A Herdeira da Luz

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Andrômeda estava deitada no chão frio da sala de casa. Isso era o que ela fazia de melhor; aliás, se seu sobrenome não fosse Aristo, seria “Preguiça”, com certeza. Passando tanto tempo naquela posição, com a cabeça apoiada em um dos braços. Seus cabelos esverdeados estavam espalhados no chão, a luz que entrava pela janela iluminava a sua pele acobreada. Ela olhava para o teto e ouvia a voz suave de um músico indie nos fones de ouvido, era natural que não soubesse responder à pergunta proferida por sua mãe alguns segundos mais tarde:
- Andy, cadê a sua irmã?
A menina afastou delicadamente um dos lados do fone e questionou:
- O quê?
- Sua irmã.
- Não está no quarto?
- Não.
- Quintal?
- Não.
- Banheiro?
- Está vazio.
- Hmm, acho que eu teria visto ela passando por aqui se tivesse saído. - Andrômeda falou, finalmente se sentando.
A mãe a encarou com aquele olhar que dizia “obviamente não”, então Andrômeda se pôs de pé.
- Ok, vou olhar minha bola de cristal. - disse, se dirigindo ao quarto que dividia com Ariadne, sua irmã gêmea.
Ambas as irmãs tinham incrível facilidade com o oculto e paranormal. Andrômeda via coisas na bola de cristal e, caso se esforçasse um pouco, conseguia efetuar práticas telecinéticas. Ariadne conseguia ler mentes e sentimentos, controlar fogo, manipular eletricidade e luz, entre outras coisas que Andrômeda não sabia. Ariadne era talentosa e misteriosa, diferente de sua irmã, preguiçosa e transparente. Pensando bem, talvez Ari tivesse desenvolvido a habilidade de teletransporte, era a cara dela.
Ao chegar no quarto, Andrômeda soltou um gritinho agudo e arrepiante. A mãe logo foi ao seu encontro, questionando sobre onque acontecera. Andrômeda apontou para o chão, logo à frente da mesinha onde deixava seus utensílios paranormais. Lá, via-se cacos brilhantes à luz fraca que os tocava; aqueles eram os pedaços de sua bola de cristal.
- Como isso aconteceu?- indagou a mãe.
- Não sei. - a menina se abaixou diante dos cacos de cristal, tentando analisar o estrago de perto e soltou um suspiro entristecido.
- Vou tentar o celular.
Ela parou a música que ainda tocava e desconectou o fone. Abriu a lista de contatos e telefonou para Ariadne. Instantes depois um toque irritante preencheu o silêncio dentro da casa. O celular de Ariadne estava logo ali, na mesa de cabeceira na cama dela. Andrômeda desligou e procurou o nome de uma das amigas de Ariadne na lista. Ela atendeu no terceiro toque.
- Andrômeda?
- Ei, Lex, tudo bem?
- Estou bem. Aconteceu alguma coisa?
- É que Ari não está em casa, ninguém a viu sair e o celular dela ficou aqui. Você sabe de alguma coisa?
- Não. Achei que ela ia ficar em casa hoje . - respondeu.
- É, eu também. - um segundo suspiro escapou pelos lábios dela - Obrigada.
- Mande notícias - disse Lex, pouco antes de encerrar a chamada.
Antes de pensar a respeito, Andrômeda ligou para a outra amiga de sua irmã. Essa demorou um pouco mais para atender.
- Alô? - a garota disse, fazendo Andrômeda segurar o terceiro suspiro, este seria por um motivo diferente dos anteriores.
- Oi, Lara. - Antes que pudesse se identificar, ela foi interrompida.
- Andrômeda? - A voz soou levemente alarmada. Lara não tinha seu número, o que queria dizer que ela reconheceu sua voz, isso causava uma sensação estranha a Andrômeda. - Tudo bem?
- Ah, você sabe de Ariadne? Ela não avisou que ia sair e o celular ficou aqui.
- Estranho, ela me disse que não ia sair hoje.
- Foi o que ouvi também. Obrigada, Lara.
Ela desligou o telefone e trocou um olhar com a mãe.
- Vamos esperar. - foi tudo o que ela disse.
O restante do dia se passou e Ariadne não apareceu. O restante da semana se passou e nada mudou. Andrômeda ia à escola e não precisava informar às amigas que sua irmã havia desaparecido, pois elas viam, ou melhor, não viam Ariadne.
Um dia, na semana seguinte, à caminho de casa, voltando da escola, a garota passou por uma pedinte. Ela parou e procurou por uma moeda nos bolsos. Quando a encontrou, colocou na mão da mulher e um instante depois ela assumiu uma postura um tanto assustadora, então, com um olhar subitamente morto, disse:
— A Herdeira da Luz, em um mistério se encontrará, três enigmas resolverá, a princesa salvará e um reflexo mágico a recompensará.
A menina recuou, um pouco alarmada. Ela não percebeu, mas a reação da pedinte foi provocada pelo toque de seus dedos na palma da mão dela, no momento em que foi entregar a moeda.
- O quê? - perguntou, com pouca firmeza e muita confusão, olhando para os lados para se assegurar de que fora a ela que as palavras foram ditas.
Mas a mulher já havia voltado a uma expressão normal. Ela deu a Andrômeda um sorriso simpático e lhe agradeceu pela moeda.
- Você poderia repetir o que disse antes? - Andrômeda perguntou.
- O quê, minha querida?
- Sobre a herdeira da luz.
- Eu não sei o que isso quer dizer.
- Mas…
- Ei, Andy! - ela ouviu alguém chamar.
Era seu melhor amigo, Matheus, do outro lado da rua. Quando ela o viu, ele acenou. Ainda confusa pelas palavras da pedinte, Andrômeda se afastou e se juntou ao amigo.
- Que cara é essa? Viu uma assombração? - ele indagou.
Os dois caminhavam lado a lado.
- Não, só… Aconteceu algo estranho - ela respondeu.
- O quê?
- Aquela mulher… Ficou estranha de repente e disse algo sobre uma herdeira da luz, que se encontrará num mistério, resolverá enigmas, ou algo assim.
Ele riu. Ela lançou um olhar na direção da pedinte uma última vez, antes que virassem a esquina.
- Vai me dizer que você caiu numa profecia?
Ela encarou o amigo, em choque.
- O quê?
- Você sabe… Você já leu livros de fantasia infanto juvenil.
- O que isso tem a ver?
Eles pararam na frente de uma faixa de pedestres para esperar o sinal fechar.
- O paradeiro da sua irmã é um mistério, não é?
- Talvez, mas onde entra a coisa da princesa e do reflexo mágico?
O sinal fechou, eles atravessaram a rua.
- Ah, você não tinha mencionado isso, amiga. Mas sei lá, vai que... Né?
- Herdeira da luz?
- Talvez isso tenha algo a ver com o fato de você conseguir ver coisas numa bola de cristal? - Matheus sugeriu.
- Mas não sou eu quem consegue manipular eletricidade e luz.
- Será mesmo? Sua irmã gêmea não consegue? Talvez seja algo de família.
- Meus pais não têm isso - Andrômeda disse - Nada dessas coisas paranormais de Ariadne e eu.
- Não sei, eu só disse o que parece.
O restante do trajeto foi, resumidamente, eles conversando bobagens de adolescentes. Acabou-se por distrair a preocupação da garota, com toda a estranheza do desaparecimento da irmã e do momento fantasia infanto juvenil de apenas alguns minutos antes. Ao chegarem na calçada da casa de Matheus, eles se despediram com beijos nas bochechas e Andrômeda seguiu em frente, sozinha.
A mente da jovem garota estava uma completa bagunça quando acordou. Ela sonhara, tinha certeza disso, mas não conseguia recordar dos detalhes.
Levantou, ainda desorientada, acendendo a luz para observar pela milésima vez a ausência de sua bola de cristal, na mesa que ficava no canto do quarto. Não entendeu como, mas agora algo estava escrito na parede com sua caligrafia, acima da mesa, no que daquela distância parecia ser batom roxo. O batom pertencia a Ariadne, era do feitio dela usar cores escuras.
Andrômeda saiu do quarto e encontrou seu pai na cozinha. 
- Sabe me dizer como aquilo foi parar ali? - ela o questionou - Aqueles versos na parede?
Ele ergueu o olhar da xícara de café que segurava, para dar atenção à filha.
- Sonambulismo - respondeu - Foi você. Não se lembra de nada que possa explicar?
O suspiro que lhe escapou foi audível e desconfortável. Sem responder, ela pegou uma xícara e tomou uma cadeira ao lado de seu pai. Ela abriu a garrafa de café e encheu a xícara, bebeu metade antes de voltar a falar.
— “A Herdeira da Luz em um mistério se encontrará, três enigmas resolverá, a princesa salvará e um reflexo mágico a recompensará”. Ouvi as mesmas palavras de uma senhora na rua ontem, mas não entendo o que significam.
- Eu também não entendo, mas existe uma coisa que precisamos te contar. Deveríamos ter contado a vocês há muito tempo.
Como se estivesse esperando a deixa, a mãe entrou na cozinha.
- O quê? - Andrômeda olhou da mãe para o pai.
- Vocês duas foram deixadas conosco quando tinham pouco mais de um ano de idade. - a mãe contou.
- Os pais biológicos, das duas, disseram que era perigoso ficar com vocês onde nasceram. Eles explicaram que poderiam manifestar dons paranormais, colocando não só vocês, como todo o lugar em perigo. - completou o seu pai.
A menina apertou um pouco os olhos.
- Tá, que lugar?
- Não sabemos - respondeu a mãe - Não poderíamos negar cuidados à duas meninas tão pequenas, então aceitamos ficar com vocês.
- Nossos nomes, foram eles quem deram ou vocês? - Andrômeda perguntou, fazendo o máximo para controlar o tom de voz.
- Nós. - foi o pai quem respondeu - Eles acharam que seria melhor que não soubéssemos os nomes verdadeiros, o perigo que correríamos seria menor.
- Existe alguma chance de Ari ter desaparecido por causa disso? - a voz de Andrômeda agora era quase chorosa - Vocês estavam esperando algo assim acontecer para dizer?
- Não sabíamos como contar, Andy. Pensamos que isso ajudaria a manter vocês longe de problemas maiores.
- Então vocês não iam contar nunca?
- Andy…
A garota balançou a cabeça e interrompeu o pai.
- Vou me arrumar para a escola. - disse, se retirando da cozinha, sem dar mais espaço para conversa.
Ela fez exatamente o que disse, se arrumou e foi para a escola. Mais uma vez, ela não recebeu e nem compartilhou notícias sobre a irmã.
Quando estava voltando para casa na companhia de Matheus, dois rapazes, apenas um pouco mais velhos que Andrômeda, os abordaram.
- Ei, garota! - disse o mais alto dos dois, enquanto Andrômeda e Matheus esperavam o sinal fechar - Você é Andrômeda Aristo, não é?
- Hum… Sou.
- Me diz uma coisa, imagine que você é uma bruxa e tem que escolher entre usar um feitiço para salvar o mundo e um feitiço para matar seu arqui-inimigo. Qual é a cor dos olhos da bruxa?
- Castanhos?
- Certo - disse o segundo rapaz - Existe uma palavra no nosso idioma que sempre é escrita errada. Que palavra é essa?
Andy e Matheus trocaram um olhar.
- "Errada". - ela respondeu - Eu tenho que ir, se me derem licença…
- Espera! - falou o primeiro rapaz, segurando o braço dela delicadamente -  Dois irlandeses que nunca se viram decidiram sair para jantar. Eles são pais adotivos da mesma criança e a criaram juntos. Como isso é possível?
A menina e o amigo trocaram um segundo olhar. Então ela encarou o rapaz desconhecido e disse:
- Fala sério. Eu não tenho tempo para isso.
- Andy - Matheus disse e se aproximou dela para sussurrar: Três enigmas.
- Quem são vocês? - ela perguntou aos desconhecidos em voz alta.
- Por favor, responda. - o segundo rapaz disse.
- Os irlandeses eram cegos. - ela respondeu a contragosto - Vocês vão me dizer o que querem?
- Você é a Herdeira. Eles disseram que a Herdeira acertaria os três. - o segundo disse.
- Sério, isso era pra ser difícil? - ela indagou.
- Levamos ele também? - o primeiro cochichou para o outro.
- É melhor. - ele respondeu.
- Ei… - Matheus começou dizer.
- Ok. - o primeiro rapaz disse ao mesmo tempo, juntando as duas mãos.
Em seguida, ele abriu os dois braços, com as palmas das mãos voltadas para cima, e tudo ao redor deles desapareceu.
A mente da jovem garota estava uma completa bagunça quando ela acordou. Ela sonhara, tinha certeza disso, mas não conseguia recordar dos detalhes. Não… Dessa vez não tinha simplesmente dormido. Ela fora raptada. Ela recordou o que acontecera enquanto esperava o sinal fechar.
Quando ergueu a cabeça, avistou Matheus, não muito distante, também deitado no chão. À frente deles estavam os dois rapazes que provocaram aquilo.
- A princesa acordou. - um dos dois cantarolou, o mesmo que tinha usado a magia.
- Onde estamos e por quê?
- Estamos em Madore, sua casa. Sinto muito não ter explicado antes, alteza. - Ele se curvou, numa breve reverência e o outro rapaz o imitou.  
- Eu sou Bruno e esse é o Pietro.
- Alteza? - ela indagou, se sentando para observar Matheus de perto - Ele tá bem?
- Sim. Você é uma das duas princesas exiladas, e a Herdeira da Luz. - ele respondeu com calma - Seu amigo deve acordar em breve.
- Exilada? Onde estamos?
- Madore. - Pietro respondeu.
- Eu ouvi, mas o que isso deveria significar?
- É um reino oculto, - Pietro explicou - oculto do mundo humano. São necessárias medidas específicas para adentrá-lo, como conjurar um portal, por exemplo, tal como Bruno fez.
- Madore é um mundo habitado por faerys, magos e bruxos. - Bruno acrescentou - Estamos numa espécie de guerra fria há alguns anos. Magos desaparecem e faerys e bruxos dedicam o tempo a culpar uns aos outros e tentar provar isso.
- O que vocês são?
- Magos. Vocês também. Digo, você e Ariadne.
- E o que exatamente diferencia magos de bruxos? - ela quis saber.
Ao seu lado, seu amigo começava a acordar.
- A magia dos magos está mais relacionada à manipulação de energia espiritual através de objetos ou ações. Bruxos atuam de forma parecida, mas são ritualistas e em vez de manipular energia, o poder é verbal ou gestual.
- Vou fingir que entendi. - Matheus comentou, finalmente desperto.
- Eu também. - disse Andrômeda, segurando uma risada.
- Vocês querem comer alguma coisa? - Pietro perguntou.
- Por favor. - Matheus falou.
- Vamos buscar comida, quando voltarmos terminaremos as explicações. Por favor, permaneçam aqui. - pediu Bruno.
Quando voltaram, os dois rapazes explicaram que, quase duas décadas antes, um mago desapareceu sem explicação, e nunca mais se teve notícias dele. O tempo foi passando e outros magos continuaram a sumir, cada vez magos mais talentosos e poderosos. Depois do nascimento das gêmeas, a frequência de desaparecimentos aumentou significativamente e, com medo de que algo acontecesse a elas, os pais delas decidiram escondê-las. Os desaparecimentos voltaram a diminuir, mas nunca acabaram, os alvos eram sempre magos.
