A Guardiã das Águas

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Sereias são as guardiãs das águas, cada mundo aquático tem sua respectiva guardiã. Para proteger as águas brasileiras, temos a Iara. Uma radiante sereia de pele morena, dona de cabelos lisos e pretos; com olhos castanhos como a terra, a sereia possui uma beleza hipnotizante. Mas houve uma época em sua vida em que a casa de Iara não eram os rios, mas sim a terra.

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Quando humana, Iara era uma indígena. Era filha do pajé de sua tribo e tida como a mais inteligente e forte. Detinha a atenção e o amor de todos, fosse humano ou animal; com exceção de seus irmãos. Eles a olhavam com olhos sedentos de inveja, desejando ter toda a atenção que Iara recebia.
Um dia, os irmãos de Iara decidiram matá-la durante a noite. Felizmente, ela os ouviu e pôde reagir. Ela matou eles, impedindo que fizessem o que tramavam, matar a própria irmã.
Iara se defendeu da maldade de seus irmãos, mas seu pai não viu a situação da mesma maneira. Devido a ira do pajé, Iara fugiu, sendo obrigada a abandonar o seu lar. Infelizmente, Iara acabou sendo encontrada por um guerreiro. Acreditando que aquilo iria matá-la, o guerreiro a jogou no Rio Negro.
Iara foi injustiçada. Fora tratada pela própria família como uma pessoa cruel, sem alma ou sentimentos. Acreditavam que Iara havia matado seus irmãos por ser impiedosa, ambiciosa, uma mulher suja. Aquilo marcou o coração de Iara para sempre.
Para a sorte de Iara, algumas criaturas aquáticas; entre eles os Ipupiara, também conhecidos como homens-peixes; se sensibilizaram com sua situação e se uniram para salvá-la. Eles usaram a energia da lua cheia para transformar suas pernas em uma longa cauda, com escamas esverdeadas com as extremidades avermelhadas e brilhantes. Seu cabelo liso e negro cresceu, se esticando até a altura de sua cintura. Eles a enfeitaram com flores, cujas pétalas eram de um vermelho magnífico, assemelhado ao sangue. Assim nasceu Iara, a sereia.
Os habitantes do rio a ensinaram a sobreviver. Ensinaram-na a nadar tão rápido quanto um boto, a falar com os outros animais, a ouvir as vozes dos rios. Iara se tornou amiga de todas as criaturas, tanto as aquáticas quanto as seres terrestres. Ela aprendeu e protegou as águas, zelando por todos aqueles que dela dependem. Iara nadou por todos os rios e em todas as bacias, por a isso, foi nomeada como a Mãe das Águas, a grande protetora dos rios.
Todas as noites, a Mãe das Águas senta na beirada de um rio e inicia sua canção. Sua voz angelical atrai a todos aqueles que estão nas redondezas. Porém, Iara era perigosa para os homens. Quando eles ouviam seu doce canto, ficavam hipnotizados; quando viam a sereia, tornavam-se cegos. Apenas enxergavam a grande e magnífica beleza dela, nada além disso. Por causa disso, muitos se jogavam nos rios, a fim de alcança-la e terem-na para si. Iara provoca uma grande confusão mental nos homens, que acabavam por morrerem afogados.
Os indígenas respeitam a Mãe das Águas, sempre pedem permissão antes de velejar com suas canoas, assim como para nadar e pescar. Eles oferecem presentes com flores vermelhas, eram conhecidas por serem as preferidas da sereia. Isso é uma forma de agradecimento pela proteção garantida pela Senhora das Águas, que lhes concedia uma viagem segura pelas correntezas.
No entanto, existem os homens céticos, que ousam se aventurar por aquelas margens, extraindo em demasia os recursos hídricos. Esses homens que tentam destruir a vida nas águas e nas florestas, mas Iara jamais permitirá que isso aconteça.

                         
                             Por Fernanda Catarino
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Fernanda Catarino nasceu e, atualmente, reside em Nova Lima - MG. Autora independente, iniciou seu trabalho na escrita aos 15 anos de idade, tendo seu primeiro trabalho envolvido em romance e o sobrenatural. Dedicada a géneros como fantasia, investigação, romance e poesia, sua escrita foca em apresentar a realidade por meio de palavras, discutindo e trazendo a reflexão em suas obras.

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