CAPÍTULO VII

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Não muitos dias depois disso, em uma suave e ensolarada manhã – ainda mais agradável para caminhar, pois o último cair de neve apenas se dissipara, deixando ainda uma leve cobertura, aqui e ali, protelando-se na fresca grama verde por entre as sebes; mas, já além delas, as jovens prímulas desabrochavam de sua folhagem escura e úmida, e a cotovia acima cantava o verão, e de esperança, amor e todas as demais coisas divinais – eu estava na encosta da colina, apreciando tais delícias e vigiando o bem-estar de meus jovens cordeiros e suas mães quando, olhando ao redor, vi três pessoas subindo pelo vale abaixo de mim. Eram Eliza Millward, Fergus e Rose; então atravessei o campo para encontrá-los e, ouvindo que iam para Wildfell Hall, declarei minha vontade de acompanhá-los e ofereci meu braço para Eliza, que rapidamente o aceitou em detrimento do de meu irmão, e disse ao último que ele poderia regressar, pois eu iria com elas.

'Peço que me perdoe', ele exclamou. 'São as damas que me acompanham, e não eu a elas. Todos vocês viram esta maravilhosa estranha, mas não eu, e já não posso suportar mais minha desgraçada ignorância – aconteça o que for, deverei ser atendido; então implorei para que Rose viesse comigo até a casa e me apresentasse a ela de uma vez. Ela jurou que não iria, a menos que a Srta. Eliza fosse também; então, corri até o vicariato para buscá-la; e viemos juntos por todo o caminho – tão apaixonados quanto um casal de amantes – e agora você quer tomá-la de mim; e quer me privar de minha caminhada e mais, de minha visita. Volte para a sua lavoura e para o seu rebanho, tosco companheiro; você não é apropriado para se juntar a damas e cavalheiros como nós, que não temos nada para fazer além de sairmos desprezando as casas de nossos vizinhos, espiando em seus recantos privados e farejando seus segredos, e criticando-os quando não somos atendidos imediatamente – você não compreende tais refinadas fontes de entretenimento.'

'Vocês não podem ir juntos?', sugeriu Eliza, desconsiderando a última metade do discurso.

'Sim, ambos, certamente!', exclamou Rose; 'quanto mais gente, mais feliz – e estou certa de que queremos toda a alegria que podemos trazer conosco para aquela grande, escura e lúgubre sala, com suas estreitas janelas com treliças e sua ínfima e velha mobília – a menos que ela nos mostre seu estúdio novamente.'

Então, partirmos em um só corpo; e a magra e velha criada, que abrira a porta, nos conduziu para um cômodo tal como Rose o descrevera como a cena de sua primeira visita à Sra. Graham, uma sala razoavelmente espaçosa e alta, mas pobremente iluminada pelas antiquadas janelas, o telhado, os painéis e a chaminé – peça feita de um austero carvalho negro – a última, trabalhada porém gravada com não muito bom gosto – com mesas e cadeiras combinando, uma velha estante ao lado da lareira, recheada com uma heterogênea seleção de livros e um antigo piano de gabinete do outro lado.

A dama estava sentada em uma cadeira tesa e de costas elevadas, com uma pequena mesa circular, tendo uma escrivaninha com uma cesta de costura a um lado e seu garotinho do outro, que apoiava seu cotovelo em seu joelho e, lendo para ela, com maravilhosa fluência, um pequeno volume no colo dela; enquanto ela descansava sua mão no ombro dele e brincava distraída com os longos e ondulados cachos que caíam em seu pescoço de marfim. Eles me surpreenderam, como se formassem um agradável contraste a todos os objetos ao redor; mas, de fato, suas posições imediatamente mudaram com a nossa entrada. Pude apenas observar o quadro durante os poucos e breves segundos em que Rachel abrira a porta para a nossa entrada.

Não acho que a Sra. Graham ficou particularmente encantada ao nos ver: pois havia algo indescritivelmente frio em sua civilidade calma e quieta; mas não conversei muito com ela. Sentando-me próximo à janela, pouco atrás do círculo, chamei Arthur para perto, e ele, eu e Sancho passamos momentos agradáveis juntos, enquanto as duas jovens damas atormentavam sua mãe com banalidades e Fergus sentava-se do lado oposto, com suas pernas cruzadas e suas mãos enterradas nos bolsos traseiros, recostando-se na cadeira e olhando uma hora para o teto, outra diretamente para a nossa anfitriã (de uma maneira que me inclinou fortemente a expulsá-lo da sala), depois assobiando baixo para si mesmo um trecho de uma canção popular, então interrompendo a conversa ou preenchendo uma pausa (como deveria ser o caso) com alguma pergunta ou observação impertinente. Em um determinado momento, disse – 'Surpreende-me, Sra. Graham, como você pôde escolher uma casa assim tão velha, frágil e dilapidada, para viver. Se você não pode ocupar a casa inteira e a tem toda remendada, por que não foi morar em uma cabana pequena e limpa?'

A moradora de Wildfell Hall (1848)Onde histórias criam vida. Descubra agora