O is for Onward

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Onward
adiante
1- seguir em frente
2- para a frente, de modo a seguir a direção dianteira: vamos adiante.

A ociosidade para quem tinha algum vício era perversa. Jungkook percebera que não importava o número de pequenos hobbies que ele tivesse, ou o número de vezes que saísse para correr durante o dia, a vontade de injetar nunca ia embora por completo.

A picada da agulha em seu braço referente à última vez que se drogara não tinha cicatrizado como de costume. Um ponto arroxeado formava-se na região, e ele soube que havia provocado um dano ao seu vaso sanguíneo. Era bastante comum para quem injetava muitas doses. 

Ele sabia que tinha de parar. Que sua vida estava começando a girar em torno da vontade de usar, invadindo o seu cotidiano mais do que gostaria. Principalmente dado seu grau de ansiedade pelo que tinha acontecido com Taehyung.

Sentia a sudorese cada vez mais intensa. Estava deitado em sua cama, sem roupas. Não era um dia quente, mas ainda assim encharcava os lençóis com seu suor. Precisava de um tratamento especializado, fora de sua casa, em uma clínica. Sozinho ele não estava conseguindo.

Pegou o celular. Checou algumas clínicas, levantou os preços cobrados. Chegou a conclusão de que se quisesse ser aceito imediatamente teria que desembolsar uma quantia altíssima, principalmente ali em Nova York. Verificou em algumas outras regiões, e constatou que de fato o valor era mais razoável, ainda que impagável para ele no momento. 

A ansiedade era também aumentada pela preocupação. Queria acima de tudo saber como estava Taehyung, o que Hyungsik queria com ele e como potencialmente poderia feri-lo. 

Poderia fazer algo concreto na situação? Era difícil pensar em como proteger Taehyung sem se aproximar. A não ser…

A não ser que aproximasse de Hyungsik. Talvez, usando o veneno dele contra ele mesmo: seguindo-o. O único problema é que não fazia ideia de como perseguir alguém.

Pensava muito em redenção, também, e em como poderia alcançá-la.

Teria que devolver o dinheiro que havia recebido para dormir com Taehyung. Mas estava vivendo dentro da metade dele: havia usado cem mil para pagar a hipoteca do seu apartamento. Seu emprego não era um emprego realmente, não mais. Se antes achava que era o melhor em oferecer sexo, agora nem sequer conseguiria tocar em outra pessoa que não fosse Taehyung, pois para o seu coração era o mesmo que cometer uma traição.

Como devolver o dinheiro a Taehyung dessa maneira? E provavelmente ele não iria nem querer ver a face dos duzentos mil, pois a quantia o lembraria como Jungkook a tinha obtido. Devolver para Hyungsik parecia sem sentido. Poderia fazer algo com o dinheiro que não beneficiasse a si próprio. Doar para caridade, talvez.

Olhou ao redor, para o que tinha de maior valor monetário. Era doloroso pensar em vender o imóvel, pois adquiri-lo tinha sido o seu sonho dos últimos anos. Conseguia lembrar da empolgação que sentiu quando finalmente o corretor lhe entregou as chaves do apartamento. Lembrava dos numerosos apartamentos que visitara, nenhum alcançando o que havia sonhado. Decorar o lugar tinha sido divertido, e possuía certo apego a tudo.

Todavia, hoje quando olhava para as paredes marmorizadas, os móveis luxuosos, a iluminação planejada… Nada daquilo lhe trazia felicidade. Tudo parecia frívolo e sentia-se mais preso do que confortável. O aroma da sua cozinha não era convidativo, ele não tinha com quem compartilhar o sofá. Ele não tinha Taehyung, e o vazio deixado pela sua ausência era impreenchível com bens materiais. 

Ele poderia abrir mão de toda utopia que criara nos últimos anos, esquecendo do luxo para tentar encontrar felicidade verdadeira?

***

Lie to Me (jjk + kth) - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora