CAPÍTULO 4

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Sem revisão

RAFAEL

Estava passando pela frente da Delicatessen no momento que à vi saindo. Parecia perdida em seu mundo. Resolvi seguir dirigindo devagar, porque a forma dela correr pela calçada no meio da chuva sem nenhuma proteção, me intrigou. Foi quando à vi, caindo de joelhos que freei bruscamente, pouco me importando com quem viesse atrás de mim.

Corri até aquela ruiva, agora chorando em meio a chuva numa calçada suja e envolvi meu paletó. Uma raiva desconhecida tomou conta de mim, por vê-la naquele estado. Talvez até a cidade tenha percebido a tristeza dela e por isso derramava suas lágrimas do céu.

Catarina era luz. Era sol. O sorriso era a marca registada dela, quem será que fez ele desaparecer?

O olhar que ela me deu, fez com que eu ficasse mais confuso ainda com tudo o que estava sentindo. Ela deixou ser levada por mim sem nenhum questionamento, para meu alívio e desespero, afinal nunca tínhamos conversado. Será que me conhecia?

Confiança!

Ela estava confiando em mim para leva-la dali e como não quebrou seu silêncio, dirigi direto para minha casa. Arrisquei-me olhá-la em alguns momentos durante o trajeto, e seu choro tinha cessado, no entanto continuava perdida em seu mundo particular onde o silêncio reinava.

Tive o cuidado de colocar o caro na garagem, para que ela não se molhasse mais, e corri para abri a porta e ajudá-la sair. Catarina aceitou minha mão, e tomei a liberdade de abraçar sua cintura para ajudar a entrar em casa. Norma deveria ter estranhado o barulho na porta, pois quando fechei, ela apareceu correndo para sala com um pano na mão.

─ Rafael... ─ encarou a situação e conteve o passo. Tanto eu, como Catarina estávamos molhados. ─ Precisa de alguma coisa?

─ Por enquanto não. Obrigado, Nó.

─ Sim, Senhor! ─ Encarei-a por breve segundos, ela sabia que não gostava de ser chamado assim, mas fazia na frente de visitas. Voltei minha atenção a Catarina e subimos para o quarto.

A ruiva não falava nada o que me deixava nervoso. Não sabia o que tinha acontecido, mas se saiu correndo do local que trabalha, com certeza aconteceu alguma coisa por lá.

Sem hesitar abrir a porta do meu quarto. Poderia ter levado para o de visitas, mas não teria toalhas disponível e Catarina precisava se secar. Sem me importar se molharia minha cama, a posicionei para que se sentasse na ponta e caminhei até o banheiro, peguei a toalha. Peguei também uma camisa minha e um short.

─ Você precisa se secar e se trocar. Vá até o banheiro e me dê sua roupa para colocar na secadora.

Catarina voltou a me encarar e seus olhos voltaram a lacrimejar. A mulher não chorou em nenhum momento no caminho, por que faria agora?

─ Obrigada. ─ sussurrou segurando minha mão.

Toda aquela situação era estranha, inclusive a forma que meu corpo reagia a ela. Encarei sua mão na minha, afinal ela não soltou e tentei levar para o lado profissional de que ela queria falar algo a mais.

─ Quer me contar o que aconteceu?

Apesar de ser advogado, muitas vezes exercia o papel de psicólogo, pois precisava entender meus clientes, para mergulhar nos casos de cabeça.

─ Não quero mais voltar para lá. ─ Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, fazendo com que soltasse minha mão para limpar rapidamente. ─ Droga! Não deveria chorar.

─ Vá trocar de roupa, ou poderá ficar doente. Depois conversamos.

─ A toalha basta. Seu blazer impediu que eu ficasse mais molhada. Obrigada mesmo.

RAFAEL - ( DEGUSTAÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora