02-01-2010
P.O.V Diane
- Não acredito que ela adormeceu outra vez em um bar! - Ouvi meu pai gritar do outro lado da porta.
Esfreguei meus olhos reparando o local em que me encontrava, estava no meu quarto, vestia roupas diferentes das quais havia saído de casa e o meu cabelo estava desgrenhado.
Peguei o meu telemóvel verificando que eram 4 da manhã e me deitando de braços abertos na cama.
A minha cabeça latejava e não demorou para os pensamentos começarem a fluir outra vez. Como havia parado nesta vida? Como acabei me tornando o que sou hoje? Meus pais nunca quiseram isto... Eu nunca quis isto...
Precisava de algo que fizesse a voz interior da minha cabeça se calar, algo que fizesse isso parar.
Me levantei, os meus pequenos e magros pés tocando o chão frio da casa, cada sensação percorrendo o meu corpo, uma pequena brecha de luz na janela entreaberta do meu quarto iluminava o caminho até ao espelho do meu quarto, parei observando a figura de algo que se tentava parecer comigo.
Os meus longos cabelos vermelhos tocavam de leve o meu rosto fazendo cocegas, os meus olhos verdes que haviam perdido a vida nos últimos anos, e o meu corpo magro e pequeno apenas coberto com algo que parecia uma camisola larga de meu pai, por todo o meu braço eram evidentes cicatrizes de vários feitios e grossuras diferentes, principalmente em meus braços, algo de que não me orgulhava porém não podia impedir.
Aquela não era eu, fazia anos que o meu reflexo havia perdido a minha essência, anos que eu já não me reconhecia, nem a mim nem ás feições sem vida que me olhavam.
Procurei meus remédios para dor de cabeça e tomei três esperando que a dor passasse, porém a cada segundo sentia que lágrimas se aproximavam e então me deitei de novo na minha cama.
Meu corpo agora encolhido, abraçada a uma almofada enquanto pequenas lágrimas corriam e molhavam o tecido da mesma.
Eu não queria chorar, odiava quando isso acontecia, odiava ser fraca a este ponto mas não podia evitar.
Não sei quanto tempo passou quando finalmente ouvi o despertador tocar, era hora de levantar e ir para a escola.
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Feelings and Healings
Non-FictionDiane convive com a ansiedade em uma sociedade hipócrita. Neste livro, os sentimentos que guardava estão explícitos para que todos possam ver e julgar a mente da jovem de 18 anos. Escrito a partir de: 11-06-2020