Nunca desejei essa vida

Pag: 5 _ Cap: 2 👑

~ 👑 ~
Rebecca parou por alguns minutos seu discurso deplorável. No decorrer das suas falas eu fingia não prestar atenção, mas só fingia mesmo. Era uma história espalhafatosa , e eu tinha a vontade de saber mais do que tinha acontecido. E Então ela prosseguiu.

- Logo quando descobrir que estava grávida, uma mistura de sentimentos passou por mim, amor, e desespero. Não sabia o que fazer. Já sabia que minha família não iria aceitar, tinha medo da reação. Todos eram muito orgulhosos. -status e poder era a única coisa que importava-.
E a idéia de meu filho ser de um empregado ia impactar, tanto meus familiares quanto nossos amigos. e logo meu nome estaria na boca do povo, dos jornais da época. Iria ser um completo escândalo para minha família. Escondi a gravidez por dois meses, porém minha mãe acabou descobrindo, sua reação foi pior do que imaginara. Me ofendeu de todos os nomes ruins que existem, não se importou nenhum pouco com sua postura nesse momento. E só pensou no nome da família. Logo ela expôs tudo ao meu pai. Que me expulsou de casa no ato, me tirou tudo - Herança, dinheiro em conta, me deixou completamente na rua da amargura. E claro, demitiu o dener e nem fez questão de lhe pagar mais nenhum centavo. Então iniciamos uma vida a dois. Passamos por muita luta, fome. Eu Não podia trabalhar, pois minha gravidez era de alto risco, vivia passando mal. Era só ele, fazendo bicos aqui e ali. Nada muito grande, que dava mal para a comida e aluguel, perdi as contas de quantas vezes íamos dormir com a barriga vazia.
- E Então quando cheguei ao sétimo mês de gestação, minha situação piorou, não tinha jeito, dener me levou para o hospital público mais próximo e então conheci Amélia - Ela encarou minha mãe que deitou a cabeça no ombro de meu pai.

- Na época ela trabalhava como enfermeira no hospital - contribuiu Dener a conversa.

Lembro quando mamãe contava a nós de suas experiências no hospital de Boston onde morava quando se casou com meu pai. Amava quando ela descrevia essa parte de sua vida. Minha mãe concordou com a cabeça e comentou:

- Rebecca chegou muito mal, com muitas contrações, tivemos que interná-la, pois não era a hora de ter o bebê. Então fui escalada para lhe dá assistência. Foi então que Rebecca passou mais de um mês no hospital, nos conhecemos e ambas dividimos nossas histórias - Ela fez uma pausa antes de continuar:
- Querida, deixei de contar a você uma parte da minha.

- E tudo sobre a minha - Rebati. Com desprezo na voz.

- Eu sei. E eu sinto muito por isso. Mas antes de conhecer a Rebecca, eu também estava grávida, mas no entanto, eu perdi. E sofri muito com isso. Quando a conheci, me peguei a ela e o bebê, pois lembrava de mim antes de perder.
Fiquei chocada.
- Amélia, deixe- me contar o resto, ela precisa saber da minha boca, precisa saber que fiz a escolha certa.

Minha mãe assentiu e Rebecca prosseguiu.

- Contei tudo a Amélia minha história e a muito tempo já vinha refletindo o que fazer quando você nascesse. Quando vi a mulher incrível que era decidi entregar você a ela.

- Você apenas decidiu isso como se eu fosse um descartável? - Perguntei
furiosa, com tanto desdém na voz que até sentir medo de mim.

- Não foi tão fácil, eu pensei por dias, ou meses. Não queria que você passasse fome igual a mim, não tinhamos dinheiro. como íamos criar você se não tínhamos condições nem pra comprar uma fralda? - Desabafou ela com mais lágrimas.
- Eu a amo tanto que não suportaria ver você dormir com frio porque nem roupas tinha.

- Se acalma, meu amor- O seu companheiro a confortou:
- Também não foi fácil para mim, mas Amélia poderia te criar, não era rica, mais tinha o suficiente. Também tinha todo amor guardado para seu filho que perdeu, e esse amor iria todo para você, e nada mais me deixava mais tranquilo como isso. Comentou ele.

- Você precisa saber também que fizemos um trato com eles. - Meu pai enfim fez um comentário a conversa .

- Sim. Rebecca confirmou. - Eu e o Dener decidimos nos mudar, só que demorou alguns meses para isso. Quando você nasceu compri com a palavra e te entreguei a Amélia, mas nos primeiros meses, todos os dias íamos te visitar depois do trabalho . Finalmente comecei a trabalhar. E com o trabalho duro conseguimos juntar dinheiro e comprar uma passagem para braga.

- Braga? - Perguntei surpresa. Já tinha ouvido falar desse país. Fazia antes parte de um dos muitos municípios de Portugal que lutou por sua independência e conseguiu. : se considerava uma região muito extensa e bonita e com muitos habitantes. Diziam que era o local esquecido do país, então seus moradores optaram por uma independência, queriam ser lembrados e valorizados, e então Braga se tornou um país. com mais nada em comum com Portugal, Desde então O novo país foi governado por uma monarquia absolutista. Que eu achava muito ante moderno. Por que não optaram por uma república?. Era tudo o que eu sabia sobre esse novo país. Acho que vivem bem agora, não ouvi mais notícias.

- Sim, Como era um país novo, sabíamos muito sobre ele, como era fácil de se morar e fácil de abrir um negócio ou encontrar empregos. E também super tranquilo. - Respondeu Rebecca, tomando sua palavra.

Dener percebeu que era sua hora de falar mais alguma coisa e comentou.
- Enviamos cartas ao Rei de Braga, pedindo para que nos aceitassem como seus súditos, e fomos aceitos. Acho que para eles era uma honra ter americanos interessados em servi-lo, Fomos então, e era realmente facil no começo, muitas oportunidades de emprego, logo conseguimos uma casa. Depois de muitos anos - 10 anos - depois conseguimos abrir um pequeno hotel, simples, porém modesto.
- Se me amavam tanto como dizem, porque não me levaram junto, se sabiam tanto como era fácil? - Perguntei incrédula.
- Tivemos a idéia logo depois de te entregar, e mesmo que não tivéssemos te entregado, demoraria anos para irmos, pois sua mãe não poderia trabalhar para poder ficar com você. e só com meu salário não conseguiria comprar passagens, e também dificultaria com mais uma boca para alimentar, e de todos os jeitos você iria passar necessidades.