Capítulo 1- 5

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Quando acordei Josh já estava lá em baixo, me vesti, maquiei, fiz um babyliss e coloquei uma elástico de cabelo no pulso, coloquei lenços umedecidos no bolso, os All Star novo na mochila, e o salto no pé, desci as escadas.

-Caramba, achei que a patricinha . . .

-Digamos que a patricinha vai morrer hoje!

-Não. . . não fale assim!-disse Josh desviando o olhar.

-Desculpa irmão, me expressei mal, eu quis dizer que hoje vou me despedir do que eu era.

-O que vai fazer?

-Te conto depois.

-Por favor não faz eu ser chamado na escola!-disse ele unindo as mãos.-Não sabe o quanto é torturante ouvir o diretor falar comigo como se eu fosse. . .

-Nosso pai?!

-Não foi o que eu quis dizer, quer saber, você faz o que tem vontade, se me chamarem eu vou lá!-ele me deu um beijo na cabeça.

. . .

Desci na frente da escola, todos me olhavam com cobiça, desejo, inveja, nojo, raiva, eram tantos rostos que parei de prestar atenção quando vi Mark, sorrindo fui até onde ele estava.

-Bom dia!-falei.

-Eileen?!-disse ele surpreso me olhando.

-Posso te pedir um favorzinho de amigo?

-O que quiser!

Tirei meus All Star novos da minha mochila e o fiz esconder dentro da dele.

-Hoje na hora do intervalo vou precisar que me alcance eles.

-O que vai fazer?

-Cutucar macacas com a vara curta.

-Não seriam onças?

-Não, a onça sou eu!-falei rindo.

-Se me permite dizer, você está deslumbrante hoje!-disse ele com as bochechas coradas.

-Viu, você é um príncipe!-falei lhe dando um beijo no rosto.

-Só você pra dizer isso, já sei, você tem astigmatismo.

-Para Mark!

-Não, alguma coisa você tem em seus olhos, agora o que é não sei.

-Só caí na real!

-Sei, te vejo no intervalo.

-Até!-peguei as minhas coisas o mais rápido que consegui pra andar entre a multidão e não ser notada.

Na aula Clarice e Rafa queriam comer meu fígado, eu sorria como se as esnobasse. Idiotas. O sinal tocou e eu sai antes delas, sentei em cima da mesa do meio do refeitório e esperei aquilo estar cheio de gente, tamborilei os dedos ansiosa. Então vejo as duas entrando com o pescoço erguido me procurando.

-Aí pessoal, podem me da um pouco de atenção aqui?!-gritei e muitos pararam pra me olhar, o silêncio recaiu no refeitório.-Muito obrigado, quero chamar a atenção de vocês pra falar uma coisa que está me incomodando sabe, como vocês todos sabem eu criei uma panelinha chamada "Rosas de Salto" cujas minhas amigas acham que são donas do nome, mas elas nem mesmo sabem o significado do nome, antes da minha mãe morrer, e sim eu fiquei órfã de mãe e de pai, e bom, não sintam pena por favor, eu só quero explicar o que elas não sabem, minha mãe amava saltos e tinha uma coleção deles assim como eu, e ela sempre me dizia que toda mulher era uma rosa, bonita, com a pele sedosa e elegante, mas cheia de espinhos, estes machucam os outros e demonstram o quão perigosas podemos ser, pois bem, ontem quando eu saia daqui as duas ali!-apontei.- Quebraram o salto do meu scarpin. .  .

-É mentira!-disse Clarice.

-Silêncio que eu estou falando!-comecei a passar os dedos por entre meu cabelo e o prendi enquanto falava.-Bom meus amigos, vocês sabem que eu nunca fiz bullying com ninguém, se elas fizeram não é problema meu, mas quero dizer que as pessoas mudam -peguei um lenço umedecido e comecei a limpar a maquiagem do meu rosto.- a gente passa a perceber quem são nossos amigos de verdade, passamos a ver que não queremos ser como todo mundo, queremos ser diferentes, queremos crescer e se recuperar da dor e se reerguer e recomeçar de novo e se não der certo, de novo e de novo.-terminei de limpar meu rosto e tirei meus sapatos na mão sentada na mesa.-E tem uma coisa que as pessoas não entendem é que ninguém pode fazer escolhas por você!-quebrei o primeiro salto.-Ninguém vai fazer escolhas por mim porque se acha superior a mim ou a qualquer outra pessoa!-Quebrei o outro estendi a mão e Mark me alcançou os tênis, comecei a por as meias que estavam dentro deles.

-Ta fazendo tudo isso porque ta apaixonada por esse gordo nojento!-gritou Clarice.

-Isso!-gritei apontando pra ela.-Isso se chama desespero, fazer bullying pra esconder o quanto são fracas, uma máscara que qualquer imbecil e escroto usam para esconder suas inseguranças e fraquezas, muito legal não acham?!-Segui colocando os tênis.- Sabe, amigos, eles deveriam ficar ao lado da gente quando a gente precisa, assim como eu faria e fiz. . . não que eu esteja jogando nada na cara de vocês, porque tudo o que eu fiz foi de coração e acho que vocês se esqueceram de tudo que eu fiz e sei de vocês, mas isto não é uma ameaça e sim um lembrete -me levantei e coloquei o pé numa cadeira Mark viu meu tênis desamarrado e veio fazer o nó.-Amigos ajudam, obrigado por sua gentileza Mark.

-Merece.-sorriu ele.

-Amigos fazem falta na vida da gente, mas também não fazem, não quando estes fingem ser o que não são.

-Você!-apontou Clarice pra mim.-Você!-ela apertou a boca com ódio.-Vai me pagar por isso!

-Vejam só o que a maldade humana é capaz de fazer, o que eu fiz além de uma escolha aqui em frente a vocês, eu apenas me abri pra vocês não foi?

"-Foi" "Está certa" "é isso ai" começaram a me aplaudir no refeitório e as duas saíram dali sem eu ver. Mark sorriu tímido e eu fui até ele e o abracei.

-Você é melhor que todos eles Mark, não perca sua essência!

-Você também não Leen.

Dei um beijo na bochecha dele e sai do refeitório me dando de cara com o diretor e a coordenadora.

Fudeu, pensei pra mim.

Um All Star para recomeçar - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora