CAPÍTULO 3

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Sem revisão


CATARINA

Trabalhar na cafeteria era prazeroso. Muitas vezes o cansaço batia, mas ter amigos alegres e compreensivo, compensava. Ainda tinha os clientes, que eram um amor e as senhorinhas da vizinhança que me fazia rir com diversas histórias.

Amava trabalhar naquele local.
Conectei-me ao ambiente e as pessoas, desde o primeiro dia. Não me importava se os clientes chegavam de mal humor, sempre dava um jeito para saírem sorrindo. Menos um em questão: Gael.

Ele morava próximo, e a maioria das vezes fazia seu pedido por telefone e apenas Leo, levava. Ninguém mais poderia fazer esse serviço. Palavras do vizinho bonitão, então quando Leo, estava de folga, ele nem fazia o pedido. Foram poucas as vezes que o vi por aqui. Mas a presença dele passou a ser constante depois que uma nova pessoa chegou na vizinhança. A encantadora e sorridente, Maria.

Em pouco dias, tornamo-nos amigas. Nossa conexão era estranha, pois sentia que há conhecia a tempos. Logo inseri ela no meu ciclo de amizade, que era o Leo e Ruy, ambos trabalhavam comigo.

E ao passar dos dias, vi o vizinho bonitão cair de amores pela vizinha bonitona. E agora vendo eles entrarem na Delicatessen de mãos dadas, meu sorriso cresceu, pois finalmente eles tinham assumido o romance que só eu enxergava.

Ao menos uma coisa boa, naquele dia de merda que estava sendo no trabalho. Na verdade, os dias de merda vinha acontecendo há um mês, desde que o gerente Cézar, foi transferido para a Cafeteria. O homem resolveu pegar no meu pé. Ele conseguia me subordinar de uma forma que me deixava confusa e acreditava que eu realmente estava errada.

Acenei para Maria e ainda com o sorriso no rosto,  fiquei assistindo a interação deles, depois de Léo ,  levar o pedido.

Eles eram lindos juntos. Amava aquele casal. No fundo sentia feliz e realizada por ver os dois felizes. Principalmente por ver Gael sorrindo, já que o homem era um mistério e tão sério.

Minha paz foi interrompida quando, saí rapidinho do caixa para fazer um lanche e me esbarrei no Cézar na área restrita aos funcionários. O suco que tinha nas mãos caiu no chão, derramando um pouco nele.

Dei risada internamente. Confesso que já tive vontade de jogar um copo de suco na cara dele, quando reclamava que eu conversa demais com os clientes.

─ Você é cega? ─ Esbravejou pisando no líquido espalhado pelo chão, sujando ainda mais o local.

─ Desculpe. Realmente não te vi.

─ Se anda com a cabeça no mundo da lua. Pegue logo uma pano e limpe essa merda de sujeira.

Peguei o copo do chão e caminhei apressada para pegar os materiais de limpeza.  Deixei o salgado em cima da mesa que tinha ali, para lanches rápidos como aquele e joguei o copo no lixo antes de voltar para o local. Para meu desespero, Cézar ainda estava parado no mesmo local, tentando limpar a camisa.

─ Seja rápida, ou não vai dar tempo de lanchar.

─ Leo está de olho no caixa para mim.

─ Mas gastará tempo demais sem estar trabalhando. ─ Encarei-o incrédula. Eu odiava aquele homem.
Contento a raiva, e concentrando para não chorar,  me ajoelhei e passei o pano no local sujo, lavando-o no balde e voltando a limpar. Cézar parecia fazer de propósito ao ficar caminhando entre resquícios do suco para locais limpos. Engoli o nó que se formou em minha garganta e lembrei-me que eu precisava do salário de todo mês, para comer e pagar meu aluguel, já que resolvi levar uma vida independente, morando longe dos meus pais.

Quando estava terminando de limpar, vi o exato momento que algum molho vermelho caiu no chão, apenas olhei para cima e vi o sorriso de merda daquele homem.

─ Foi quem querer.

─ O que eu fiz para você me tratar assim? ─ minha voz saiu alta do que gostaria.

─ Eu já disse que foi sem querer. ─ Aproximou e tocou meu rosto, repúdio foi o que senti ao tê-lo tão próximo de mim. Puxei minha cabeça para trás e voltei a limpar.

─ Pare de caminhar pela sujeira! ─ gritei, sem encará-lo.

─ Abaixe seu tom de voz, sou seu superior deve fazer tudo o que eu mandar. E se reclamar,  farei você limpar minha camisa sem tirar do meu corpo. Sabe que a culpada foi você.

─ EU JÁ TE PEDI DESCULPAS!

Precisa do emprego!

Aquela frase ecoou em minha mente. Fechei os olhos com força,  fazendo com que as lágrimas escorressem em meu rosto. Assustei-me com uma voz alta e grave. Aproveitei a interrupção de alguém e me levantei, dando de cara com Maria e Gael. Ainda com as lágrimas rolando em meu rosto, arranquei as luvas e joguei-as no chão.

─ EU ME DEMITO! ─ gritei, libertando toda raiva. Cézar não era meu chefe, mas agora ele que lidasse com minha demissão.  Não ficaria nem mais um segundo trabalhando com ele. Ignorei a presença da minha amiga e caminhei para fora da sala, seguindo em direção a saída da delicatessen e ignorando também meus amigos me chamando. Depois voltaria para pegar minha bolsa. Naquele momento,  eu só precisava respirar ar fresco.

─ Cat!

─ Me deixa, Leo. Não quero que ninguém venha atrás de mim.

A chuva fina bateu em meu rosto, misturando com lágrimas. Corri para longe e me vi tropeçando, parei um pouco e me ajoelhei, deixando que o choro viesse livre.

Mãos envolveram meus ombros, tive força apenas para olhar quem era, e quando meus olhos encontraram aquele par de olhos claros, deixei que me levasse pois já o tinha visto na cafeteria algumas vezes,  dentre elas acompanhado de Gael.

Ele me ajudou a levantar, colocou o blazer em mim e me abraçou, levando-me em direção ao carro, enquanto escutava alguém gritando pelo meu nome. 

Apenas ignorei, deixei que aquele anjo da guarda me levasse para um lugar seguro.

RAFAEL - ( DEGUSTAÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora