CAPÍTULO 2

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Sem revisão

RAFAEL

Saí da sala de reunião , por volta das onze e meia. A conversa com os clientes perduraram mais do que planejado. Entrei na minha sala e me joguei na cadeira, olhando para o copo do cappuccino que parecia debochar da minha cara.

─ Ela é tão instigante, que chega a incomodar. ─ Segurei firme no copo pronto para me levantar e ir até a copa, esquentar aquele líquido, quando Genilda entrou com alguns papéis nas mãos.

─ Encaminhei o relatório do cliente de ontem no seu e-mail. Preciso da sua assinatura nesses papéis. ─ esticou-os na minha direção.

─ Certo. Sabe aquela mulher que já foi casada com o vereador?

─ Sei. O que tem?

─ Vamos ter nossa primeira audiência amanhã. Farei aquele babaca, se arrepender de tê-la humilhado.

─ Vai conseguir. – Genilda sorriu para mim e encarou o copo na minha mesa, indicando com um leve aceno de cabeça. ─ Me dê que jogo fora.

─ Ainda não bebi, estava indo agora na copa para esquentá-lo.

─ Eu faço, aproveito e trago o meu para você beber.

Encarei-a confuso.

─ Fiz tanto esforço para trazê-lo para você.

─ Agradeço sua gentileza, mas eu não gosto de café. Não suporto nem o cheiro. ─ sorriu parecendo tirar sarro da minha cara e pegou meu copo ─ Vou esquentar, pela hora que chegou deve estar gelado.

─ Não sabia que não gostava de café.

─ Relaxa, Rafael. Se te consola, eu amei o bolo.

─ Sei que não resiste à um chocolate.

─ Isso é verdade.

─ Então dá próxima vez, trago um chocolate quente para você.

Genilda saiu da sala, me deixando sozinho com os papeis em minha mesa. Aproveitei para assiná-los, talvez assim me fizesse esquecer um pouco da minha manhã.

Liguei o som no meu computador e deixei que músicas clássicas enchesse o ambiente, enquanto eu mergulhava no mundo profissional que exercia. Minutos depois, Genilda voltou com os dois capuccinos, porém servidos em uma xícara grande gravado com meu nome.

Nas horas que se seguiram, esqueci-me do que me levara a chegar atrasado e consegui concluir a agenda, esgotando-me por inteiro, após a última reunião do dia. Quando finalmente cheguei em casa, fui agraciado pelo cheiro de comida. Apostaria com quem fosse que a Norma, ainda estava na cozinha, inventando alguma coisa. Ela veio trabalhar comigo, desde que Gael foi largado no altar. Para não demiti-la, meu amigo pediu que eu mantivesse Norma, na minha casa. Nunca havia cogitado ter uma cozinheira, mas desde que ela chegou, não cogitava larga-la. Meu amigo agora, teria que se virar para encontrar outra cozinheira para ele.

Larguei a pasta em cima do sofá e fui até a cozinha, onde o cheiro estava ainda mais aguçado.

─ Meu Deus, Norma. Estou sentido esse cheiro da porta.

─ Estou fazendo uma sopa.

Aproximei-me do fogão e inspirei mais o cheiro.

─ Estou salivando.

─ Vá tomar um banho e venha comer. Já está quase pronta.

─ Volto em dez minutos. ─ pisquei o olho para ela e saí dali, partindo para meu quarto que ficava no segundo andar.

Arranquei os sapatos assim que entrei no quarto e apressadamente, para me alimentar, entrei no banho. Fechei os olhos, ao sentir à água molhando meus cabelos e pude-me lembrar do raio de sol que iluminava a Love Story.

Saí do banho decidido a falar com ela no dia seguinte, talvez toda minha paranoia, era só porque eu ainda não tinha sido atendido por ela.

Voltei para cozinha e encontrei Norma, colocando a sopa para mim e depois a dela. Ela dormia em casa de segunda a quinta, somente na sexta que ia para casa, que ficava num bairro muito afastado.

─ Como está Gael? ─ a pergunta dela sempre me fazia sorrir.

─ Diria que apaixonado.

─ Então o seu plano de alugar o apartamento para uma mulher realmente deu certo?

─ Sim. No inicio fui xingado, mas sabe que entrava por aqui e saia por aqui. ─ apontei para meus ouvidos sorrindo. ─ Gael foi resistente no início, mas não conseguiu resistir por muito tempo aos encantos de Maria.

─ Naquele dia que jantou aqui, e pediu para levar comida para duas pessoas, imaginei que ele estava cedendo.

─ Cedeu ao ponto de estar namorando, Nó. Conseguimos fazer nosso amigo, voltar a sorrir. ─ segurei na mão dela, por cima da mesa.

─ Graças a Deus. Aquela Rebeca, nunca mereceu ele. Confesso que fiquei aliviada, por ela não ter aparecido no altar. Era melhor sofrer daquele jeito, do que depois de casado.

─ E não adiantava a gente alertá-lo. Mas agora, Gael tem a Maria, e ela é uma mulher incrível.

─ Espero não demora-la de conhecer. E você, meu filho?

─ O que tem eu, Norma?

─ Quando firmar um relacionamento com alguém?

─ Assim que encontrar esse alguém, Norma. Diferente de Gael, não tenho medo de me relacionar ou do futuro, essa pessoa, só ainda não apareceu, mas do dia que aparecer, vou querer na minha casa todos os dias.

Ela gargalhou levantando-se e retirando nossos pratos.

─ Não assuste a garota que namorar, deixar livre muitas vezes é a melhor opção e outra... só vive todos os dias na mesma casa, quando se casa. A parte deliciosa do namoro, é a expectativa de rever, depois de algum tempo sem ver. ─ piscou o olho e colocou uma xícara de chá na minha frente.

─ Enquanto não tenho ninguém, fico livre entre uma e outra.

─ Vocês jovens... ─ balançou a cabeça novamente.

Sorrindo, bebi o chá e antes de sair da cozinha, beijei o topo da sua cabeça, desejando boa noite e subi para o quarto. Meu corpo exigia um descanso, pela correria do dia.

(***)

Fazia uma semana desde que estive na Love Story, não conseguia conciliar meu horários e por Genilda ter voltado de férias estava ajustando algumas pendencias, que tinha ficado da menina que cobriu ela, exigindo assim, um pouco mais de mim. Mas hoje, passaria lá no meu horário de almoço, queria vê-la, nem que fosse de longe.

─ Vou almoçar em casa hoje, pretendo não voltar. Mas se precisar, é só ligar ─ passei por Genilda e tamborilei os dedos na mesa dela.

─ Certo. Ah! Chegou esse envelope da empresa de Gael, agora a pouco.

Peguei o envelope e o abri, era apenas uns documentos para meu amigo assinar.

─ Deixe na minha sala, amanhã resolvo. ─ concordou balançando a cabeça e recebendo o envelope de volta.

Era verdade que almoçaria em casa, mas antes passaria em um lugar e foi assim que saí do escritório com uma única certeza.

Hoje à veria, e mesmo que algo desse errado para que eu fosse atendido por ela, faria questão de chamá-la. 

RAFAEL - ( DEGUSTAÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora