Lie to Me (jjk + kth) - Concluída

I is for Inutile

Inutile

inútil

1. que não vale a pena

2. infrutífero, vão.

Taehyung estava sentado há uma hora dentro do seu carro. Quando não achava que tinha mais lágrimas, sucumbia ao choro de novo. Segurava o volante em um aperto mortal, como se ele lhe desse sustentação. 

Fez de si um tolo de novo. Deixou Jungkook o levar para a cama em um piscar de olhos, sendo que mal tinha alguma experiência com relacionamentos, mal sabia lidar com o trauma de seu primeiro beijo. Foi compelido pelas mãos profissionais de Jungkook e por isso tinha apenas a si para culpar. Deveria ter se preservado mais. 

Balançou a cabeça. Não. Ele era a vítima da situação, e queria apenas ter tido alguns momentos de prazer – e oferecer prazer para Jungkook também. Não iria culpar-se por ter sido usado da maneira que fora. 

A resolução de não culpar-se, entretanto, parecia inútil em partes. Sua mente continuava lhe dizendo que tudo acontecia porque ele não atraente o suficiente, interessante o suficiente. Sentia-se sujo, como se aquilo fosse punição por agir em sua sexualidade. Era irracional, mas não conseguia afastar tais ideias.

Tentou controlar a respiração errática em vão: sentia uma dor no peito física e uma tontura que lhe dava a impressão que poderia desmaiar a qualquer momento. Conhecia os sintomas de uma crise do pânico.

Não iria conseguir dirigir assim. Mas, não queria deixar o carro ali. Não voltaria nunca mais ao prédio de Jungkook se dependesse de si. Nem podia ir para a aula naquele estado, muito menos à sua casa, onde Hyungsik também morava. Senhor, não gostaria nem de começar a pensar em Hyungsik e suas motivações. Nada do que ele fizera parecia bem intencionado. 

Quem pagava um garoto de programa para tirar a virgindade do próprio irmão? 

Em meio a todas as emoções, encontrou uma nova: medo. Medo dos limites que Hyungsik não parecia ter, do perigo que ele podia representar.Ele teria que descobrir as intenções do irmão, uma hora ou outra. Ele reconhecia que Hyungsik era o principal culpado da situação… Ele obviamente tinha planejado algo e Jungkook havia sido apenas o meio para um fim. 

Entretanto, por algum motivo, a mentira de Jungkook doía mais. Taehyung tentava não reconhecer esse motivo, o afastando de todos o seus pensamentos, mas as palavras de Jungkook ressoavam em seus ouvidos como um disco quebrado. 

Eu me apaixonei por você, Taehyung. 

Por hora, ele só queria encostar sua cabeça em um travesseiro, fechar os olhos e esquecer de tudo. Só tinha uma pessoa que podia contar.

O telefone tocou algumas vezes até a voz sonolenta atender, um alô abafado confortando Taehyung. 

– Jimin? – a voz afogada de Taehyung imediatamente levou o outro a um estado de alerta. 

– Tae?

– Jimin. Está doendo, sozinho… Sozinho eu não consigo mais. 

– O que aconteceu?– o amigo perguntou, sua voz cautelosa.

– O Jungkook, ele... Eu estava no apartamento dele. – Taehyung tentou, mas seus soluços estrangulavam a frase.

Jimin decidiu que as explicações poderiam ficar para depois. 

– Você está com o seu carro?

– Estou dentro dele, estacionado em frente ao prédio.