Cigarrete

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Entrei no refeitório do hospício com pensamentos á mil. Hoje de manhã, uma garota se mudou para a minha ala, mas ela não era uma simples garota. Ela era da minha Ala, a Ala dos que tinham problemas mentais, mas ela não era apenas uma problemática, ela havia torturado uma enfermeira e dia seguinte a enfermeira foi encontrada queimada em seu dormitório, e depois disso ela foi para a Ala 2, mais conhecida como Ala dos Psicopáticos.

Havia muito tempo que ninguém era transferido de uma ala para outra, mas todos acharam que este caso era fatal.

Ninguém sabia porque ela havia retornado para sua antiga Ala, mas também ninguém era corajoso, ou louco o suficiente para perguntar.

Todos tinham medo dela, mesmo com aqueles cabelos pretos sedosos e olhos três tons acima do verde bebê, ela guardava segredos demais para alguém poder falar com ela.

Percebi que não estava com fome então fui para o gramado relaxar minha mente.

Abri minha caixa de cigarros e vi que apenas restava dois. Peguei-o e encaixei entre meus dedos e fui colocando nos meus lábios e expirando, formando um arco de fumaça. Fumar me tranquilizava, eu fumava para esquecer. Esquecer dos motivos que eu entrei nesse internato, esquecer das pessoas que já conheci, e de tudo que já passei. Mas as memórias voltavam em minha mente, até que ouvi uma voz rouca atrás de mim.

- Posso pegar um?

Eu olhei para trás e pude reconhecer quem era a dona daquela voz, Lauren Jauregui, a garota da Ala 2. Eu não iria dar meu último cigarro para ela, mas eu não sei se tinha muito uma opção, ela poderia ficar irritada comigo e me torturar lá mesmo, ela era louca.

Seus lábios carnudos formavam um pequeno sorriso malicioso. Ela não mostrava nenhum sinal de loucura, é como se ela tivesse feito tudo aquilo em plena consciência.

Ofereci minha caixa para ela pegar o último cigarro restante.

Pude ouvir um 'obrigada' que soou mais como um sussurro para dentro.
Joguei meu cigarro no chão e pisei nele e comecei a andar até que pude ouvir sua voz de novo.

- Você nem vai me dizer seu nome?

- Camila. Camila C-cabello. - eu disse gaguejando enquanto ela deu um pequeno sorriso de satisfação.

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