Brincando com o destino

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A risada de Luke encheu a noite quando ele saiu de sua cabana acompanhado do seu sobrinho, indo na direção das escadas de pedra de Ahch-To que levavam as cabanas dos alunos e áreas de treino e meditação ao ar livre.
Ben tinha um sorriso simpático no rosto com as mãos escondidas em seu robe Jedi marrom escuro e o capuz jogado para trás, tentando não revirar os olhos para mais uma das piadas que apenas o tio achava engraçada.
- Ah filho, eu realmente senti a sua falta. – Luke disse suspirando satisfeito – Você é sem dúvidas a medida perfeita do seu pai e da sua mãe, com um leve toque dos seus avós.
Ben parou os passos e mirou o tio um pouco contrariado por ele mencionar Vader, mesmo que de um jeito tão amplo. Luke percebeu, enquanto o sobrinho baixava o olhar, que a convivência com Leia e Han talvez não tenha sido assim tão boa para a aceitação do jovem quanto as origens dos Skywalkers.
Respirando fundo, Luke baixou o olhar. Um vento vindo do mar balançava as suas vestes Jedi na cor cinza e bege, enquanto ele anotava mentalmente que teria de visitar a irmã em breve.
- Enfim. - Mestre Skywalker suspirou e ergueu o olhar para o ultimo dos dois sóis do planeta se pondo no mar - Vamos ao que realmente o trouxe aqui, Ben.
- Tio. - Ben apertou os lábios e então ergueu também o olhar para os sóis enquanto inspirava fundo - Há um distúrbio na Força. Um mal vem crescendo, e é a Primeira Ordem. Mesmo não vendo qualquer influencia do lado negro da Força neles, acho que se tratam apenas de militares querendo o retorno do Império, ainda assim eles tem provocado desequilíbrio atacando planetas indefesos. Acho que está na hora de, de alguma forma, nos prepararmos para defender a Galáxi...
Ben parou o que dizia ao notar o movimento negativo com as mãos no ar que Luke fazia. O sobrinho se virou para o tio franzindo a testa.
- Me desculpe, Ben. Mas eu já havia deixado claro para a sua mãe e o senado, os Jedi não são guerreiros, são defensores da paz...
- Sim mas....
- Não, Ben, eu sei o que você vai dizer, combater a Primeira Ordem é o mesmo que paz. Mas não. Paz é mais um estado de espírito que alcançamos quando fazemos a coisa certa, que no caso é defender quem amamos e não perseguir aqueles que odiamos. Os Jedi não podem e não irão se engajar em guerras galáticas. Mas tenha certeza que estaremos lá para defender os indefesos.
Solo tinha a boca levemente aberta, a lingua se agitando ali dentro enquanto se controlava para não dizer algo que fosse se arrepender, os olhos incrédulos sobre o tio. Ele então fechou os olhos e respirou fundo assentindo com a cabeça ao notar que o tio simplesmente não cederia.
Luke mantinha seu queixo erguido e olhar determinado olhando o ultimo sol finalmente posto.
- Muito bem. - ele também ergueu o queixo naquela direção - Eu havia alertado mamãe... - Luke lançou um olhar curioso sobre Ben que imediatamente percebeu o que havia dito e baixou o olhar, pigarreando - A senadora Organa. Digo, minha mãe. - Ben fechou os olhos e respirou fundo - É...Eu disse para ela que você não aceitaria qualquer preparação para guerra ou se juntaria a Resistência. Ainda mais depois que encontrou o antigo templo Jedi para treinar seus padawans.
Luke concordou com a cabeça enquanto voltava a mirar o horizonte.
Ben havia deixado o seu mestre quando Luke ainda procurava o antigo templo Jedi e seus textos. Na verdade, quando Ben decidiu por fim ir com seus pais, já um cavaleiro Jedi formado, Luke então o deixou em Chandrila e depois rumou para Jakku, onde encontraria Lor San Tekka com pistas sobre o que o Mestre Jedi tanto buscava.
Em Jakku Luke encontrou o que faltava do mapa para achar o antigo templo Jedi, e também uma estranha manifestação da Força. Poderosa, porém ainda muito bruta: Rey. Ele acabou por ficar no planeta mais alguns dias até encontrar a menina e enfim mais alguns dias até convencer a pequena de que ela precisava ser treinada, e tentar abrir os olhos dela dos traumas que o abandono lhe causaram.
Assim, no dia em que Luke deixou o sobrinho novamente com sua irmã e melhor amigo, ele perdeu seu melhor aluno, para logo a seguir encontrar sua melhor aluna. A menina Rey apenas cresceu dentro da Força e em técnica, e para alguém que não possui o potencial do sangue dos Skywalkers, ela era muito poderosa com a Força. Luke baixou o olhar pensando na sua Padawan "mais forte do que ela sabe".
Ben esperou o tio ter o seu momento e olhou para as escadas e cabanas lá embaixo. Ele nunca estivera ali antes, até mesmo chegar ali teria sido impossível se não fosse o mapa que Luke deixou para Leia em uma das visitas. O jovem Skywalker suspirou, ele conseguia sentir a Força fluindo ali.
- Falando em meus Padawans, já que você vem aqui em busca de ajuda e eu não seria capaz de te deixar ir sem ao menos oferecer alguma, o que acha de levar um deles para te ajudar nas viagens diplomáticas nos planetas sob a proteção da República e Resistência?
- Você não estaria na verdade tentando me empurrar um aprendiz para fazer de mim um mestre como há muito vem insistindo, estaria?
- Não, de modo algum. - os dois conversavam olhando sempre a frente, observando a ilha, se conheciam muito bem para já saber qual expressão o outro tinha na face.
- Ah! Porque eu na verdade tinha justamente pensado em levar daqui um aprendiz para me ajudar, caso você não aceitasse o pedido de ajuda da minha mãe.
Luke se virou para o sobrinho com a boca levemente aberta e então baixou o rosto, estalando os lábios.
- Bom, neste caso, sim, eu estaria tentando fazer você levar um dos meus alunos para torna-lo seu aprendiz. - o velho mestre confessou provocando um leve sorriso no canto do lábio esquerdo do sobrinho, que o mirou com um brilho divertido no olhar.
O velho tio entendeu quando Ben ainda era pequeno que tentar forçar ele a fazer algo ou ser o que ele não era seria o caminho mais curto para perder Ben. Por isso todas as decisões foram sempre tomadas junto com o menino, para evitar que ele acabasse por abraçar o lado sombrio. Foi assim que eles conseguiram evitar que Snoke tomasse o coração dele, e ao mesmo tempo, foi assim que conseguiram derrotar a nova ameaça do lado negro, quando Luke em uma luta que quase tirou sua vida, conseguiu derrota-lo. Com uma grande ajuda de Ben, é claro, mas isso nem Leia e nem Han nunca poderiam saber.
Luke por um instante até pensara em ceder ao medo e tentar forçar Ben a ir com ele para o templo e treinar como um Jedi, tentando assim afastar as influencias do lado negro, que mesmo Leia conseguia sentir. Mas então ele lembrou que o medo é o caminho para o lado negro, e como foi justamente o medo de perder alguém que fez seu pai cair no lado sombrio, então ele convenceu Leia e Han e juntos eles explicaram a Ben o passado sombrio do avô, e mostraram que sempre estariam lá por ele. Foi assim que Ben decidiu que precisava aprender mais sobre seu legado na Força, assim como depois que se formou Cavaleiro Jedi ele decidiu que precisava voltar para o pai, aprender tudo sobre pilotar naves, e então, agora, estava ao lado da mãe, ajudando em seus compromissos políticos como seu guarda pessoal. Não que Leia precise muito de alguém para protegê-la, mas ter o filho próximo a deixa muito mais confiante e feliz.
- A sua preciosa Rey, talvez. - Ben disse dando alguns passos a frente e começando a descer as escadas.
Luke olhou surpreso para o sobrinho cogitando se ele não estava lendo seus pensamentos, pois Rey era realmente quem viera a sua mente.
- É, talvez. - ele suspirou lembrando como Rey estava realmente preparada para ser uma Cavaleiro Jedi, mas também como ela parecia não se encaixar muito bem em grupos. A menina de Jakku destoava muito do grupo da mesma idade dela, quase sempre isolada e treinando. Se ela fosse acompanhar o sobrinho em missões diplomáticas ela teria que saber como lidar com as pessoas - Acho que ela pode aproveitar mais algumas lições antes de tomar outro mestre.
- Você se preocupa com ela. - Ben parou quase no fim da escada, olhando para o tio ainda lá em cima, sentindo os sentimentos quase paternais do tio por ela.
- É minha aluna. Eu me preocupo com todos os meus alunos. - ele disse erguendo as sobrancelhas e olhando significativo para o sobrinho que deu um sorriso sem dentes e assentiu, enquanto o tio começava a descer ali também - Mas é claro que em se tratando de uma tão poderosa como ela, minha preocupação talvez seja desproporcional.
Ben terminara de descer a escadaria e então se virou para o tio, apertando o olhar sobre ele. Seu mestre sempre disse como Ben era o mais poderoso sensitivo da Força que já encontrara, e como era destinado a algo grande como todos os Skywalkers. Até Rey chegar e seu tio começar a dizer o quão surpreende é a vontade da Força, criando poderosos sensitivos mesmo sem qualquer linhagem.
De certo modo isso era um alívio, já que o tio já não o pressionava mais com o discurso do destino que a Força prevê para os Skywalkers. De outro, seu ego constantemente era atingido por não ser mais o mais poderoso aluno do seu mestre Skywalker, mas apenas um dos.
- Que assim seja. - Ben suspirou e olhou para as cabanas a sua frente, Luke finalmente o alcançando - Mas não se esqueça que nós os aprendizes somos o que vocês mestres nos fazem. E se você fez dela uma verdadeira Jedi, não há o que temer.
- É, eu sei. - agora foi Luke quem começou a caminhar a frente - Mas a partir do momento em que ela for com você, não será mais minha aluna, e daí então ela será o que você for moldar.
Ben então parou, baixando o olhar. De fato, ele tomando ela por aprendiz a responsabilidade pelos caminhos tomados por ela dali adiante seria dele.
- Eu... - ele inspirou fundo - Acho que vou confiar que você fez de mim não só um bom Jedi, mas também um bom mestre.
Luke parou e se virou para trás, um meio sorriso e a sobrancelha esquerda levantada.
- Que isso, filho, não seja humilde. Nós sabemos que você herdou o charme do seu pai. Você é um mestre sem precisar de mim para fazer isso de você. - Ben franzia a testa para o tio com uma expressão de descrédito - Lembra como era quando nós começamos? Metade dos alunos só queriam ter aulas com você, mesmo eu sendo o único mestre. Arrisco dizer que se algum dia brigássemos eles iriam com você onde você fosse.
Ben soltou um sorriso acanhado e olhou para baixo lembrando dos velhos companheiros, muito fiéis.
- Você e seu ciúmes dos alunos.
- Ah, você nega? - Luke então se virou para o sobrinho que ergueu o olhar para ele - Então me diga, quantos dos que se formaram aqui ainda se correspondem com você?
