Capítulo cinco

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|TAFNE|

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|TAFNE|

-...acho que ela está acordando, papai.

Ouço um sussurro infantil e feminino dizendo ao longe em meu sonho, o que faz com que eu me esforce para prestar  atenção no que mais será dito a seguir.

-Filha, por favor. Eu já pedi para não... Dafne! -uma voz grave e masculina sussurra com urgência no mesmo tom, e de repente sinto meus ombros serem sacudidos por dedinhos minúsculos que me tiram de órbita.

Espera aí... isso não é um sonho! Constato ao voltar a consciência e me deparar com um par de olhos azuis arteiros há pouquíssimos centímetros de distância do meu rosto. Choque é a palavra ideal para definir o nível de susto que sinto, ao levar uma mão sobre o peito onde a repouso com o coração aos pulos e a respiração ofegante.

-Dafne, o que eu disse sobre esse comportamento? Já se esqueceu da breve conversinha que tivemos? -o homem que se encontra em algum lugar do cômodo onde meus olhos não alcançam, ralha de modo firme com a garota, que imediatamente tem os olhos marejados por causa da bronca.

Meu coração se aperta com a cena, e instintivamente ergo uma mão para acariciar as bochechas salpicadas por várias sardinhas adoráveis que mapeiam face da menina, numa tentativa de consolo.

-Desculpe, papai. Eu só queria acordar a mamãe para saber se ela já melhorou. -a ruivinha a minha frente responde de maneira tímida e baixinha.

No mesmo instante todos os meus ossos gelam e os dedos da minha mão cessam o carinho repentinamente de modo abrupto. Do que foi que essa garota acabou de me chamar? O que ela...

-Você está bem agora, mamãe?

Ela se volta em minha direção com o olhar atento sobre mim.

-Sua cabeça ainda dói? Quando fiquei preocupada, papai falou que você desmaiou porque sua cabeça estava dolorida, mas que ia ficar boa rapidinho. 

Suas mãozinhas pequenas seguram algumas mechas dos meus cabelos e as enrolam em cachos grossos ao redor dos dedos, enquanto minha mente confusa tenta processar a confusão que está acontecendo.

-Mamãe? -pisco os olhos atônita quando noto que a menina está estalando os dedos em frente ao meu rosto, para chamar minha atenção.

Como um tapa, todas as recordações mais bizarras da minha vida que aconteceram poucos minutos antes de eu apagar no restaurante, voltam a minha memória como uma avalanche de imagens e sons muito frescas e nítidas, e então meus olhos se chocam com o meu pesadelo em forma de gente.

Um pesadelo terrivelmente  lindo, forte, cheiroso e... que tem uma filha! Uma filha que não sei porque cargas d'água está nesse exato segundo agarrada a mim me chamando de mãe!

O Clichê dos Apaixonados-DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora