08

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Becky não sabia dizer o que sentia no momento. Ver o colar de sua mãe no armário de Javier quando o hacker pegou foi um choque grande demais. Ela tinha suspeitas sobre a verdadeira identidade do hacker, mas nunca suspeitaria de Javier. Tudo bem que ele nunca apoiou a busca pelo hacker e as circunstâncias de como o Bruno fugiu quando ele estava de olho nele eram duvidosas, mas ela ainda queria acreditar que os fatos estavam errados. Aliás, tudo na sua vida estava dando errado no momento. Ela não tinha mais suas amigas e o Matteo, nem mesmo sua coroa para desfilar pela escola, e agora além de estar magoada pela traição ainda tinha que aguentar as pessoas rindo, revendo o vídeo do seu namorado e de sua melhor amiga juntos, embaixo do nariz dela, e ainda ser chamada de corna ou qualquer outro apelido maldoso.

— Me escutou? — Raúl chamou, tirando ela de seus pensamentos.

Ela estava sentada ao lado de Raúl, fingindo prestar atenção na aula quando na verdade pensava em Javier.

— O que foi? — Ela guardou o colar no bolso da jaqueta e olhou para ele.

— Vou entregar o Javier para o Quintanilla — ele repetiu com a boca próxima ao seu ouvido. — O hacker precisa ser punido, ele fodeu com a vida de muita gente.

— Não, Raúl! — Ela franziu o cenho ao escutar aquilo. — Nem sabemos se o Javi é mesmo o hacker.

— Javi, Becky? Já está chamando ele pelo apelido? Você conhece ele não faz nem um mês.

— Eu conheço ele há pouco tempo, mas é bem mais verdadeiro que certas pessoas.

— Está falando de quem? — Ele ergueu as sobrancelhas.

— Da Brie, é óbvio — ela respondeu com um suspiro, encarando as costas da outra que sentava ao lado de Bia, depois passou seu olhar para Matteo que estava ao lado de Barbie. — Achou que eu estava falando de você?

— Por um momento, sim. — Ele lançou um olhar desconfiado para ela, como se não acreditasse naquela resposta.

— Tenho motivos para falar de você, Raúl?

— É claro que não. Você me conhece há tanto tempo que eu nem lembro. E me conhece muito bem — ele ergueu o canto de sua boca em um meio sorriso.

— Por que você fica lembrando dessas coisas? — Ela revirou os olhos, incomodada com aquele olhar, então olhou para Javier com o canto do olho.

— Já entendi — ele disse inclinando a cabeça, entediado —, você está gostando daquele idiota.

— O quê? Não! — Ela balançou a cabeça negativamente. — Você me conhece bem para saber que eu estou bem acima disso.

— Eu nunca vi você defender tanto alguém como ele.

— Eu acreditei nele, só isso.

— De qualquer jeito, eu vou falar com o Quintanilla hoje mesmo — ele foi irredutível quanto a sua decisão e ignorou os protestos da outra.

— Raúl, ele já foi expulso de uma escola e se você abrir a boca ele será dessa também, você não pode fazer isso. Pelo menos espere até ter provas contra isso.

— Você está com pena dele, é isso? — Ele cruzou os braços sobre a mesa. — Porque isso não é você. Você era a rainha da escola e rainhas não se comportam assim.

— Você não me conhece, só vê o que quero que você veja — ela se levantou abruptamente, empurrando a mesa em sua frente. — E eu ainda sou a rainha da escola.

Ela passou as mãos pelos cabelos e saiu assim que a professora permitiu sua ida ao banheiro. Ela só precisava respirar um pouco longe daquela atmosfera pesada que se concentrava perto do Javier, da Sofía e do Raúl.

𝐃𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑𝐎𝐔𝐒 ➤ control z ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora