Uma ultima viagem

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      A guerra havia acabado, e eu finalmente poderia voltar para a minha terra natal na Sardenha, finalmente poderia ver minha família, finalmente poderia voltar a viver minha vida tranquila e tudo isso a uma viagem curta de navio de distância, uma viagem que eu fazia tranquilamente. Iríamos atracar no Porto Torres logo pela manhã, e eu queria ver a chegada.
     Acordei cedo, me vesti e sai da minha cabine, foi até o convés, o Sol já havia nascido, e o mar estava bem visível, fui em direção a proa do navio para ver a chegada, e para minha surpresa eu não era o único lá... na verdade, quase todos os passageiros estavam ali, encarando o horizonte em uma pequena multidão quase silenciosa com apenas um ou outro murmúrio entre eles. Ao chegar mais perto notei a expressão de horror nos rostos dos presentes, e ao olhar para direção onde todos olhavam e onde deveria estar minha terra natal estava apenas um nevoeiro grosso que surgia distante no mar. Encarei a o nevoeiro por um tempo e notei algo de estranho, algo havia se mexido... ou melhor... algo grande havia se mexido, afinal estávamos a dois quilômetros da costa e ele era totalmente visível, parecia um braço... um tentáculo, mas era difícil de identificar o que era... mas era imenso. Pouco depois ouvimos um som alto que parecia de uma baleia, só que mais estridente e que vinha da direção da ilha que atracaríamos, mas o pior depois mesmo foram os estrondos que vieram depois... eu já os conhecia... todos os conheciam... eram disparos de canhões vindo do nevoeiro, o horror aumentava cada vez mais entre os passageiros que só podiam observar.
    Já fazia mais de 40 minutos que os últimos sons saíram do nevoeiro, e estávamos a poucos metros do porto para atracar... o nevoeiro se dissipou rapidamente... e nada havia mais lá... apenas o rochas estilhaçadas e algumas embarcações danificadas que mau conseguiam se manter sobre o mar... não havia fogo, não havia fumaça, não havia mais casas, não havia animais, não havia ninguém... apenas silêncio... a minha terra natal... havia sido totalmente destruída... não era possível... não podia ser verdade... não havia nada além de rochedos deformados e restos de madeira e outras coisas que boiavam ao lado das embarcações fantasmas.
     Encarávamos em choque a cena até que um marinheiro trêmulo chamou nossa atenção e disse:

-O...o capitão... ele confirmou as coordenadas... não acredito mas aparentemente chegamos a Sardenha... p... pedimos para que mantenham a calma... nesse momento tentamos estabelecer contato com alguém que saiba o... o que houve...

    Hoje, um mês depois do evento sei que ele ocorreu por umas das criaturas que agora... não... que já habitavam entre nós enquanto nos distraiamos com "A Guerra que acabaria com todas as guerras".

O mundo mortoOnde histórias criam vida. Descubra agora