Capítulo 16

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Aquela minha fase estava perdendo o controle, estava saindo do limite. O tempo ia passando até que me dei conta que já era Julho. Parei para analisar, o que eu estava fazendo trocando meu ano de aprendizado na escola por festas e baladas, parei pra pensar em tudo isso e tirei a conclusão de que fiz uma boa escolha. A rua, a noite me faziam muito bem, me divertia mais do que imaginava e estava conseguindo mater a palavra de que mudaria meu caminho. Em todas as festas, minhas amigas e amigos sabiam que eu estava no limite quando eu começava a chamar por Miguel. A cada 10 palavras, 11 eram o nome dele, eu olhava pra todos a minha volta e via o sorriso dele. Nunca o encontrei nem por acaso. Um dia, tive um delírio de ter visto Miguel na balada, segui o rapaz, mas quando vi que não era ele, me decepcionei muito. Só queria reencontra-lo, mas eu só pensava isso quando já não estava em sã consciência. O famoso Miguel nunca visto por ninguém já era conhecido por meus amigos, pelo fato das minhas crises ridiculas e melancólicas de choro em público. Eles acreditavam que talvez fosse um mal entendido e que eu deveria procurar Miguel. Ah, era mais fácil eu parar de beber do que ir atrás dele. Isso jamais aconteceria. Era ridículo essa lógica dos meus amigos.

Passavam se noites e noites cheias de pessoas vazias. Que só queriam beber, e dançar. As vezes eu pensava que aquelas pessoas todas poderiam estar sofrendo por alguém que não da a mínima pra elas também. Eram tantas pessoas! E são tantos amores jogados fora. Podia ser real. Talvez não fosse só eu. O álcool, não estava bom o suficiente para me fazer esquecer de Lannys. Pode ser clichê, mas eu bebia, e lembrava dele, então chamava por ele, chorava por ele e me arrependia de ter dito aquele "não" no dia dos namorados . Fui me envolvendo com mais pessoas, até que os drinks das baladas não estavam satisfazendo a minha sede de loucura. Me envolvi com meninas, que usavam drogas. No começo, eu e minhas amigas não queriamos nem saber desse tipo de coisa. Nós não misturavamos as coisas, mas como sempre eu, era pra frente e desandava tudo. Eu gosto mesmo do perigo, de me aventurar, gosto do proibido. Num sábado a noite tive a péssima idéia de querer experimentar. Não tinha bebido nada ainda, chegamos na balada na Florida mesmo, nós ficávamos meio que em "bando" eram mais de 17 amigos juntos. Faziamos nosso ritual da noite, chegavamos e iamos direto pra pista, depois começávamos a beber. Encontrei uma amiga de Hudson, a cidade vizinha. Vi ela feliz rindo a toa dançando com um copo na mão. Qual era meu problema ? Porque eu não poderia ficar assim, feliz igual a ela? Eu bebo alguma coisa, lembro dele e choro! Não quero chorar nem sofrer mais do que sofri por ele. Quero rir igual a ela, esquecer dele e rir. Apenas sorrir quero ficar feliz, não triste. Fui então até a ela e perguntei o que ela estava bebendo que ela estava tão alegre. Ela gritou no meio daquela música eletrônica :

- Amiga to bebendo água!

- Quero beber água então! Se for pra sorrir e ficar feliz. Cansei de chorar.

- Amiga, não é bem só a água.Eu experimentei uma coisa ai, e da muita sede, por isso vou só de água.

- Quero experimentar também!

- Certeza ?

- Claro! Chega de lágrimas. Vou esquecer o Miguel pra sempre.

Bárbara me levou até o banheiro e tirou da bolsa um pino com um pó branco. Sim cocaína. Arrumou aquele pó em fileiras, fez um canudo com papel e aspirou pelo nariz. Nunca vi aquilo em toda minha vida.

Mas se ela fez, e se ela estava feliz com aquilo, eu poderia fazer também. Eu conseguiria também. Então ela perguntou novamente se eu tinha certeza. Afirmei com a cabeça que sim e repeti o que ela fez. Bárbara tirou mais um pino de sua bolsa, esse com um pó meio amarelo, diz ela que esse era um pouco mais forte não liguei, e fizemos tudo de novo. Que sensação estranha, sentir algo amargo entrando pelo nariz e saindo na garganta fiquei muito confusa mas parecia legal. 10 minutos depois comecei a sentir uma forte tontura, Barbara estava sempre ao meu lado porque sabia que de início seria estranho para o organismo aceitar. Depois da tontura veio a sensação de leveza, e enfim a famosa " felicidade" me senti ligada no 220! Quem era Miguel pra mim aquele dia? Tinha até esquecido de chorar, bebi, dancei, me diverti muito mais que o normal. Estava ótima, me sentindo maravilhosa e extremamente feliz. Contei as minhas amigas que acharam estranho, mas logo experimentaram também. Estávamos muito bem, que sensação boa. Curtimos aquela brisa entre nós, e mais tarde fomos para casa. No dia seguinte lembrei de Miguel, não parava de pensar no que fiz, não era pra eu ter escutado Lorraine! Pelo menos um beijo dele eu teria ganhado. Passei o dia remoendo minha decepção amorosa, já estava anoitecendo e era hora de partir. Era sábado, dia de role. Era assim que chamamos, as bagunças de hoje em dia. Meu padrasto tinha usado o carro a tarde e a noite peguei o carro para buscar as meninas, ele esqueceu la seu cigarro e esqueiro. Sim, quis experimentar também! Acendi e fumei, nem sabia fumar. Mas aprendi a tragar um cigarro e gostei. Como eu disse, passei a gostar de tudo que fosse errado.

