo após entregar a carta de demissão, sempre fui agradável com os funcionários mas tudo tinha limites.
Alcancei o telefone na bancada da recepcionista e disquei para o segurança, estava mudo.
Nunca me considei um homem medroso, porém comecei a repensar se não deveria correr dali o quanto antes.
Em um lampejo de razão e coragem, desisti de tentar compreender o que estava acontecendo, me convenci de que tudo não passava do poder do cansaço e da minha mente para pregar peças, voltei para a minha sala para retornar ao trabalho. Ao passar pela porta tudo havia mudado.
Eu estava em uma floresta
- MAS O QUE É ISSO?!?! - Encarei o lugar ao meu redor assombrado, sem entender absolutamente nada.
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Pandora - A Ruína Da Meia Noite.
FantasíaA escuridão nunca esteve no lado de fora. Seis vidas que estão ligadas pelo laço do destino enfrentam um inimigo em comum, pelo bem da vida em todos os mundos. Uma aventura pelos povos, reinos e mundos fantásticos. E para além, uma jornada para de...