Hello Camila

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Lauren saiu da Solitária e me encontrei com ela a caminho da sala da Sra. Amélia. Começamos a nos ignorar até que chegamos na sala. Sra. Amélia falou que já que era véspera de Natal, deveríamos arrumar a árvore e enfeita-la. Pude ouvir um resmungo saindo de Lauren. Serio que ela preferia passar algumas horas naquela sala abafada ao enfeitar uma árvore de natal?

Fomos andando para a sala que estavam fazendo os preparativos de natal e tudo estava tão lindo. Quer dizer, estava tão lindo para um hospício. As luzes do local estavam brilhando tão forte que chegava a me cegar, mas era bonito. As árvores ainda não continham muitos enfeites, então presumo que este seja nosso dever para hoje.

Eu me lembro da última véspera de Natal que passei com a minha família, fazia tanto tempo que nem me lembrava mais. Me lembro que ajudei minha irmãzinha a colocar a estrela no topo da árvore. Ajudei minha mãe com os doces e meu pai com a comida. Era uma época boa, sem preocupações, sem problemas, eu sentia falta da minha família, mesmo eu não sabendo se podia dizer a mesma coisa vindo deles sobre mim.

Comecei a procurar pelos brilhos para colocar na árvore enquanto Lauren pegava os enfeites em formato de bola. Não pude deixar de observá-la. Seus cabelos estavam com uma aparência de maltratados, mas continuavam lindos, e isso era estranho. Seu rosto parecia de um anjo, como se não tivesse acontecido nada nesses últimos três dias. Queria falar com ela, agradecer seu ato de coragem e me salvar da Solitária, porém ela apenas contou a verdade e mesmo que ela tivesse me "salvado" ela ainda era louca, e eu não podia manter contato com ela. Mas mesmo assim, resolvi tentar agradece-lá. Cheguei perto de onde ela estava e consegui dizer:

- Hum, obrigada. Digo, por não ter me acusado.

- Você não está brava? - ela perguntou.

Pensei em muitas coisas antes de respondê-la. Poderia ter passado minutos, horas, mas acho que apenas passaram-se segundos. Se eu estava brava com ela? Claro que estava. Ela desperta o pior em mim, e eu não posso ficar ao lado de alguém que me faz uma pessoa ruim. Mas eu não sabia o que responder. Até que finalmente, eu disse:

- Não.

E quando disse, eu pude sentir que eu não estava brava com ela, nem com medo. Ela me salvou, e nenhuma psicopata faria isso.

- Ótimo. - ela disse depois de um certo tempo, tentando processar a informação. - Porque agora você vai precisar me ajudar a pegar uma escada para eu subir no topo da árvore!

Soltei uma risada e fui buscar a escada. Voltei com a escada e deixa-a ao lado de Lauren. Ela agradeceu e voltei para os meus afazeres até que pude ouvir uma voz atrás de mim.

- Olá Camila, está precisando de alguma ajuda? - me virei e pude vê-lo. A muito tempo que eu não o via, podia se dizer que passaram meses, e eu fique paralisada só de ouvir sua voz de novo.

- Olá, Austin. E não, obrigada. - respondi.

O que ele estava fazendo aqui? Minha vida estava indo de cabeça para baixo.

Austin era um voluntário do hospício e sempre vinha para cá. Nós começamos a namorar e tivemos um caso, mas ele simplesmente me largou e foi embora e nunca mais voltou, sempre achei que ele havia me traído. Mas depois desse dia em que ele foi embora, nunca mais vi ele. Minha vida estava indo de mal á pior nesse lugar.

- O que você estava fazendo conversando com ele? - pude sentir aquela voz atrás de mim de novo. Lauren.

- Eu conheço ele. Ele é um voluntário daqui, certo? - perguntei hesitando, como se já não soube-se da resposta.

- Camila, você tem que me dizer exatamente o que você estava falando com ele! - ela disse.

- Lauren, eu não sei se você sabe, mas nos não nos conhecemos e eu não tenho nenhuma obrigação de falar o que estava falando com ele. Mas para sua informação, ele apenas queria saber se eu precisava de ajuda! - exclamei

- Camila, como você o conhece?

- Não te interessa, Lauren!

- Camila, eu acho que você devia saber de algumas coisas sobre mim. - ela disse me puxando para um canto do salão.

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