Em um momento, Matheus interrompeu os rapazes.
- Vocês ouviram alguma profecia ou algo assim?
- Ouvimos que a Herdeira da Luz daria um jeito nessa história. - Bruno respondeu.
- Bruno e eu somos parte da equipe oficial de pesquisadores dos líderes magos. Cada lado tem sua liderança, os magos têm como simbologia a luz. Nossos líderes, seus pais, estão desaparecidos  há três semanas. Percebemos uma alteração na magia depois que Ariadne desapareceu, isso pode significar que ela esteja por aqui. Levamos um tempo para descobrir que ela tinha desaparecido, por isso demoramos a ir atrás de você. -Pietro disse a Andrômeda - Mas associamos os dois fatores. Tudo indica que quem quer que seja responsável pelo desaparecimento de Ariadne acredita que ela seja a Herdeira, mas na verdade é você. Então nós te sequestramos antes que percebessem o engano. Mais uma vez, nos desculpamos por isso.
- Como eu seria Herdeira de alguma coisa? - a garota indagou - Ariadne é a talentosa.
- Não somos nós que escolhemos. - Bruno disse.
- O que eu tenho que fazer?
- A profecia. - Matheus afirmou.
- Nem temos certeza se é realmente uma profecia. - Andrômeda replicou - A parte do mistério e a dos enigmas não batem.
- Nos diga que profecia é essa. - Bruno pediu.
- “A Herdeira da Luz em um mistério se encontrará, três enigmas resolverá, a princesa salvará e um reflexo mágico a recompensará”. - a garota recitou.
Pietro e Bruno trocaram um olhar.
- O que foi isso? - ela perguntou.
- Existe uma lenda. - Bruno começou.
- Sobre o espelho de Alexa. - Pietro continuou - Alexa é o nome de um prédio antigo, localizado no centro de Madore. Ele tem esse nome em homenagem a uma líder bruxa, há um espelho que pertencia a ela. As histórias dizem que ele pode ser usado para ocultar coisas. Inclusive, algumas pessoas consideram que a magia dele mantém Madore escondida dos humanos.
- Não sabemos se é verdade, são histórias antigas. - falou Bruno - De toda forma, você é a Herdeira. O paradeiro da sua irmã, que é uma princesa, é um mistério e você soube responder nossas três charadas. Parece a concretização de uma previsão para mim. Está na hora, alteza.
- Ok. Vamos até esse tal Alexa?
Assim eles fizeram. O prédio ficava em frente a uma praça e tinha dois andares em arquitetura gótica. Os rapazes disseram a Matheus que ele não precisava acompanhá-los se não quisesse,  mas ele insistiu em ir.
O Alexa tinha muita coisa pertencente à história de Madore, Andrômeda se viu encantada com todos os objetos mágicos ali presentes. Até que ela sentiu aquela sensação inconfundível: a presença de sua irmã gêmea.
Subitamente, ela se voltou para seus companheiros de viagem.
- Ela está aqui. - anunciou.
- Já percorremos praticamente o térreo inteiro. - Pietro disse - Talvez ela esteja lá em cima. O problema é que o andar é fechado para visitantes.
- Vocês podem falar sobre aquilo? - Matheus perguntou - Sobre Andy ser a Herdeira da Luz? Talvez não restrinjam o acesso de alguém de tamanha importância.
Bruno balançou a cabeça.
- Infelizmente, fora os funcionários, apenas líderes têm permissão.
Pietro se aproximou e completou num sussurro:
- A boa notícia é que pesquisadores oficiais contam como funcionários. Vamos dar um jeito de levar a princesa.
- Acho que posso criar um portal pequeno - Bruno murmurou - Mas não posso criar aqui dentro.
Eles fingiram prestar atenção no restante dos objetos expostos no térreo, então saíram para o pequeno pátio atrás do prédio. Lá, Bruno criou um portal que os levou ao andar de cima.