Ben franziu a testa para o tio. Da velha turma em que Ben começara, e até as que se seguiram, não haviam mais nenhum ali no templo. Todos ali eram novatos trazidos logo após a descoberta do templo. Isso pois, assim que finalmente se formaram Jedi cada um seguiu seu caminho, ou retornando para seu planeta para defender a paz lá, ou para disseminar as lições dos Jedi, ou até mesmo em missões para descobrir mais sobre os Jedi e resgatar sua história. O que se deu quase ao mesmo tempo que Ben decidira voltar para a família. É, talvez o tio estivesse certo, talvez ele fosse para os seus antigos colegas um tipo de modelo a ser seguido.
- Como assim quantos deles? - Ben caminhou até o tio com cautela - Todos que ainda estão vivos, é claro. Acaso não se comunicam com você?
- Filho, se eu não sentisse através da Força quando eles se vão, eu nem mesmo saberia que algum deles se uniu a Força. - Luke disse em uma voz baixa quase triste.
É sempre dolorosa a um mestre a lembrança de um aluno que se foi. Mesmo sabendo que se foram em defesa da paz. Eram poucos os que se uniam a Força, é claro, os tempos são ainda relativamente de paz, mas ainda assim...
- Ah... - Ben baixou o olhar e suspirou - Lamento. Em defesa deles, porém... - jogando os ombros para trás e se adiantando até o centro do pátio das cabanas, Ben continuou - Você é um tipo de muito difícil acesso. Nem mesmo eu consigo te contatar aqui.
Luke abriu a boca já sabendo que não tinha resposta, a fechando logo a seguir e meneando a cabeça para o lado direito em concordância.
- Está certo. Vamos concordar então que ambos estamos errados. Você não será apenas um bom mestre por causa de mim mas porquê tem um talento para isso, e eu não sou preterido por meus alunos, mas apenas de dificil acesso.
- Ótimo, nós dois perdemos. Parece justo.
Tio e sobrinho acenaram um para o outro com um sorriso sem dentes.
- Pois bem, se não terei a sua preciosa Rey como aprendiz, posso ao menos conhecer a garota?
Ben não podia esconder que estava curioso sobre ela.
Na sua mente ela se parecia muito com Rithu, uma ex-aluna que estudara com Ben e por vezes conseguira derrubar ele com a força de seus braços. Ela era uma humanoide da altura dele, pele morena, queixo duro e um sorriso largo e gentil. É claro que ela não era tão poderosa na Força, mas com certeza Ben não conseguiria pensar em uma Jedi mais poderosa que aquela. Agora ele enfim conheceria alguém a altura de Rithu.
- Eu ainda não decidi se... - Luke suspirou, melhor não tentar explicar agora que ele ainda estava pensando sobre o assunto - Que seja, venha comigo. Acredito que a essa hora ela já tenha terminado a meditação do pôr do sol.
Eles deram alguns passos e três cuidadoras então começaram a resmungar quase num grunhido atrás deles. Os dois se viraram.
Uma delas, provavelmente a líder, veio gesticulando com as mãos para Luke, que revirava os olhos e então balançava a cabeça concordando.
- Cuidadoras. - Luke explicou para Ben virando o rosto mas sem tirar os olhos delas - Vivem reclamando de tudo que fazemos aqui. Supostamente elas tem que nos ajudar na nossa missão com a Força, mas adoram mesmo é reclamar. - o mestre lançou um olhar irritado para o sobrinho antes se virar para a cuidadora - Está bem, está bem. Eu vou evitar passar aqui quando o sol já estiver posto para que vocês possam fazer a limpeza. Isso foi só por hoje. Como vocês podem ver eu tenho visita.
Ben olhou do tio para a figura que parecia um tipo aquático com roupas puídas, lenços na cabeça, de pele escamosa e verde escura. Luke apenas balançava a cabeça concordando com tudo, uma expressão de enfado no rosto.
O sobrinho percebeu então porque as cuidadoras reclamavam tanto.
