Do Saara ao inferno

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   Estávamos em uma longa travessia que começará no Sinai recém conquistada pelos britânicos, e que acabaria em uma pequena cidade ao norte da Nigéria, para isso cruzamos o grande deserto do Saara. A viagem era muito exaustiva pelo calor infernal do dia e frio congelante da noite.
    Em uma das noites, eu e meu grupo paramos para montar um acampamento para passar a noite, isso já não era novidade para ninguém lá, pois todos sabiam que acampar durante a noite era essencial para a sobrevivência, e já estávamos tão acostumados que o montamos em poucos minutos e fomos todos dormir.
    No meio da noite despertei do meu sono com ruídos de mastigação vindos do meu lado, eu olhei e vi um de meus colegas deitado normalmente, mas havia outra coisa ali, então eu acendi o lampião e aproximei dele, e era horrível: uma criatura tão pequena quando um bebê de forma quase humana com braços e pernas extremamente esqueléticos, pele negra, dentes garras e olhos em um branco mais claro do que qualquer coisa que eu já havia visto, rosto humanoide alongado e deformado, uma grande protuberância em suas costas com três tumores menores que brilhavam em um laranja avermelhado, um líquido que parecia lava escorria entre seus dentes afiados e suas garras eram tão grandes e afiadas quanto os dentes. Fiquei paralisado ao ver que tal criatura havia devorado ambos os pés e a mão esquerda de meu colega, e que procedia para comer a outra, então discretamente peguei a faca de minha mochila e rapidamente a atravessei nas costas da criatura que berrou em um berro agudo e inumano, o mesmo líquido que escorria de sua boca vou em direção ao meu braço causando diversas queimaduras. Ela fugiu correndo da tenda com a faca ainda enfiada em suas costas, noite que meu amigo não tinha acordado, então o acordei, e assim que ele notou a ausência de seus membros ele começou a gritar em pânico, e com isso os outros no acampamento acordaram também gritando de terror, quando sai da tenda, eu vi várias dessas criaturas sairem correndo das tendas. Das pessoas que ainda tinha pés para caminhar pelo trajeto do Saara só restava eu e outras duas pessoas, e tivemos que amarrar nossos companheiros aos camelos para levá-los a algum lugar próximo.
As queimaduras no meu braço fazem eu lembrar desse terror todos os dias.

O mundo mortoOnde histórias criam vida. Descubra agora