A cena que encontraram era surpreendente. Ariadne, com seus cabelos e roupas escuras, estava derretendo em suor em frente a um espelho arredondado com uma moldura dourada, cheia de detalhes bem trabalhados.
Havia algo diferente com ela, sua irmã observou. Seu olhar estava perdido, a mão direita com a palma apontada para o espelho. Em vez de um reflexo, a face do espelho exibia uma magia de tom azulado.
- Ela está em transe. - Pietro disse - Você tem que fazer alguma coisa.
- O quê?
— Você é a Herdeira da Luz. Tente anular o transe com uma energia positiva. - Bruno sugeriu.
- Eu posso fazer isso?
- Claro. - os dois magos responderam juntos.
Ela respirou fundo, se aproximou da irmã e a observou uma última vez antes de fechar os olhos e tocar seu ombro. Levou uns trinta segundos para que ela conseguisse o efeito desejado, mais outros vinte até sua irmã se livrar do transe. Ela notou quando a outra se esquivou do toque.
- Ei! - Ariadne falou.
Andrômeda abriu os olhos para observá-la.
- O que aconteceu com você? - ela perguntou, enquanto a abraçava.
- Eu não faço ideia. - Ariadne respondeu - Que lugar é esse?
- Longa história. - Andrômeda soltou a irmã e caminhou até o espelho - Depois eu conto.
O espelho agora refletia a imagem normalmente, mas ainda causava estranheza a Andrômeda. Ela decidiu tocá-lo e, imediatamente, sua mente se encheu com visões que mostravam o que tinha acontecido envolvendo aquele espelho.
Ele realmente ocultava coisas. Ele mostrou que um descendente de Alexa, Daniel, o usara para tentar conseguir a liderança absoluta. Ele escondeu magos que raptara e provocou desavenças entre bruxos e faerys. Assim, ele decidiu também raptar os líderes magos e tentou usar os poderes de Ariadne para extrair os poderes de quem aprisionou, precisando colocá-la em transe para isso. Depois, ele a faria passar o poder para ele.
Ela tirou a mão do espelho.
- Estão todos presos aí. - ela disse, para ninguém em especial - Todos os magos desaparecidos. Dois de vocês poderiam procurar o diretor do Alexa? Não digam nada a ele, invetem uma desculpa para trazê-lo aqui. Eu acho que sei o que fazer para trazer os magos de volta.
Bruno e Pietro fizeram o que ela pediu e, enquanto eles não retornavam, Andrômeda tentou usar no espelho o mesmo processo que usou com Ariadne, mas não parecia suficiente, então ela pediu ajuda à irmã.
Quase todos os magos presos ao longo das últimas duas décadas estavam livres quando o diretor do Alexa chegou ao andar de cima.
Ele, boquiaberto, nem tentou intervir, e logo todos estavam do lado de fora do espelho.
Ela explicou para todos os magos presentes tudo o que havia descoberto e que o atual diretor do Alexa, Daniel Moris, era o responsável por tudo.
Como punição temporária, Alanis, a mãe biológica das gêmeas e líder dos magos, aprisionou Daniel no espelho, para aguardar um julgamento adequado com toda a liderança de Madore. Depois desse feito, ela e o marido se voltaram para as gêmeas.
- Finalmente vocês chegaram. - ela disse, abraçando as filhas. - Temos muito a conversar.
- Por hora, temos um agradecimento a fazer. - o pai disse, tomou uma mão de cada uma nas suas e prosseguiu, em voz alta, para o humano e os magos presentes escutarem com clareza:
- Saúdem as Herdeiras da Luz!

                                         Por Isabel Souza

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Isabel Souza nasceu em Ceará. É estudante de biblioteconomia; começou a escrever graças á trabalhos escolares. Hoje, publica seus contos no wattpad.

 Hoje, publica seus contos no wattpad

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