Eu Agatha Collin, a boa menina da família descobrindo o lado "bom" da vida. Pra mim aquele era o lado bom da vida! Aqui na Florida, eu fiz muitos amigos, principalmente no bairro em que moro. Ninguém tinha notícias de mim até eu começar a afundar mesmo virei o comentário da menina rebelde e mimada que trocou de escola e só andava na night. Embora parte disso fosse verdade, ou fosse tudo verdade, eu não ligava para esses comentários. Os dias foram passando, e eu fui me viciando fácil naquele "pó da felicidade", eu ja gastava em torno de R$200,00 só de bebidas, com esse vício, o meu gasto dobrou para R$400,00 a quase

R$500,00 reais por final de semana. Eu trabalhava, recebia meu salário mensal, mas desde pequena recebo uma pensão do meu pai, que ja teve também algumas casas vendeu, e deixou um certo dinheiro para mim e meu irmão. Então comecei a gastar o meu salário e algo que eu já tinha guardado, não fazia falta disso eu conseguia ter controle porque tudo que eu tirava da conta dava pra repor. Não podia fazer falta lá se não meus pais iriam achar algo errado.E eu não queria essa decepção a eles. Enfim, os dias passaram e eu fiquei viciada em cigarros, bebida e cocaina. Ainda pensava muito em Miguel durante o dia, e a noite essa era a tentativa que eu usava pra esquece-lo. Comecei aquele dia com Bárbara, 2 pinos, quando fui ver estavam indo 6 por noite. Pra mim era maravilhoso ficar daquele jeito, a sensação era de anestesia de pensamentos, era como se eu tivesse flutuando sob o tempo, e esquecesse dos problemas. Um dia estávamos a numa have a céu aberto, nesse dia, experimentei dois outros tipos de droga, a maconha, e o lança-perfume. A sensação era péssima, a maconha tem um cheiro que me dava nojo, e me deu a sensação de ser uma idiota. Eu era muito fraca pra isso, então pra mim era mais forte. Achei horrível. Continuei então no "pó da felicidade".

Na escola estávamos em final de bimestre, e eu e minhas amigas estavamos indo com mais frequência, de segunda a quarta-feira afinal nósa tínhamos que conseguir noras para não reprovar o ano. Naquela escola também tinha muita coisa errada, Aline Allen, uma colega de classe sentava na carteira ao meu lado, estava vendendo drogas, pinos buchas de maconha e ninguém via. Como eu já estava viciada depois que experimentei não conseguia mais parar, eu comprava dela lá na sala de aula mesmo e usava no intervalo ou depois da aula. Pagava R$10,00 em cada pino, comprava cerca de 4 ou 5 por dia. De segunda a quinta-feira enquanto estava na escola. Foi passando o tempo, e eu não conseguia tirar Lannys do pensamento, ele ainda era tudo pra mim. Minha vontade era de encontrar ele e dizer tudo que sentia. Mas era impossível.

Numa noite de quarta-feira, tinha acabado de comprar minhas mercadorias com Aline, na hora do intervalo. Depois disso guardei na bolsa, estávamos fazendo trabalho quando de repente, 3 políciais invadem a sala, e puxam Aline pelo braço revirando a mochila dela e jogando tudo no chão. Estavamos em dupla, ela sentada ao meu lado e a sala toda vendo aquela cena. As drogas que estavam na bolsa dela cairam no chão em cima do meu pé o policial pegou tudo e levou com eles junto com Aline que seria presa, por uma denúncia anônima. Foi traumatizante aquela cena pra mim, que por um momento corri o risco de ir junto. Depois daquilo, parei de comprar na escola, estava com receio agora. Comprava na rua e levava pra casa, usava antes de chegar em casa e ao chegar já ia direto dormir. Entramos de férias, e de segundas e terças -feiras nos reuniamos na casa dos nossos amigos que moram aqui no bairro ao lado. Para no final de semana irmos as baladas da cidade. Ficavamos aqui, com os meninos, rindo bebendo e jogando conversa fora. A pesar de tudo, nosso grupo de 17 amigos, sempre foi muito unido, e pela convivencia fomos ficando muito unidos. Eles sempre davam um jeito de tocar no assunto de Miguel, achavam que poderiam de alguma forma me encorajar a ir encontrar ele de novo. Não adiantava muito.

Ja era amor antes de serOnde histórias criam vida. Descubra agora