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Enxuguei meus olhos para ver se tinha visto bem. Um segurança não, dois. No que eu tinha me metido? Certo, eu berrei como uma louca e sai da sala que era obrigatória, mas afinal, quem nunca?

- Sra. Camila Cabello? - um dos seguranças perguntou, o mais alto.

- Eu. - respondi ainda limpando minha bochecha molhada na manga da minha blusa.

- Venha conosco. - o segurança mais baixo rosnou.

Eu poderia ter fugido, já fugi várias vezes dos seguranças, mas não queria mais encrenca para o meu lado então segui eles.

Não sabia para onde eles estavam me levando, mas tive uma leve impressão que era para a sala da Sra. Amélia, a coordenadora daqui. Já havia ido para sua sala para pegar compridos e fazer uma breve análise de como eu estava indo, mas eu nunca tinha me encrencado com ela, o máximo que eu já fiz foi acender um cigarro na Ala Hospitalar.

Chegamos em sua sala e os dois seguranças me deixaram e foram embora.

- Sente-se, por favor Sra. Cabello. - disse Sra. Amelia com um tom meio arrogante.

Não pensei duas vezes, peguei uma cadeira e sentei, mas fiquei com uma impressão de que estávamos esperando por algo, ou alguém, até que a porta se abriu e pude vê-la com aquele brilho malicioso nos olhos. Lauren Jauregui.

- Sra. Jauregui, sente-se. - Sra. Amélia disse.

Lauren deu um sorriso debochado e sentou-se. Ninguém dava ordens para ela, a não ser que ela quisesse obedecê-las.

- Trago vocês duas aqui pelo seus comportamentos inadequados no grupo de apoio. Há regras bem claras de como devem se comportar e uma dessas regras são: Não gritar ou brigar com algum paciente e não sair da sala até o horário. - ela disse tirando seus óculos e olhando para mim.

- Se fodeu. - Lauren sussurrou para mim e cada vez minha vontade de matá-la estava maior.

- Por isso, - Sra. Amélia continuou - durante uma semana, vocês duas devem vir aqui na minha sala para eu ver o progresso de vocês. Podem ir embora agora.

Fiquei em choque. Um semana inteira com esse monstro? Ela deveria estar enganada, ela tinha que estar. Eu não me importaria de ir para sua sala todos dias, pois isso me ocuparia. Mas com Lauren? Nunca. Ela despertava o pior em mim.

Sai de sua sala e tentei ignorar Lauren, mas ela puxou meu braço quando saímos da sala e disse no meu ouvido, ela chegou tão perto que pude sentir a textura de seus lábios e me arrepiei.

- Bem, acho que nós vemos amanhã, bebê... Mas pensando bem, que tal adiar esta visita?

Ela puxou meu pulso para um canto afastado, e tive que admitir, ela era muito forte. Estava com medo, será que ela iria me matar? Não, era mais um de seus joguinhos medíocres. Mesmo tentando me soltar, ela era forte demais e depois de um tempo apenas cedi. Perguntei e berrei por ajuda, mas ela apenas me ignorava.

Ela me puxou até uma sala com uma placa na porta "Apenas Para Autorizados". Pude ouvir Lauren sussurrar algo entre 'babacas' e 'panacas'. Ela empurrou a porta com apenas uma mão, pois sua outra mão estava muito ocupada deixando marcas em meus pulsos. Entramos na sala e não pude deixar de tossir, o ar estava empoeirado demais.

- O que é aqui? - eu perguntei

- A sala de arquivos, mas agora cale a boca pois alguém pode nos ouvir. Enquanto isso, certifique-se que ninguém está vindo. - ela disse soltando meu pulso.

- O que? Você está louca? Eu vou embora daqui. - eu disse um pouco mais alto do que planejava.

- Quer mesmo sair? Eles vão desconfiar que você esteja saindo deste corredor, onde apenas "autorizados" podem entrar, então trate de servir para alguma coisa.

Bufei e comecei a xinga-lá de todos os nomes possíveis, mas não tinha muito uma escolha e além do mais, meu medo me impedia de fazer qualquer coisa que não fosse o que ela mandasse.

Já estava encrencada demais e não queria nem pensar no que fariam comigo se me vissem nesse corredor.

- Mas afinal, o que está fazendo ai? Procurado novas pessoas para torturar? - quando disse isso, queria poder voltar e não ter falado nada. Merda.

- Você só vê o pior em mim, não?

- E você gostaria que eu visse bondade em seus olhos impiedosos?

Ela ignorou e continuou procurando um certo arquivo. Até que vi alguém andando na nossa direção, mais especificamente para esta sala, então apenas consegui dizer:

- Fodeu. Tem alguém vindo.

Ela começou a xingar até que encontrou um lugar para nós duas entrarmos. O pequeno lugar era cercado por caixas, até que ela me empurrou para dentro e depois foi entrando no espaço que sobrou para ela.

Ela começou a olhar para mim e pude sentir seus olhos sobre minha pele.

- Nada mal esse corpo, hein? - ela disse com um sorriso malicioso estampado na cara.

Bufei e ignorei seu comentário. Como ela era medíocre. Comecei a pensar em todos os palavrões possíveis para descrevê-lá, mas pude ouvir passos e a porta sendo fechada. Não me atrevi a olhar pelo buraco em que entramos, e pelo jeito, nem Lauren. Mas então consegui ouvir uma voz, que deveria ser da pessoa dos passos.

- Ora, ora, ora, o que temos aqui?

SuicideOnde histórias criam vida. Descubra agora