꒰ 🌺 ꒱ três

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Cavar um buraco raso para a base. Juntar areia no balde. Molhar a areia. Virá-lo de cabeça para baixo e modelá-la com a mão até que fique satisfeito com o formato da obra.

Montar um castelinho de areia é a coisa mais legal no mundo a se fazer numa tarde de praia, ainda mais quando se tem um amigo novo com quem brincar. Porém mesmo com a presença de Finn, realizar aquele processo repetidas vezes por mais de um dia já estava tornando-se uma tarefa monótona, bem maçante.

Queria sugerir algo mais interessante para fazermos. Algo que fizesse com que nossos diálogos fossem de "Você já molhou a areia?" e "Posso colocar uma bandeirinha no topo?" para "Qual sua concha favorita?", "Qual a sua idade?" ou "O seu cabelo é muito bonito". Qualquer coisa que me fizesse conhecê-lo melhor e elogiar os seus cachos, pelos quais eu estava fascinado.

E como na primeira vez, Finn tomou a iniciativa.

— Você quer passear comigo na praia de noite? É muito bonito.

— "De noite" que horas? — Perguntei com animação no tom de voz.

— Onze. Tudo bem pra você?

Meu entusiasmo foi barrado por aquele simples número.

— Onze? É muito tarde para sairmos sozinhos, minha mãe não vai deixar!

— O meu vô também não deixa, mas eu saio escondido.

Apenas com isso poderia dizer que o garoto era um pedaço de mal caminho, literalmente. Mas ele ainda havia muito o que me mostrar para apenas confirmar diversas vezes esse pensamento.

[...]

Faltavam dez minutos para as onze e eu ainda estava balançando os meus pezinhos a alguns centímetros de distância do chão, sentado na cama, pensando se aquilo não era muito cruel a se fazer com mamãe. Mas era só ela não descobrir, não era? Não sentiria falta do seu filho por alguns minutos. Ou talvez horas, não sabia até onde eu e Finn caminharíamos.

— Jack! Estou aqui embaixo! – Um murmúrio vindo do lado de fora da janela me chamava.

Fui correndo até o vidro e levantei-o, permitindo uma visão do meu amigo na fileira estreita de gramado que separava o meu sobrado do dele. Estava de pijama assim como eu, com uma lanterninha do batman na mão. Fiz um sinal com a mão aberta para me esperar, vesti um casaco por cima da blusa de pijama e desci as escadas na ponta do pé, sendo sutil a cada movimento para não fazer nenhum barulho e chamar a atenção dos meus pais.

— Para onde vamos? – Perguntei após ser cumprimentado com um beijinho na bochecha.

— Caminhar por aí.

Finn segurou a minha mão e começou a me guiar até um local específico que tinha em mente. Entrelaçando nossos dedos, pude perceber que suas unhas eram pintadas pela metade de amarelo. Ele me disse que o avô dele que pintava, pois sentia saudades de pintar as unhas da filha.

No caminho conversamos sobre diversos assuntos, e pude descobrir mais sobre ele. Finn Jolivet, um garotinho de dez anos que morava com o avô numa casa em plena Pfeiffer Beach, California, desde a barriga de sua mãe. A mesma infelizmente foi levada para sempre pelas ondas do mar, primeiro quando afogou-se nele, e depois quando suas cinzas foram arremessadas nele.

Ele gostava muito de jogar bola, comer, surfar e contar conchinhas – as últimas duas atividades resumiam as suas férias inteiras. Não conversamos sobre escola pois o recesso escolar era como uma segunda vida totalmente diferente de quando estudamos, e nela o assunto colégio não pode ser tocado em momento algum!

Eu contei a ele que não sabia surfar, e recebi o convite para uma aula de surfe do "Professor Finn". Também disse que poderia ensiná-lo a andar de skate em troca, já que trouxe o meu na viagem.

— Vem, é por aqui. – Finn puxou levemente o meu braço para que eu mudasse o rumo e adentrasse uma trilha no meio do mato, ao lado da praia.

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os comentários de vocês boiolando me fazem sorrir pro celular que nem boba.

𝐀𝐒 𝐄𝐒𝐓𝐑𝐄𝐋𝐀𝐒 𝐌𝐄 𝐂𝐎𝐍𝐓𝐀𝐑𝐀𝐌, 𝗳𝗮𝗰𝗸Onde histórias criam vida. Descubra agora