Naquela tórrida tarde de quarta feira, Taehyung observava a rua com desânimo, o movimento estava fraco e as horas pareciam demorar ainda mais para passar. Se não fosse pela melodia de Francisco Tárrega tocando no toca-discos já teria caído no sono, já havia feito de tudo desde tirar a poeira do balcão, até lustrar o chão de taco e andar na frente do estabelecimento tentando chamar a clientela, mas nada tirava-lhe o desânimo.
— Taehyung – ouviu Yoongi, seu melhor amigo e donatário do local lhe chamar, fazendo-o despertar vagamente de seus devaneios.
— Sim? – respondeu-lhe de sobressalto.
— Chegou novas encomendas, me ajuda a colocá-las na estante – pediu aparecendo com uma pilha de vinil nos braços.
Sem pestanejar, Taehyung o ajudou recolhendo uma boa parte da encomenda e logo começou organizá-las nas prateleiras. Era o tipo de funcionário que não questionava muito, aceitava bem o que lhe era imposto, priorizando o respeito e dedicação naquele ambiente que tanto gostava de trabalhar, sendo um funcionário exemplar mesmo que o dono fosse seu melhor amigo e as chances de ser mandado embora fossem mínimas. Ambos sabiam distinguir bem a relação de trabalho e amizade, tornando a convivência mais leve para todos.
— Chegou o vinil de The Works – comemorou o Kim animado. — Eu não via a hora.
— Chegou também o álbum do Led Zeppelin, a versão de remasterizada de 93, com as 4 faixas inéditas – disse yoongi diante da vitrine.
— Esse ano vai ser um ano de boas vendas – sonhava acordado com a ascensão da pequena loja. — Finalmente, sorte nos negócios.
— Se seguirmos pela metáfora do "sorte no jogo, azar no amor" eu espero que se aplique também aos negócios – riu sofrengo — Porquê os últimos meses não tem trazido bons frutos em nenhum dos dois.
— Eu que o diga – suspirou — Estou com prestações do carro para pagar e expectativas baixas para o amor.
Seu grande sorriso logo sumiu ao se lembrar dos perrengues que a vida lhe havia imposto, só de pensar sobre aquilo já lhe batia uma melancolia.
— Qual é Tae, e o boyzinho que você conheceu a um mês atrás? – perguntou curioso, ajeitando os últimos discos na vitrine recém arrumada.
— Já se passou um mês e até hoje não tive nem sinal dele. Não que eu estivesse tão esperançoso, mas pelo menos eu achei que nos veriamos novamente, aliás eu gostaria de encontrá-lo novamente. – justificou com um bico formado nos lábios.
Aproveitou que estava organizando os vinis na última prateleira e se sentou no chão, facilitando para si.
— Você devia ir atrás dele, talvez ele só seja tímido demais para vir até você. – Yoongi tentava encoraja-lo a ir atrás do garoto, já que o tempo havia passado e ao longo do mês Taehyung permaneceu pensando constantemente sobre ele.
— Não Yoon, ele é um garoto legal, sabe? super fofo, dono de um sorriso extremamente fascinante e merece alguém bacana, não alguém como eu. – adimirava as poucas lembranças que tinha sobre o garoto, elogiando demasiadamente — Se eu fosse me apaixonar, com certeza não seria por eu mesmo, então não vejo razões para que alguém se interesse por mim. – depreciou-se como julgava ser.
— Meu Deus Kim, deixe de besteira, todo mundo em sã consciência se apaixonaria por você – repreendeu a atitude do amigo — Até eu me apaixonaria por você se eu já não estivesse caidinho pela Charlene, do bar ao lado.
— Assim como também estava caidinho pela moça dos Correios na semana passada? – zombou das paixonites do mais velho.
— Vá atender o cliente, antes que ele se encha com a nossa escassez de relacionamento e desista de comprar algo aqui.
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Paraíso perdido [taekook]
Fanfiction[concluída] Era verão quando Jungkook viu Taehyung pela primeira vez. Nunca pensou que ficaria fascinado pela beleza de um desconhecido, mas, é claro, ele também não imaginava que seria atropelado pelo homem de sorriso bonito e sofreria algumas quei...