- Me desculpem. - Ben se adiantou e se agachou próximo da figura, que deu um passo para trás assustada com a atitude, as outras cuidadoras ao redor também sussurrando em descrédito. Ele só esperava que não tivesse feito nada muito ofensivo - Eu infelizmente não entendo a sua lingua, mas se você entender a minha, por favor - ele colocou as mãos juntas ao peito e depois as dirigiu para a cuidadora - aceite as minhas desculpas. Eu me retirarei, imediatamente.
Luke erguia a sobrancelha esquerda para a cena.
A cuidadora líder olhou Ben nos olhos que estavam na altura dos dela. Assentindo com a cabeça ela se virou para Luke e disse algumas palavras, dando então as costas para eles.
- O que foi que ela disse? - Ben perguntou se erguendo.
- Que podemos ficar o quanto quisermos. - Luke se virou para o sobrinho com uma expressão de divertimento - Como eu dizia, você tem o charme dos Solo, sem dúvida.
Ben soltou um riso acanhado e baixou o rosto enquanto se virava para seguir o tio até uma das cabanas para conhecer a famosa Rey.
Alguns passos e eles enfim encontraram uma cabana com um pano pesado cobrindo a abertura na estrutura de pedras colocadas uma sobre as outras.
Luke franziu a testa ao chegar ali em frente e chamar pela aluna sem ser atendido. Ben mirou o tio e encontrou um olhar preocupado.
- Eu vou entrar para ver o que acontece. Espere aqui.
- Está certo. - Ben disse, respirando fundo e segurando para si mesmo a opinião de que o tio não deveria ir entrando nas cabanas dos alunos no meio da noite sem ser convidado.
Alguns segundos e o pano se moveu, chamando a atenção de Ben que com expectativa esperava enfim conhecer a famosa Rey.
Ben franziu a testa para o que viu, porém.
- Não está. - disse um Luke saindo da cabana levemente aturdido - Rey nunca deixou passar a hora de meditação.
- Vai ver ela encontrou outro lugar mais propício para meditar.
Luke que olhava ao redor preocupado então se virou para o sobrinho, os olhos ganhando um brilho de esperança.
- Verdade. Ela deve ter ido a algum lugar para se concentrar melhor. A pedra do templo do Primeiro Jedi, talvez. - ambos concordaram com a cabeça ao mesmo tempo - Mas seria bom eu tentar encontrá-la. Até onde sei seu tempo é curto aqui e seria bom que ao menos se conhecessem antes de você partir amanhã.
- É, eu realmente não tenho muito tempo. Entre você me designar o novo aluno amanhã e eu conhecer o templo do Primeiro Jedi e os textos sagrados, acho que não restará muito tempo para conhecê-la apropriadamente.
- Exatamente. - Luke esfregou as mãos nervoso uma na outra, uma leve desconfiança tomando ele - Vá, filho. Vá descansar. Amanhã eu apresento vocês.
- Não, tio, eu posso esperar.
- Sim. Claro. - Luke ergueu um olhar vazio para o sobrinho - Você pode. - Luke suspirou - Mas não aqui. Pode ir. Eu te chamo se for o caso.
- Tio, algum problema?
Luke pensou por um instante no que responder. Ben já fora aluno dele e com certeza já aprontara o que os alunos jovens sempre aprontam, mas o Mestre Skywalker preferiria que o jovem Skywalker não soubesse que ele ainda era ludibriado por Padawans com hormônios em ebulição.
- Nenhum. Rey está certamente meditando em... Não muito longe daqui. Logo aparecerá. Pode ir.
Ele sentiu o tio nervoso, mas entendeu que seria melhor não insistir ali.
- Muito bem, você é o mestre. – Ben disse e então meneou a cabeça num cumprimento - Eu estarei na Falcon.
Luke respondeu o cumprimento e acompanhou com o olhar o sobrinho se virar e ir na direção das escadarias.
Quando Ben alcançou o topo da escadaria ele então se virou e constatou que seu tio não estava mais ali.
