A REBELDE

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*Revisado por mim então se tiver erros, sorry;
*Minha personagem favorita e já tem algum spoiler sobre Diana😉.

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BÁRBARA P.O.V

E lá vai eu fugir daquela escola de novo mesmo que os pedidos de Diana era que eu parasse de faltar aulas por conta dela, mas eu nunca obedecia, assim como não a obedecia quando ela me mandava parar de fumar.

Agora aqui estou de novo, numa casinha de madeira velha onde antigamente colocavam os produtos de limpeza, o que agora é muito engraçado já que cheira mofo hoje em dia. Essa casinha, onde chamo de Sossego é bem longe da escola e para chegar até ela é um pouco complicado.

Acendo meu cigarro e sento
em um sofá velho de couro, sofá de algum dos idiotas da minha escola que resolveu trazer pra conseguir transar com alguma líder de torcida fajuta. Até hoje não sei como ele conseguiu trazer mas agradeço fielmente a ele, se não eu teria que deitar nesse chão sujo.

Esse lugar está tão bagunçado que decido começar a varrer com algumas vassouras velhas que também existem ali. Da próxima vez eu pretendo trazer um rodo e um pano, pra fazer a faxina completa.

Enquanto varro me lembro das vezes que nos cinco matavamos aula para fugir pra cá e fofocar sobre o quão chato era aquele bando de gente falsa e esnobe. Sam ia pouquíssimas vezes, já que ele dizia que não tinha tempo pra falar mal dos outros, que prefiria estudar para ter um futuro. Das poucas vezes que ele veio nunca pareceu se arrepender.

Diana vinha mais vezes que o irmão e parecia que toda vez que vinha melhorava seu humor. Ela amava essas conversas mas não mais do que eu a amo.

Sinto tanta sua falta, de como ela me ajudava nos temas, da sua risada fácil, do seu abraço apertado. Agora ela estava naquele maldito hospital, mal conseguindo abrir os olhos. Ela estando lá não é a mesma garota doce que eu conheço.

Depois de terminar toda a "faxina" tento ligar pra Diana já que seu querido pai me proibiu de aparecer por lá por uns dias mas não disse nada sobre eu ligar para ela. Ligo e logo sou atendida com uma voz fraca mas a voz da minha menina:

- Alô? Por que tu tá me ligando a essa hora? Devia estar na aula, sabia?

- Alô pra você também senhora curiosa -rio da sua grande curiosidade- E não, não tem nada de legal na aula além de um filme sobre alguma coisa antiga.

Eu não menti já que o professor de história estava realmente passando um filme sobre algum tempo antigo, que pouco me importava.

- Ah sim, espero que não rode e você sabe que se continuar desse jeito vai passar por um fio.

- Por que você é tão preocupada? Quem deveria estar te enchendo de perguntas sou eu.

- Sim eu estou bem, já tomei meu café da manhã e agora estou assistindo o melhor filme da vida.

- É "A Menina Que Roubava Livros" né?

- Você sempre acerta, um ponto pra você -ouço sua risada e logo após sua tosse- droga.

- Você está bem de verdade? Essa tosse parece pior que da outra vez.

- Não se preocupe, eu juro que vou melhorar pra gente assistir esse filme maravilhoso.

- Só se tiver pipoca com cobertura de limão.

- Claro né... -o silêncio foi posto do outro lado da linha- eu...preciso ir, tchau e te amo.

- Se cuida e... -a chamada foi encerrada- eu te amo muito.

Eu sabia que ela não tinha ouvido mas não precisava que ela ouvisse por que todo mundo sabe que eu a amo do fundo do meu coração. Não queria que tudo acabasse por essa maldita doença. Malditos adolescentes nojentos que fizeram isso com ela.

Olho pro meu celular e vejo que já está quase na hora da aula acabar, então corro o mais rápido possível para não notarem a minha ausência. Na verdade pouco se importam se estou ali ou não, mas sei que eles preferiam que eu nunca existisse. As vezes eu também.

Enquanto voltava penso em como vou voltar para casa, sendo que meu irmão idiota resolveu dar em cima de uma policial no bar com suas cantadas machistas e sem graça, sendo preso logo em seguida. Ele era o único que tinha carro naquela casa, já que os outros tinham perdido a carteira por estarem bêbados, traficando drogas ou ultrapassando sinais.

Eu não morava com a minha família de sangue mas sim com pessoas que eram excluídas do mundo como os bêbados, drogados ou estranhos. Me encaixo perfeitamente no último e nada me envergonha de ser assim.

Viver com eles eram um sufoco por que eu era a única que estudava mas o resto trabalhava. Mesmo que eu quisesse trabalhar para ajudar a pagar nosso apartamento de dois quartos para 7 pessoas. Sim, cabiam 7 pessoas por conta de cada quarto terem duas beliches mas já digo que era muito apertado. Era o que dava para pagar.

Quando chego na escola antes de adentrar minha sala sinto duas mãos no meu ombro e uma voz que conheço muito bem.

- Eu preciso de você, eu tenho dinheiro.

Era Jacob querendo mais um pouco da sua maconha e talvez alguns comprimidos. Ele era um viciado puro mas só eu e ele sabíamos disso, o que acho estranho por as vezes ele estar agitado ou lesado demais, porém as pessoas achavam que era seu normal ~nunca era~.

Me viro pra ele e apenas concordo com a cabeça, indo em direção a salinha de limpeza ~muito clichê~, rezando que ninguém estivesse se pegando lá. Ainda bem que tudo que tinha eram uns produtos de limpezas e vassouras velhas. Entro atrás dele já fechando a porta.

- Aqui estão suas coisas -tiro da minha jaqueta um saquinho com maconha é algumas pilulas- Você já sabe o valor.

Ele tira umas boas notas do seu casaco do time e me entrega dizendo um 'obrigado', saindo da salinha rapidamente. Me pergunto o que aconteceria se seus pais e colegas ricos descobrissem que o líder do time de futebol da melhor escola da região gasta sua mesada com drogas. Provavelmente seria expulso. Rio com o meu pensamento e saio da salinha indo em direção do meu armário, pegando minhas coisas quando ouço o sinal tocar.

Ninguém nota minha presença e também não notarem a minha falta. Saio da escola de cabeça baixa, eu não deveria estar aqui.

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