- Onde terá se metido a poderosa Rey? – ele tinha um olhar divertido para a ideia de que a menina não era assim tão disciplinada como o tio gostava de se gabar. Mas a diversão logo se foi quando ele sentiu algo, não na Força, mas no seu campo de visão periférica: um vulto atrás das cabanas – Olá?
Ben prendeu a respiração rapidamente, resistindo a puxar seu sabre de luz. Olhando para os lados e se percebendo sozinho ele considerou a ideia de ir em busca do tio, que devia conhecer a ilha muito bem e poderia explicar o que acontecia. Mas então outro vulto se fez ver, e de repente Ben se viu apertando os olhos para dois ou três alunos em robes seguindo pelo meio das cabanas buscando ficar entre as sombras. O jovem Skywalker sorriu. A ilha tinha em si tanto a presença da Força que era difícil distinguir ali os elementos que a possuíam, como jovens Jedi. Por isso talvez fosse muito fácil para os alunos do tio se esgueirar para fora de suas cabanas a noite sem o tio poder divisar eles.
- Está certo. Só alguns alunos aproveitando seu tempo livre. – ele disse para si sorrindo, lembrando de como aprontava nos tempos de templo – Nada que precise de um Cavaleiro Jedi.
Ele se virou e colocou o capuz, mas não conseguiu dar um passo a frente. Alguma coisa parecia chamar ele. Ben apertou os lábios e juntou as sobrancelhas tentando entender o que era aquilo se agitando dentro dele, o compelindo a se virar e ir por entre as cabanas. Respirando fundo e erguendo um olhar firme para frente, ele balançou a cabeça afastando a ideia. Ele não era mais um rapazote. Era um Cavaleiro Jedi.
Decidido, ele enfim deu um passo a frente. E parou, a cabeça se virando lentamente na direção em que os vultos estiveram há pouco.
- Bom, mas talvez seja algo que precise de um Mestre Jedi.
Ele disse soltando o ar num suspiro e se virando totalmente para trás, descendo as escadas e olhando então para os lados antes de atravessar o pátio. Quando terminou de atravessar ali ele se virou para trás e notou que as tais cuidadoras simplesmente não retornaram para limpá-lo, como se de fato não se importassem com isso...Mas apenas cpm tirar Luke dali! Talvez fosse isso, seu instinto o estava alertando de como as coisas ali estavam estranhas desde o inicio. Ele precisava investigar.
Passando a mão para ajeitar o capuz de modo a cobrir melhor o rosto, Ben respirou fundo e se inclinou para poder se esgueirar entre as cabanas.
Depois de passar por algumas delas ele então olhou ao redor e percebeu que já não conseguia mais se localizar, perdido no meio de tantas construções iguais que pareciam formar um labirinto. Nem mesmo a Força o ajudaria a sair daquele lugar.
Um barulho estridente e irritante o fez se virar para trás assustado.
Uma cuidadora, não uma das que interpelara ele e Luke antes, mas outra tão irritante quanto, grunhia e gesticulava na direção de Bem e apontando para uma outra direção.
- Desculpe. – ele balançava a cabeça perdido – Eu não entendo. Sabe onde posso encontrar os outros? – a cuidadora não parava de falar e então começou a empurrar Ben pelas pernas o forçando a seguir na direção que ela apontara antes – Não, olha, eu estou procurando meu tio. Nada demais.
Ele tentava se explicar e então revirou os olhos percebendo que a criatura sequer lhe dava ouvidos. Quando já abria a boca para voltar a falar algo, ela parou de empurrá-lo e então Ben notou que estava parado diante de uma abertura de uma cabana, a qual estava fechada com uma grande placa de metal.
- Mas o que...- ele não teve tempo de terminar a pergunta para a cuidadora, ela apenas se adiantou, deu batidas na placa com intervalos irregulares e se retirou.
Ele olhou para trás vendo a cuidadora sumir no meio das construções e então se virou para frente, ouvindo o rangido do metal contra as pedras enquanto a placa se movia.

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